sexta-feira, 30 de outubro de 2020

PATO MANDARIM


 

MOA WALLIN


 

CHIQUEIROS PÚBLICOS

 CHIQUEIROS PÚBLICOS

 


Quando eu era criança, bem pequeno, aprendi uma lição extremamente importante, que ainda tenho em mente mesmo após tantos anos. Lugar de lixo é na lixeira!

Infelizmente, nos dias de hoje tal ensinamento parece ter sido quase que completamente esquecido.  Imagino que os pais, professores e outras pessoas mais velhas não estejam transmitindo tal mensagem para as novas gerações. Talvez os jovens de hoje não se importem com sujeira exposta por toda parte.  Porém, o que importa é que nossas ruas estão cada vez mais imundas, repletas de dejetos de todos os tipos.

O que mais me causa espanto é ver pessoas a bordo de seus veículos importados e blindados, de suas caminhonetes e utilitários, de suas super motos, muitos deles jogando fora latas de refrigerante ou cerveja, pontas de cigarro, papéis, embalagens de alimentos e todo tido de lixo em nossas ruas. Quem é que já não foi (ou quase foi) atingido por um petardo arremessado por tais motoristas irresponsáveis?

É inadmissível que alguém que conduza uma BMW ou Audi tenha tal atitude tão desrespeitosa! Alguém que tem dinheiro para possuir um veículo deste porte teve condições de estudar nos melhores colégios, de aprender boas maneiras, de ser devidamente socializado. Não há desculpa para tal desprezo para com o espaço público e com os bens de toda a sociedade. As ruas são de todos, assim com as praças, os parques, os monumentos, as praias, enfim, todos existem para serem usados pelo povo, que tem a obrigação de mantê-los limpos para o bem-estar da comunidade.

O fato de um indivíduo ter uma situação financeira privilegiada não significa que necessariamente será mais bem-educado ou mais respeitoso com os bens e espaços públicos. Todos nós já vimos pessoas humildes, pobres ou até mesmo mendigos, jogando lixo nas lixeiras. Nem todos que possuem contas bancárias bem recheadas tem a mesma atitude, mas deveriam ser os primeiros a respeitarem e a manterem nossas cidades limpas.

Porém, poucas coisas me causam tanto repúdio e nojo como as malditas feiras de rua. Os feirantes brasileiros atuam como verdadeiros seres predadores. Invadem um local público, interditam ruas, cobrem completamente as ruas com suas inúmeras barracas, fazem uma baderna absurda, enlouquecem os moradores vizinhos da feira com o barulho que fazem e, por fim, ao irem embora deixam um “presente” para toda a vizinhança: a rua completamente imunda, coberta de restos de alimentos e detritos.

O mais surpreendente de tudo é que a maior parte das feiras públicas tem o aval e autorização para funcionamento dado pelas prefeituras de nossas cidades, pois são fortemente influenciadas pela pressão das associações de feirantes, além dos casos em que propinas são recebidas para dar um status legal à tais chiqueiros públicos.

Quem tem a infelicidade de morar numa rua onde ocorre feiras semanais sabe exatamente do que estou falando. Não podem entrar ou sair de seus imóveis quando bem entendem, pois com as ruas interditadas, somente uma bicicleta consegue sair de uma garagem. Imagine todas as pessoas doentes, que precisam de repouso, descanso ou, até mesmo, precisam se dirigir imediatamente à um hospital em casos de emergência. Tais pessoas correm o risco de morrerem, pois uma ambulância jamais conseguirá passar por entre centenas de barracas de feiras e contornar outros tantos caminhões de frutas e verduras estacionados irregularmente nas cercanias.

Isso é mais uma faceta infeliz do cotidiano do brasileiro. Resultado de um governo absolutamente incompetente, em todas as esferas, e de um povo que não se mobiliza para exigir seus direitos. Os moradores de ruas “invadidas” tem todo o direito e a obrigação de apelarem à justiça, aos veículos de comunicação para expulsarem tais invasores de suas ruas, e lutarem pelo direito de ir e vir, de poderem entrar e sair de seus imóveis à qualquer hora, e não a terem de deixar seus veículos fora da garagem de véspera, para poderem sair de casa depois da chegada dos “invasores”.

Os lixeiros que limpam a imundície deixada pelos feirantes invasores são pagos por todos nós, cidadãos que pagamos nossos impostos. Por que devemos deixar nosso dinheiro ser usado para limpar a sujeira que pessoas irresponsáveis vem fazer bem longe de suas residências? Falta mais uma vez uma mobilização da sociedade brasileira para resolver essa e tantas outras questões que continuam ocorrendo no Brasil por causa de nosso conformismo e acomodação.

Nos calamos perante a esse e tantos outros absurdos. Portanto, damos nosso consentimento para perpetuá-los.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

OS KAMIKAZES DO ASFALTO

 OS KAMIKAZES DO ASFALTO




Eles surgem de toda parte, de lugares improváveis, inimagináveis. Num instante, você está à salvo, no outro, eles estão todos ao seu redor, deixando-o cercado, sem saída.

Não, não me refiro a nenhum inseto ou animal predador. Trata-se da mais nova praga urbana: os Kamikazes do asfalto.

Atualmente as maiores cidades do Brasil estão tomadas pelos motoboys, os mais novos predadores da selva urbana em que vivemos. Em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro, é praticamente impossível sairmos pelas ruas sem nos depararmos com verdadeiros enxames deles, que se movem velozmente por entre carros e ônibus, desaparecendo tão rapidamente como surgiram.

Todo indivíduo com um mínimo de conhecimento da situação do desemprego no Brasil, sabe o quão difícil é para as pessoas menos qualificadas encontrar um emprego, por pior que ele seja.

A queda vertiginosa na qualidade do ensino, tanto público quanto privado, aliada à fatores como o crescimento populacional desordenado, aumento do desemprego, elevação do custo de vida nas metrópoles e as sucessivas crises econômicas do país criaram um terreno fértil para o surgimento desta até então desconhecida profissão: o motoboy.

Milhares de homens e mulheres encontraram nela uma forma de conseguirem o seu sustento, assim como o de seus familiares. No entanto, a forma com que isso ocorreu é que ocasionou o surgimento de um enorme problema social.

A grande maioria destes indivíduos tem baixíssimo nível educacional e se encontram em situação desesperadora, sendo capazes de tudo para tentar sobreviver. Até mesmo arriscando suas próprias vidas e a de todos ao seu redor.

Ao se tornarem motoboys, encontram uma forma para ganharem algum dinheiro. Porém, devido ao baixo valor de sua remuneração, decidem trabalhar o máximo que podem, a fim de aumentar sua renda mensal.

Tal busca desenfreada é geradora de grandes tragédias. A grande maioria dos motoboys não possui carteira de habilitação para condução de motos, nunca fez nenhum curso de preparação para conduzi-las e, o pior de tudo, não respeita qualquer lei de trânsito existente, as violando sistematicamente a cada dia.

Diariamente, dezenas de pessoas morrem em todo o país devido aos acidentes envolvendo motoboys. Muitas pessoas são atropeladas por eles, ao atravessarem as ruas de nossas cidades, pois a grande maioria dos motoboys desrespeita e ignora os semáforos vermelhos, assim como praticamente todas as leis de trânsito vigentes.

Também não respeitam as faixas de pedestres, avançando em cima dos pedestres que ousam atravessá-las em sua frente.

Arrancam espelhos retrovisores dos veículos parados, pelo simples fato de ali estarem e, segundo a lógica insana dos motoboys, estarem bloqueando a passagem de seus bólidos por entre minúsculas frestas entre as fileiras de automóveis.

Pobre dos que ousam reclamar dos vândalos sobre duas rodas. Na melhor das hipóteses, são agredidos verbalmente ou até mesmo fisicamente por estes indivíduos. Muitas vezes, motoristas tem seus veículos chutados, arranhados e danificados por enxames de motoboys ensandecidos, sem que a polícia faça qualquer coisa para puni-los e proteger os cidadãos inocentes que estão dentro de seus carros, respeitando as leis de trânsito.

Tal conflito diário gera inúmeras vítimas fatais, tanto motoboys quanto transeuntes e motoristas de carros. Todos lembram da morte trágica de Marcelo Frommer, guitarrista do grupo Titãs, que foi atropelado por um motoboy que, covardemente, o deixou caído no chão, sem prestar qualquer tipo de socorro e o abandonou estirado, caído, até a morte. O que mudou desde então? Infelizmente, nada.

Me pergunto o porquê de os motoboys usarem capacetes. Me parece tão absurdo quanto os Kamikazes japoneses, que partiam para suas missões suicidas com capacetes em suas cabeças. Se todos já sabiam que iriam morrer em suas missões, pois eles mesmos cometiam o suicídio em nome de sua nação e de seu imperador, por que usar capacetes?

Isto se aplica aos Kamikazes urbanos também. Porque usar capacete, visto que agem como suicidas, conduzindo suas motos acima da velocidade permitida, avançando sobre semáforos vermelhos, acelerando suas motos pelas calçadas, andando pela contramão, fazendo ultrapassagens perigosíssimas. Qual é a finalidade do capacete nestas situações? Quem é suicida não precisa de tal acessório.

Lamento que as autoridades brasileiras se omitam completamente em tais situações e deixem os cidadãos totalmente abandonados à mercê de incontáveis infratores que ignoram todas as leis de trânsito e que são responsáveis por milhares de mortes e acidentes que ocorrem todos os anos no Brasil.

Portanto, caro leitor(a), muito cuidado ao sair pelas ruas de sua cidade, pois ninguém sabe onde ou quando ocorrerá o próximo ataque dos Kamikazes do asfalto. Muita atenção, pois nunca se sabe quem será a próxima vítima...

terça-feira, 20 de outubro de 2020

VICTOR VASARELY - AMOR


 

A obra acima, criada pelo genial artista húngaro Victor Vasarely, além de ser profundamente impactante e bela, pode ser interpretada de inúmeras maneiras.

Originalmente, o título da obra é “Amour”, em francês. No entanto, há vários tipos de amor que podemos ver representados na obra em questão. Primeiramente, podemos ver um amor maternal, de mãe para filho, na qual a mãe abraça de forma muito acolhedora seu filho, o protegendo dos perigos do mundo e lhe dando todo seu amor maternal.

Há também a possibilidade de considerarmos a obra como sendo a representação de um casal, não ficando nem mesmo claro se seriam pessoas de sexos opostos ou não. O par de figuras demonstra carinho e atenção com o outro.

Poderíamos também considerar a obra como sendo uma representação da tão desejada harmonia racial, entre brancos e negros. Aqui, há um profundo entendimento, respeito e cuidado com o seu irmão ou irmã de uma outra origem racial.

Para finalizar, poderíamos até mesmo ir mais longe e encararmos a obra como uma representação do clássico símbolo do Yin & Yang, tão populares no oriente. É perceptível que ambas figuras se complementam. Sem uma não existe a outra, exatamente o que é expresso no conceito do Yin & Yang, pois não há dia sem a noite, e vice-versa.

E você, amigo ou amiga leitora, qual interpretação dá à obra aparentemente tão simples, mas tão magistral e rica em significados?


LEONID AFREMOV - BLUE LIGHTS AT NIGHT


 

DAMA DO BARALHO


 

PÁSSARO MULTICOLORIDO


 

LEÃO DORMINDO


 

ALCE BRANCO


 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

AS BRUMAS OURO-PRETANAS

           O Meio Ambiente e as brumas ouro-pretanas

 


Foto de Thiago Perilo




O ano de 2020 tem sido peculiar, difícil, desafiador para todos. Tem sido um ano de muitos acontecimentos. Ansiedade, dor, insegurança e medo à flor da pele. As dificuldades, antes de ganharem as nossas casas, tomaram conta do cenário político, econômico, cultural. Poucos países e poucos setores da economia se safaram desta onda de instabilidade chamada “2020”. Tem sido também em 2020 que soubemos que muitos não acreditam na Ciência, nas pesquisas acadêmicas, nos esforços dos intelectuais e cientistas. Será esse o começo do nosso fim? Ou a salvação está nas cavernas neandertais?

No entanto, minha opinião é que a questão ambiental é, de longe, a que mais se destaca em 2020, e não é pelos melhores motivos...

A começar, a Pandemia do Covid-19 que tem parado o mundo, literalmente, é fruto de um desequilíbrio entre costumes humanos e a natureza. Pouco foi noticiado e consequentemente refletido sobre isso. A maioria dos especialistas se dedicaram (e eu entendo) em explicar a doença de maneira clínica. Era o que de fato interessa aos expectadores. Cidadãos e, especialmente, aos empresários. Sobre a origem da Pandemia e do vírus, foi resumida às especulações e às teorias da conspiração. Portanto, como poderemos evitar que isso volte a acontecer, num futuro (talvez próximo), com um outro vírus qualquer?

Outro triste destaque para o Meio Ambiente teve o Brasil como protagonista: o aumento dos desmatamentos e das queimadas nem nossos mais importantes biomas o Pantanal e a Amazônico. O que isso tem a ver com a Pandemia do Covid-19? Nada. Mas pode ter a ver com futuras pandemias, uma vez que, ainda desconhecemos a maior parte dos vírus e bactérias nessas regiões. E, pode ser que, conheçamos de um jeito negativo/ reativo.




As consequências no Brasil, desse desmonte ambiental (que também escala para a esfera regulatória), estão gravados nas mais elevadas temperaturas experimentadas no mês de setembro de 2020, na má qualidade do ar, no dia que virou noite na cidade de São Paulo por causa da fumaça vinda da Amazônia, nas chuvas torrenciais e irregulares, na estiagem prolongada... cada região do país vivencia essas consequências de um modo.




Amazônia, Pantanal, Chapada dos Veadeiros, Chapada Diamantina, até chegar no Parque Estadual do Itacolomi, em Ouro Preto. Esse é um dos caminhos percorridos pelas chamas.  As consequências ambientais das queimadas e desmatamentos, e como tudo isso vai interferir na nossa qualidade de vida, já sabemos ou ao menos imaginamos. Mas e as consequências turísticas?

Bom existem algumas... Existem as consequências óbvias, especialmente para as Chapadas, que são as próprias atrações turísticas. Os turistas vão para admirar e estar em contato com a natureza. Se a natureza não mais existe, os turistas não vão. Ponto.  Segue-se uma quebradeira de pousadas, hotéis, restaurantes, bares, funcionários do parque etc.

Mas este atual ataque ao Meio Ambiente esconde outras consequências ao turismo. Alguns fenômenos naturais, característicos de algumas cidades ou regiões, que viraram atrações turísticas podem simplesmente desaparecerem. As brumas, por exemplo, que não existem só no lugar imaginário de “Avalon”. Brumas são um tipo de nevoeiro que ocorre em regiões de elevada altitude, cercadas por montanhas vegetadas. É como se fosse um “caldeirão da bruxa” gigante. No estado de São Paulo, vemos (ainda) esse fenômeno em Paranapiacaba.




E as brumas ouro-pretanas? Ah as brumas ouro-pretanas! Elas dão um charme a mais à cidade que já é linda! Cria um cenário misterioso, pitoresco, bucólico. À medida que vai dançando pelas ladeiras, as brumas escondem alguns casarões, revelam outros, e seguem num balé cheio de frescor anuviado de fim de tarde. As pedras das ladeiras cintilam em um dia de bruma, como reflexo das luzes da cidade e da lua. Escurece mais cedo em um dia de bruma. É quase um convite da natureza ao recolhimento, à introspecção.

Estes pequenos espetáculos que despertam tanto, e tantas memórias em nós, podem estar ameaçados pelos impactos ao meio ambiente, decorrentes (ou acelerados) pelas ações humanas. Quero continuar apreciando a grandiosidade delicada de cada um deles: as brumas ouro-pretanas, os lagos azuis turquesa da Chapada dos Veadeiros, as rochas que parecem que foram esculpidas da Chapada Diamantina, e outros tantos que ainda vou conhecer... Por isso, agradeço a quem veio antes de mim, por preservar, e clamo aos meus contemporâneos, para defender o que ainda temos. Avante!

 

Emiliana Fonseca

Brasileira

Ouro-pretana

Engenheira Ambiental

Mestre em Energias Renováveis


2020

bruma

bru·ma

sf

1 Designação genérica da falta de claridade na atmosfera, causada por partículas carregadas pelo ar (poluição, poeira) ou por névoa fina, que comprometem a transparência atmosférica ou anulam totalmente a visibilidade; nevoeiro, neblina, névoa seca.

2 Cerração, especialmente no mar.

3 FIG Aquilo que impede a clareza de visão e/ou de entendimento: As brumas do ódio e da embriaguez deixaram-no cego a quaisquer apelos.

4 FIG Falta de clareza; incerteza, obscuridade, vagueza.

5 FIG Coisa antiga, que se perde no tempo; enigma, mistério, sombra: Vive mergulhado nas brumas do passado.

ETIMOLOGIA

lat bruma.

[Dicionário Michaelis]

GENESIS - A TRICK OF THE TAIL

   ÁLBUNS CLÁSSICOS DO ROCK – VOLUME 6

GENESIS – A TRICK OF THE TAIL


 


FICHA TÉCNICA

ANO DE LANÇAMENTO

1976

PRODUZIDO POR

DAVID HENTSCHEL

MÚSICOS PRINCIPAIS

TONY BANKS – PIANO, SINTETIZADOR, ÓRGÃO, MELLOTRON, BACKING VOCALS, VIOLÃO DE 12 CORDAS

STEVE HACKETT – GUITARRA, VIOLÃO DE 12 CORDAS

MIKE RUTHERFORD – BAIXO, PEDAIS TAURUS, VIOLÃO DE 12 CORDAS

PHIL COLLINS – BATERIA, PERCUSSÃO, VOCAL E BACKING VOCAL

FAIXAS 4 E 7 – AUTORIA DE BANKS

FAIXA 2 – AUTORIA DE BANKS E HACKETT

FAIXAS 3 E 6 – AUTORIA DE BANKS E RUTHERFORD

FAIXA 5 – AUTORIA DE BANKS E COLLINS

FAIXAS 1 E 8 – AUTORIA DE BANKS, COLLINS, HACKETT E RUTHERFORD

 

LISTA DE CANÇÕES DO ÁLBUM

1

DANCE ON A VOLCANO

2

ENTANGLED

3

SQUONK

4

MAD MAN MOON

5

ROBBERY, ASSAULT AND BATTERY

6

RIPPLES

7

A TRICK OF THE TAIL

8

LOS ENDOS

 

ORIGENS DO ÁLBUM

Uma das coisas mais difíceis que uma banda às vezes precisa fazer é encontrar um substituto à altura de um vocalista que tenha deixado a banda. Não basta que o novo membro cante bem. É necessário carisma, presença de palco e, acima de tudo, a aceitação dos fãs da banda. Caso contrário, provavelmente a banda não terá um futuro e precisará encerrar suas atividades.

Esse é exatamente o cenário no qual se encontrava o Genesis no final de 1975, quando seu talentoso e carismático vocalista, Peter Gabriel, decidiu deixar a banda para iniciar sua carreira solo. Na mente dos fãs, críticos musicais e jornalistas, Gabriel era o líder da banda, pois ao vivo, ele realmente era o ponto focal das apresentações, com suas máscaras, fantasias, histórias bizarras que contava à plateia e, sobretudo, por sua grande presença de palco.



Quando foi divulgada a notícia de que Gabriel havia deixado o Genesis, imediatamente a banda foi considerada sem condições de prosseguir por todos, exceto por seus membros e pelo ex-vocalista, que conhecia o talento de seus ex-companheiros musicais.

O guitarrista Steve Hackett aproveitou o tempo livre disponível para gravar seu primeiro álbum solo, o qual teve a participação de Mike Rutherford e Phil Collins. O próprio Rutherford trabalhou com o ex-guitarrista do Genesis, Anthony Philips, no primeiro álbum solo deste seu antigo amigo de escola.

Phil Collins usou seu tempo disponível para gravar participações em estúdio para vários artistas e bandas diferentes, criando inclusive um projeto basicamente instrumental do qual faria parte de forma intermitente durante vários anos, a banda Brand X. Já Tony Banks inicialmente começou a trabalhar em um álbum com versões orquestrais de canções do Genesis. No entanto, o projeto não avançou e ele se dedicou a compor para o próximo álbum da banda.

Os membros do Genesis não gostaram da reação da imprensa, crítica e fãs ao presumirem que a banda estaria morta após a saída de Gabriel. Eles sabiam que ele era um membro fundamental ao vivo. No entanto, no estúdio, ele era apenas um dos cinco compositores. Todos os outros integrantes compunham e tinham grande importância no processo de criação dos álbuns da banda, particularmente Tony Banks, que sempre foi o principal compositor do Genesis.

Michael Rutherford & Phil Collins


Ainda sem saber como seria o futuro, a banda chegou a cogitar a seguir em frente criando música instrumental, ideia proposta por Phil Collins. Os outros acabaram achando que seria muito monótono comporem apenas canções instrumentais. Desta forma, decidiram iniciar as gravações do novo álbum, ainda sem saber quem seria o novo vocalista, que teria a quase impossível tarefa de substituir Gabriel, tão querido pelos fãs.

As gravações transcorreram de forma tranquila e rápida. A alta qualidade do novo material era inquestionável. Os músicos tinham estavam confiantes que a banda teria um futuro. Precisavam apenas encontrar alguém que pudesse cantar as canções novas e as antigas ao vivo.

Colocaram um anúncio no famoso “Melody Maker”, procurando um vocalista “estilo Genesis”, sem se identificarem. Receberam mais de 400 fitas de candidatos à vaga. Convidaram muitos para testes no estúdio com a banda. Nessas ocasiões, Phil Collins sempre guiava os vocalistas nas canções antigas e no novo material, pois ele sempre havia cantado junto com Peter Gabriel, tanto ao vivo quanto em várias faixas de estúdio.

Steve Hackett


Infelizmente nenhum dos vocalistas testados agradou a banda. Quase perdendo as esperanças, os músicos se viram em um momento de grande dificuldade, sem saber como deveriam prosseguir.

Steve Hackett havia recebido uma sugestão de Jon Anderson, lendário vocalista do Yes, que o novo vocalista do Genesis já estava na banda: Phil Collins. Segundo Anderson, ele era a escolha óbvia. Além disso, a namorada de Collins na época também lhe disse que ele deveria se candidatar à posição, pois seria algo muito natural para a banda.

Com muita hesitação, Collins foi convencido a se oferecer para fazer um teste no estúdio, cantando as canções antigas sozinho e o material novo, particularmente “Squonk”, uma das mais pesadas do novo trabalho do Genesis. Os outros membros da banda pensavam que Collins seria o vocalista apenas nas faixas mais calmas e românticas, mas que precisariam de um outro membro para encarar as faixas mais pesadas do repertório da banda.



Surpreendentemente, Collins se saiu incrivelmente bem cantando tanto o material antigo quanto o novo, para a enorme alegria e alívio da banda. A decisão foi tomada de que ele seria o novo vocalista do Genesis, pelo menos em estúdio. Ao vivo seria uma outra questão a ser definida, pois Collins insistia em querer continuar tocando bateria no estúdio e ao vivo. Preferia tocar seu instrumento a assumir a posição de vocalista. Na visão dele, seria melhor que a banda contratasse um novo vocalista, para que ele pudesse continuar tocando bateria. Ele não conseguia se imaginar sendo o vocalista e, acima de tudo, ter um outro músico tocando suas partes de bateria ao vivo, o que ele considerava um verdadeiro sacrilégio.

Com o passar das semanas, Collins foi aceitando a ideia de que poderia tentar fazer o papel de vocalista durante a tour promocional do novo álbum, mas que o Genesis ainda deveria procurar um vocalista definitivo.

Durante as sessões de gravação de um álbum da banda “Brand X”, um projeto paralelo de Collins, ele se encontrou com Bill Bruford, famoso ex-baterista do Yes e King Crimson. Bruford o perguntou se já haviam encontrado um novo vocalista. Collins disse que ele seria o vocalista no álbum, mas que ainda não tinha certeza se cantaria pois, para isso, precisaria encontrar um baterista que ele admirasse e confiasse, para que ele tivesse a certeza de que suas partes estariam sendo bem tocadas enquanto ele estivesse cantando. Bruford, que era muito amigo de Collins e muito respeitado por esse se ofereceu para tocar bateria ao vivo na tour promocional do novo álbum. Collins ficou surpreso com o oferecimento, e aceitou a proposta de seu amigo. O problema havia sido solucionado. Collins cantaria ao vivo e Bill Bruford o substituiria na bateria ao vivo, ainda que Collins pudesse tocar com ele durantes as longas passagens instrumentais do repertório do Genesis.

Bill Bruford


Agora o Genesis estava pronto para iniciar uma nova fase em sua carreira, com um novo vocalista: Phil Collins.

 

ANÁLISE DO ÁLBUM - FAIXA A FAIXA

 

Dance on a Volcano

Essa foi a primeira faixa composta pela banda após a saída de Peter Gabriel. Desde o início podemos sentir que é uma banda que está disposta e ressurgir das cinzas, que não se deixou abater e tem energia e talento para prosseguir. Podemos ouvir músicos confiantes e que há um futuro para o Genesis pós Gabriel.

Inicialmente Steve Hackett não participou da composição da música, pois estava dando os toques finais em seu primeiro álbum solo. Alguns dias depois se juntou à banda e deu a sua contribuição à canção que abria o álbum do Genesis, o sétimo de sua carreira.

Da esquerda para a direita: Michael Rutherford, Phil Collins, Tony Banks e Steve Hackett


É uma faixa majestosa, com todas as melodias clássicas da banda, bastante complexa, além de ser muito poderosa ao vivo. Realmente uma canção de primeira qualidade para abrir o  trabalho mais recente do Genesis e apresentar ao mundo o novo vocalista da banda.

A letra faz um relato de um aventureiro que tenta escalar um vulcão, lutando para não cair e morrer pelo caminho como tantos outros antes dele. Por fim, o protagonista consegue chegar até a cratera onde vê a lava borbulhando dentro do vulcão.

 

Entangled

Desde o início das gravações a banda já havia decidido que Phil Collins cantaria duas canções no álbum: Entangled e Ripples, pois elas eram perfeitas para sua voz suave e delicada, remetendo à For Absent Friends e More Fool Me, que ele havia cantado solo em álbuns anteriores.

Essa é uma das canções mais lindas que eu já ouvi em toda a minha vida, um amor à primeira audição. O próprio Tony Banks declarou que é sua faixa favorita no álbum.

A faixa é conduzida basicamente por 3 violões de 12 cordas, tocados magistralmente por Hackett, Rutherford e Banks. Collins faz uma linda interpretação da letra que trata de hipnose e o mundo dos sonhos.

O arranjo de teclado de Banks é magnífico, complementando perfeitamente as harmonias e melodias criadas por Hackett e Rutherford. Há até mesmo um som de teclado simulando uma voz soprano feminina. No final da canção, Banks usa o Mellotron para criar um som digno de um órgão de catedral medieval. Ao ouvirmos a canção, podemos nos imaginar sentados em um banco de uma antiga catedral ouvindo um coral de anjos cantando.

Realmente “Entangled” é uma daquelas faixas únicas, mágicas, que encantam o ouvinte desde a primeira audição, nos transportando imediatamente ao mundo dos sonhos. Uma obra prima.


                                           O autor e o guitarrista Steve Hackett

 

Squonk

Um das principais canções do álbum. Essa foi a faixa que decidiu o futuro do Genesis. Phil Collins se ofereceu para tentar cantá-la no estúdio, pois era considerada uma das mais pesadas e difíceis. Os outros membros da banda tinham dúvidas se o baterista conseguiria cantar uma canção que não fosse uma balada, pois não tinha uma voz compatível com canções mais pesadas ou agressivas como seu antecessor, Peter Gabriel. No entanto, para a surpresa geral, a interpretação de Collins foi bem recebida e é isso que ouvimos no álbum. Uma banda renascendo.

Tony Bank e Mike Rutherford tiveram a ideia de compor a canção após ouvirem “Kashmir”, do Led Zeppelin, com a qual ficaram encantados. Decidiram que tentariam compor algo inspirado no clássico zeppeliniano, com uma batida forte e pesada na bateria. Collins sempre fora um grande admirador de John Bonham, o incrível baterista do Led Zeppelin. Tentou fazer algo inspirado no estilo do seu colega, mas mantendo sua própria personalidade.

Michael Rutherford


Ao vivo sempre foi uma canção muito bem recebida. Chegou a ser usada na abertura dos shows da tour de 1977, que inclusive trouxe o Genesis para sua única visita ao Brasil, com vários shows que ocorreram no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A bateria de Collins juntamente com os pedais de baixo de Rutherford faziam qualquer arena tremer e deixar os fãs enlouquecidos.

Como a saída de Peter Gabriel do Genesis foi amigável, ele manteve amizade e contato frequente com seus ex-colegas de banda, chegando até mesmo a visitá-los no estúdio quando haviam terminado a gravação de “A Trick of the Tail”. O próprio Gabriel declarou que não tinha nenhuma dúvida que a banda teria muito sucesso após sua saída e que gostara muito do trabalho que eles haviam feito sem sua participação. Afirmou que ele tinha mais confiança no talento da banda do que os seus próprios amigos que haviam permanecido no grupo. Segundo ele, o motivo para tal é que o Genesis sempre havia sido uma banda de compositores e ele tinha certeza de que grandes canções continuariam a ser compostas.



O mais curioso de tudo é que exatamente nessa faixa, quando Collins canta “You better watch out, you better watch out!”, podemos jurar que é a voz de Gabriel que ouvimos, pois ela é completamente diferente da voz de Collins. Será que Gabriel fez uma pequena participação não divulgada no trabalho do Genesis, apenas como uma brincadeira ou a convite de seus amigos? Nunca saberemos a resposta, mas eu sugiro que ouçam tal trecho com atenção e tirem suas próprias conclusões.

A letra da canção conta a lenda de um animal do folclore indígena da região norte de Pensilvânia, nos EUA, onde existiria um animal chamado “Squonk” que era incrivelmente feio e, ao ser capturado por caçadores, ele começava a chorar e derretia, deixando apenas uma poça de lágrimas nas sacas de seus captores.

 

Mad Man Moon

Outra linda canção. Essa foi composta totalmente por Tony Banks quando estava planejando escrever seu primeiro álbum solo, que acabou não ocorrendo na época. É uma faixa melancólica, com influência de música clássica. Collins faz uma interpretação linda e tocante em cima da melodia belíssima criada por Banks.

Tony Banks


Uma das faixas mais introspectivas da coleção e das uma das duas únicas do álbum que nunca foram executadas ao vivo pelo Genesis.

Na letra da canção, Banks relata um caso de amor que não foi bem-sucedido e faz também uma alusão à importância de se equilibrar os contrastes no mundo. O que é considerado bom ou desejável em um local pode ser exatamente o oposto em outro.

Phil Collins declarou que essa foi a faixa mais difícil para ele cantar no álbum, pois a melodia e o tom da canção estavam vocalmente fora de sua zona de conforto. De qualquer forma, ele foi bem sucedido em sua interpretação, com muita personalidade e delicadeza.



 

Robbery, Assault and Battery

Uma canção agradável composta por Tony Banks com letra de Phil Collins. Conta a história de um ladrão que arromba residências e escritórios e, e durante um arrombamento de um cofre ele é pego em flagrante. O criminoso atira na pessoa que o descobre e a mata. Após cometer mais esse crime ele tenta fugir, é perseguido pela polícia, matando um policial e conseguindo escapar da prisão.

Phil Collins


Musicalmente não é nada especial. Se trata de uma canção mediana para os elevados padrões do Genesis, especialmente nesse álbum. Sem dúvida alguma a faixa mais fraca de todas da coleção.

 

Ripples

Essa é mais uma canção maravilhosa, uma das minhas favoritas. Aqui Tony Banks e Mike Rutherford compuseram algo extraordinário. A letra é linda e a melodia mais ainda. A banda usa com grande criatividade e beleza seus instrumentos acústicos, particularmente os violões de 12 cordas. Phil Collins interpreta a canção de forma sublime, com muita emoção, diretamente de seu coração. É praticamente impossível ouvir “Ripples” e não se encantar imediatamente por ela.

Michael Rutherford


Não há dúvida alguma que essa é uma das canções mais belas de toda a longa carreira do Genesis, que é repleta de faixas incríveis. Essa é uma das mais queridas pelos fãs e pela própria banda. O tema da letra é o processo de envelhecimento, o qual nenhum de nós consegue controlar ou parar, além da morte inevitável de todos nós. Embora sejam temas profundos e pesados, a letra os aborda de forma extremamente poética e delicada. Em uma passagem, a letra de Mike Rutherford diz “Essa é a última vez que você terá a aparência que tem hoje.”, enquanto o protagonista se olha em uma poça d’água. Em outra diz: “Anjos nunca sabem que é hora de fechar o livro e graciosamente partirem”. As “blue girls” que são mencionadas na canção se referem às estudantes dos colégios na Inglaterra, pois a grande maioria delas usa uniformes azuis.



Hackett, Rutherford e Banks usam ao máximo suas habilidades musicais, criando melodias e harmonias incríveis, realmente contagiantes, enquanto Collins dá tudo de si na interpretação da letra e em sua atuação sutil, porém firme na bateria. Mais uma obra prima em um álbum repleto de canções especiais.

 

A Trick of the Tail

A penúltima faixa do álbum é fortemente inspirada pelos Beatles, particularmente pelas canções de Paul McCartney. Podemos até mesmo sermos mais precisos e dizermos que essa faixa foi claramente influenciada pelas canções “Getting Better” do lendário álbum “Sgt. Pepper’s Lonely-Hearts Club Band” e “Your Mother Should Know”, do album “Magical Mystery Tour”. O piano e a melodia do vocal nos rementem imediatamente ao quarteto de Liverpool.

Tony Banks


Tony Banks provavelmente compôs esse tema como uma homenagem aos Beatles, do qual ele e os outros integrantes da banda sempre foram grandes fãs. É a canção mais leve e simples do álbum, porém, sem deixar de ser muito bela, bem composta e interpretada por todos os músicos.

A letra conta a história de uma criatura mitológica que tem chifres e uma longa cauda que decide deixar sua cidade em busca de algo novo. Ao chegar ao mundo dos homens é preso e exibido como um troféu, por ser um animal bizarro que sabe falar. Um dia, o animal consegue escapar e convence algumas pessoas a irem com ele de volta ao seu lar. Ao chegar lá, o animal desaparece e deixa os humanos para trás, perdidos.

 

Los Endos

A canção final deste verdadeiro álbum clássico é uma das melhores faixas instrumentais de toda a carreira do Genesis. Aqui, a banda se solta e toca tudo que sabe. A atuação de Phil Collins na bateria e de Mike Rutherford no baixo são particularmente brilhantes. Ao ouvirmos “Los Endos” podemos ter a clara certeza de que todos os integrantes da banda são virtuosos, verdadeiros mestres em seus instrumentos.

Hackett criou o tema principal da canção, que é acompanhado por Banks nos teclados. Enquanto isso, a cozinha de Collins e Rutherford literalmente “quebra tudo”. O tema foi também composto por Collins, que queria inserir uma faixa instrumental no álbum, inspirada no seu trabalho paralelo com a banda “Brand X”, que improvisava muito e tinha um estilo bastante livre de tocar.

Steve Hackett


Durante a faixa, são repassados temas do álbum, como “Dance on a Volcano” e “Squonk”, em outros tons e com andamentos diferentes. Serve como uma espécie de apanhado dos melhores momentos do álbum. No final da canção, Collins canta duas linhas da letra de “Supper’s Ready”, o clássico do Genesis do álbum “Foxtrot”, de autoria de Peter Gabriel, como uma homenagem dele e da banda ao querido amigo que havia deixado o grupo.

Sem dúvida alguma, um final épico para um álbum extraordinário, que conseguiu provar que o Genesis poderia existir após a saída de Gabriel e que Phil Collins era um excelente vocalista, além de exímio baterista.

Phil Collins


A “Trick of the Tail” marcou o início de uma nova fase da banda, na qual foram muito felizes e conseguiram aumentar cada vez mais o seu público e reconhecimento por sua obra.

 

O LEGADO DE “A TRICK OF THE TAIL”

Quando foi lançado, “A Trick of the Tail” foi recebido calorosamente pelos fãs e até mesmo pela crítica, surpresa pela banda ter criado um trabalho de ótima qualidade, mesmo após a saída de Peter Gabriel. O sucesso foi tanto que as vendagens do álbum superaram as de todos os outros anteriores, se tornando o mais vendido do Genesis até então. A repercussão tão positiva do mais recente trabalho deu um novo fôlego e esperança à banda, que teve a certeza de que poderia prosseguir em sua carreira, agora com Phil Collins nos vocais.

Collins afirmou que não tinha preocupações quanto à questão de cantar ao vivo. O que o deixava mais angustiado era o que ele iria dizer à plateia entre as canções, já que seu antecessor era famoso por criar e contar histórias bizarras que entretiam a audiência enquanto os outros músicos afinavam e regulavam seus respectivos instrumentos. No final das contas, Collins adotou uma abordagem mais humorística e acessiva do que Gabriel, que era mais misterioso e enigmático. O sucesso e a aceitação das plateias foi imediato, pois ele já era um membro da banda, que agora havia sido trocado de função, embora ainda continuasse tocando bateria no estúdio e ao vivo, quando não estava cantando.

Os shows do Genesis também se tornaram mais dinâmicos pois ambos Steve Hackett e Mike Rutherford passaram a tocar de pé, pois até então sempre se apresentavam sentados, o que deixava os show um pouco mais monótonos, pois apenas Peter Gabriel se movimentava anteriormente. Agora, na frente do palco havia três músicos se movimentando e interagindo mais com as plateias.



O baterista Bill Bruford, ex Yes e King Crimson, fez um ótimo trabalho na tour promocional do álbum, fazendo jus às gravações originais nas quais Collins tocara bateria. Um grande momento do show passou a ser o dueto de bateria entre Bruford e Collins, que acabou sendo mantido mesmo após a substituição de Bruford pelo baterista Chester Thompson a partir da tour do álbum seguinte, “Wind and Wuthering”. Ainda relacionado ao Yes, Chris Squire, famoso baixista da banda, declarou que “A Trick of the Tail” era seu álbum favorito do Genesis.

Uma curiosidade interessante é que Mick Jagger assistiu a um dos shows da tour em Londres e ficou positivamente impressionado, declarando que em dois anos o Genesis seria uma das maiores bandas do mundo, o que acabou se concretizando, com o lançamento do álbum “And Then There Were Three” em 1978, após a saída do guitarrista Steve Hackett. Esse álbum incluía o primeiro megassucesso internacional do Genesis, “Follow You Follow Me”, que definitivamente colocou o Genesis merecidamente no panteão das maiores bandas de rock da história.



O futuro seria muito próspero para o Genesis e para seus membros, pois vários deles também desenvolveram uma excelente carreira solo, como Peter Gabriel, Phil Collins, Steve Hackett e Mike Rutherford. Isso só evidencia ainda mais a quantidade de grandes talentos que o Genesis sempre abrigou.

Se você não conhece essa obra prima desta lendária banda, não deixe de conferi-la, pois descobrirá um trabalho inesquecível e que lhe acompanhará pelo resto de sua vida.

 

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BIBLIOGRAFIA

Genesis – Chapter & Verse, por Tony Banks, Phil Collins, Peter Gabriel, Steve Hackett e Mike Rutherford

A Genesis in My Bed, por Steve Hackett

Not Dead Yet – The Memoir, por Phil Collins

The Living Years, por Mike Rutherford

The Songs of Genesis – A Complete Guide to the Studio Recordings, por Steve Aldous

Genesis – I Know What I Like, por Armando Gallo

My Book of Genesis – Richard MacPhail

Without Frontiers – The Life and Music of Peter Gabriel, por Daryl Easlea

Wikipedia

https://www.genesis-news.com/c-Genesis-A-Trick-Of-The-Tail-CD-review-s350.html

 

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