FERROVIA
PARQUE PERUS – PIRAPORA & FÁBRICA DE CIMENTO PORTLAND PERUS
Origens
do bairro de Perus
Perus
é o último bairro situado no ponto extremo da zona noroeste da cidade de São
Paulo, sendo cortado por duas importantes rodovias: a Bandeirantes e a
Anhanguera. É localizado no caminho entre a capital paulista e as cidades de
Jundiaí e Campinas.
Não
se sabe ao certo a origem do nome do bairro. A versão mais aceita é que toda a
área na qual se encontra atualmente o bairro de Perus era anteriormente uma
enorme fazenda. Nela, habitava uma senhora chamada “Maria”, que servia
refeições aos tropeiros que passavam por ali. Por ter uma grande criação de
perus, que usava na alimentação de sua família e servia aos tropeiros, ela
passou a ser conhecida como a “Maria dos Perus”, da “Fazenda dos Perus”.
Posteriormente, tal referência acabou sendo reduzida simplesmente para “Perus”.
Toda
a região de Perus, que é muito próxima à Cajamar e ao Pico do Jaraguá, sempre
foi muito rica em minérios, atraindo a atenção de exploradores desde os
primórdios da dominação portuguesa no atual território do Estado de São Paulo.
No córrego Santa Fé e no Pico do Jaraguá foi encontrado ouro em 1590, pelo
desbravador Afonso Sardinha, cuja residência pode ser visitada até hoje dentro
do Parque do Pico do Jaraguá. Sardinha e seu filho homônimo também desbravaram
a região de Araçoiaba da Serra, onde descobriram minério de ferro e criaram os
primeiros fornos de fundição do Brasil. Vestígios de tais fornos podem ser
vistos e visitados até os dias de hoje dentro do terreno da Real Fábrica de
Ferro São João de Ipanema. Para ler minha matéria sobre a Real
Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, clique aqui.
Durante a primeira metade do século XVII, uma enorme quantidade de ouro
foi extraída da região do Jaraguá e Perus, o que levou os europeus a
denominarem tal área como “Peru do Brasil”, em uma alusão ao Peru, país
sul-americano que fora explorado pelos espanhóis e no qual uma enorme
quantidade de ouro também havia sido encontrada.
Perus teve o seu processo de urbanização iniciado com a chegada da São
Paulo Railway (atual CPTM – linha Rubi), quando foi inaugurada a Estação de
Perus em 1897. Ali se encontram vários locais de importância regional e
estadual, como a Companhia Melhoramentos de São Paulo (fundada em 1890), o
Hospital Psiquiátrico do Juquery e sua fazenda (fundado em 1898), a Estrada de
Ferro Perus Pirapora (fundada em 1910) e a Fábrica de Pólvora que, juntamente
com a de São João do Ipanema, forneceu durante muito tempo munição para o
sistema de defesa do Porto de Santos.
Nos anos de 1970, o bairro de Perus tinha uma coloração cinzenta por toda
parte, devido à crosta de resíduos que se acumulava sobre os telhados das
residências e nas roupas nos varais. Tal poluição era proveniente da Fábrica de
Cimento Portland Perus, o principal polo industrial do bairro. O problema
causou doenças respiratórias em uma grande parcela da população local e até
mesmo o desabamento de telhados de casas, devido ao peso dos resíduos que se
acumulavam sobre as residências. Infelizmente, durante um longo período, a
administração da fábrica de cimento optou por não instalar filtros nas chaminés
das fábricas, o que não só causou inúmeros problemas de saúde para os moradores
do bairro, mas também gerou um enorme desperdício de recursos que poderiam ter
sido aproveitados na produção de cimento, pois dezenas de toneladas de cimento
eram despejadas na atmosfera por ano.
Os moradores de Perus até hoje afirmam que Perus construiu o Brasil, pois
no começo da década de 1930, a região chegou a produzir 80% de todo o cimento
consumido no país. Uma grande parcela do cimento usado para a construção de
Brasília durante o período 1956 a 1960 é proveniente dali, além de também ter
sido utilizado na construção da hidrelétrica de Itaipu, do túnel da Avenida 9
de Julho, e do Edifício Altino Arantes (antigo Edifício do Banespa, atual Farol
Santander), ambos em São Paulo.
Perus e Cajamar sempre foram conhecidos por suas enormes jazidas de
calcário. No entanto, sua extração em larga escala só foi iniciada em 1908, quando
foram criadas algumas minas no bairro do Gato Preto, em Cajamar. Na época, foi
construída uma pequena ferrovia, com apenas 3 locomotivas, que fazia a ligação
entre as várias minas de calcário e os fornos de cal em Gato Preto. Havia
também o transporte de madeira entre as áreas que iam sendo desmatadas para a
construção das minas de calcário para uma fábrica de celulose, também situada
em Gato Preto. Podemos considerar que tal ferrovia tenha sido o embrião da
Estrada de Ferro Perus Pirapora.
A
Estrada de Ferro Perus – Pirapora
Em
1914 foi planejada a construção de uma ferrovia que ligasse Gato Preto à
estação de Perus, que já era atendida pela São Paulo Railway, a fim de escoar a
produção de cal e de pequenas cargas na região.
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Vista Panorâmica do Pátio de Trens |
A
maneira que os interessados em conseguir do governo brasileiro a concessão para
a construção da ferrovia encontraram para viabilizar tal empreendimento foi
através da criação de um projeto de transporte que levasse os romeiros da
cidade santuário de Pirapora do Bom Jesus (a 30 km de distância, às margens do
Rio Tietê) até o bairro de Perus. Eles acreditavam que o governo jamais
aprovaria a construção de uma ferrovia de apenas 20 km simplesmente para o
transporte de cal de Cajamar para a fábrica de cimento, se não fosse atendida a
exigência governamental de uma utilidade social direta. No entanto, após
recebida a concessão do governo, o projeto de construção da ferrovia acabou
sendo desviado para Cajamar para o uso da ferrovia quase que totalmente para
uma finalidade industrial.
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Carro Panorâmico |
A
ferrovia acabou sendo construída, mas o ramal prometido nunca foi criado, tendo
sido criada apenas a ligação ferroviária entre as minas de calcário do bairro
do Gato Preto, em Cajamar, até a fábrica de cimento em Perus. Daí surgiu o nome
da Estrada de Ferro Perus – Pirapora que, na realidade, nunca chegou a existir
totalmente.
A
bitola ferroviária escolhida foi a estreita, de 600 mm, pois havia a
necessidade de se usar uma bitola que permitisse que os trens fossem capazes de
subir fortes rampas e vencer curvas fechadas, pois o terreno do local era muito
acidentado. Por tal razão, a bitola de 600 mm acabou se tornando o padrão não
oficial para tal tipo de linha. Atualmente, a Estrada de Ferro Perus Pirapora é
a única remanescente que utiliza a bitola de 600mm no Brasil.
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Casa de tráfego |
Inicialmente,
os serviços da Estrada de Ferro Perus Pirapora se restringiam ao transporte do
cal, pedras, madeira e celulose. No entanto, havia também trens mistos, de
carga e passageiros entre Perus e Gato Preto. Para tal finalidade foram
adquiridos ao menos dois carros abertos, que operaram até a década de 1940.
No
ano de 1925 foi criada a Companhia Brasileira de Cimento Portland, cujo
transporte e abastecimento de matéria prima acabou se tornando a atividade mais
relevante da ferrovia. O motivo principal para a escolha de Perus como local da
planta foi a facilidade com que a matéria prima chegaria até a fábrica, proveniente
da Estrada de Ferro Perus Pirapora, que era descarregada diretamente dentro da
própria fábrica.
Em
1941 foram adquiridos 5 carros de passageiros da extinta Estrada de Ferro
Dumont, ferrovia da família de Santos Dumont, que operava na região de Ribeirão
Preto. Dois anos mais tarde, foram adquiridas 3 locomotivas oriundas da mesma
ferrovia. No entanto, uma delas acabou não sendo utilizada, pois não era
adequada à linha, e foi enviada de volta para a cidade de Dumont, onde está até
hoje exposta em uma praça.
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Locomotiva número 8 |
Após
a desativação da ferrovia, em 1984, todo o material que havia ali acabou sendo
abandonado durante 25 anos em Perus, Cajamar e Gato Preto, pois havia uma certa
dificuldade em se ter acesso ao local. Além disso, o Grupo J.J. Abdalla,
proprietário do empreendimento, relutava em ceder a ferrovia à preservação.
Somente após a intervenção do Governo de Estado de São Paulo é que isso se
tornou possível.
A
Ferrovia Perus Pirapora foi tombada pelo Condephaat com patrimônio histórico em
1987, devido ao seu valor histórico e importância para o desenvolvimento do
Estado de São Paulo. Atualmente ela reúne a maior coleção de locomotivas a
vapor de pequeno porte do mundo, fabricadas entre 1891 e 1948, apresentando
inclusive alguns exemplares únicos. É conhecida internacionalmente entre os
estudiosos da história da tecnologia e ferrovias antigas.
No
ano de 2000 foi detalhado todo o acervo tombado da ferrovia, compreendendo o
trecho do leito ferroviário do km 2, em Perus, até o km 17, em Cajamar. Em
2001, parte do traçado original da ferrovia e todo o seu material rodante
(locomotiva, vagões de passageiros e carga) foi transferido em sistema de
comodato durante um período de 50 anos, renováveis por mais 50 anos, à uma
instituição denominada “Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio
Cultural - IFPPC”, uma associação sem fins lucrativos, que faz a gestão do
local e opera visitas monitoradas, incluindo passeios turísticos de locomotiva.
Além disso, promove o resgate, a restauração e recuperação de todo o material
remanescente da ferrovia, através do trabalho de 30 voluntários e doações de
empresas e aficionados particulares por ferrovias em todo o mundo. Não há envolvimento
de nenhum órgão governamental. A participação individual é aberta a todos que
quiserem contribuir com seu tempo e conhecimento para restaurar esse importante
patrimônio do Estado de São Paulo e do Brasil.
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Pátio das Locomotivas |
Do
ponto de vista ecológico, a Estrada de Ferro Perus Pirapora garantiu a
preservação de uma enorme área verde localizada na mata ciliar do vale do rio
Juqueri, vizinha à reserva florestal do Parque Anhanguera.
Entre
2008 e 2016 foram transportados para a área de concessão, vindas das extintas oficinas
de Gato Preto e do antigo pátio de Cajamar, 18 locomotivas e cerca de 60 outros
veículos ferroviários, entre carros de passageiros, gôndolas de minério; pranchas;
troles e vagões box e de serviço. O restante do material rodante remanescente
do acervo da antiga EFPP ainda permanece na fábrica de cimento, no mesmo local
onde estavam quando cessaram as atividades fabris em 1987, ano em que o complexo
foi tombado pelo Condephaat.
Em
2005, através de uma parceria com a Natura, que tem sua fábrica próxima à
ferrovia, o IFPPC restaurou uma locomotiva e um carro de passageiros, além do
trecho entre o km 10 e 11. Em 2008 houve a recuperação do pátio do Corredor,
situado no km 5, para o qual foram transferidas mais de 20 locomotivas e cerca
de 130 vagões. Algumas das locomotivas do acervo do IFPPC inclusive fizeram
parte do famoso “Trem das Onze”, imortalizado na canção de Adoniran Barbosa.
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Tender |
O
acervo do IFPPC é único, pois inclui exemplares provenientes de 10 outras ferrovias
brasileiras do século XX. As máquinas foram sendo adquiridas pela Ferrovia
Perus Pirapora à medida que iam sendo descartadas pelas proprietárias
originais.
Os
trens turísticos da ferrovia operam com 1 a 3 carros de passageiros, dependendo
da demanda de visitante a cada dia. No entanto, as operações não têm frequência
regular, estando atualmente inoperantes devido à pandemia do COVID. O passeio
tem duração de 10 minutos e uma extensão de 6 km (ida e volta e costuma ter
três saídas por domingo. O trajeto margeia o rio Juqueri e passa ao lado do
Parque Anhanguera Quem quiser acompanhar a frequência de passeios de trens
deverá consultar o site http:/efperuspirapora.blogspot.com e as redes sociais
do IFPPC (www.facebook.com/peruspirapora) para poder saber quais as datas e horários de
circulação dos trens, que partem do km 2 da ferrovia, onde há uma passagem em
nível com uma estrada de terra pertencente à mineradora Pedrix e que leva os
visitantes até o pátio do corredor, atual base de operações do IFPPC, onde a
maior parte do acervo do material rodante está exposto para visitação. Os
turistas podem circular e fotografar livremente.
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Trilhos na mata |
O
valor do ingresso para visita monitorada ao Museu, com Passeio de Maria Fumaça,
na tabela, é de R$ 70,00 por visitante. Porém, o IFPPC tem mantido um desconto
promocional de até 50% para famílias, crianças, idosos e ou grupos. Recentemente
tem sido oferecido também um combo que inclui festivais gastronômicos
temáticos, como uma experiência nova de arrecadação de donativos para o projeto.
Além disso sido oferecidas outras modalidades de ingresso uma vez por mês, tais
como um passeio de Trakking (turismo de trilha, por agências e guias) e de bicicleta.
Sem incluir o passeio de Maria Fumaça, o ingresso da visita monitorada custa
R$20,00 por pessoa.
O
objetivo do IFPPC é conseguir restaurar todo o material rodante, além de todo o
trecho ferroviário em comodato, além de despoluir o rio Juqueri, que margeia a
ferrovia. Futuramente há planos de serem construídas estações temáticas ao
longo da ferrovia, a fim de tornar o passeio mais didático e ampliar o processo
de musealização em curso atualmente no local.
A
Fábrica de Cimento Portland Perus
A Companhia
Brasileira de Cimento Portland Perus S.A. foi fundada por investidores
canadenses da indústria Drysdale y Pease, de Montreal, com dois parceiros
brasileiros em 1924. A Fábrica de Cimento Portland Perus foi inaugurada em 26
de junho de 1926, ocupando uma área de 100.000 m2. Até ser vendida em 1951, era
uma empresa subsidiária da Lone Star Cement, dos EUA, que era a líder no setor
na época. É considerada a primeira fábrica de cimento bem-sucedida do Brasil (a
primeira de fato foi criada foi em Recife. No entanto, tal empreendimento não
prosperou). O cal era fabricado em Cajamar e transportado para Perus através da
ferrovia Perus-Pirapora e que, por sua vez, era encaminhado para a capital
paulista através dos trilhos da São Paulo Railway.
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Oficina de equipamentos |
Ela
se situava próxima à jazida calcária conhecida como “Grupo São Roque”, que se
estende do Estado de São Paulo, na região de Caieiras e Perus, até o Estado do
Paraná. Além disso, sua proximidade com a Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, a
primeira hidrelétrica paulista, em Santana de Parnaíba, era muito benéfica. Para saber mais sobre Santana de Parnaíba, clique
aqui para ler uma matéria de minha autoria sobre tal cidade.
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Restaurante |
Durante
o período entre 1926 e 1933, a fábrica de cimento teve uma enorme importância
para a cidade de São Paulo, pois forneceu a matéria prima que foi usada na
construção de prédios, casas, indústrias e várias outras edificações não apenas
na capital paulista, mas também em outros estados do país.
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Moinhos |
Devido
à demanda por mão de obra, pessoas de toda parte foram para Perus, desde
mineiros e nordestinos até portugueses, espanhóis e italianos. Os brasileiros
mais humildes faziam o trabalho pesado, enquanto os estrangeiros trabalhavam
como médicos, engenheiros, arquitetos e químicos. A fábrica operava dia e
noite, ininterruptamente.
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Silos de armazenamento de cimento |
O
complexo que englobava a Ferrovia Perus Pirapora, a Fábrica de Cimento Portland
Perus e as pedreiras da região foi todo comprados pelo Grupo J.J. Abdalla em 1951.
Em pouco tempo, Abdalla se tornou conhecido como “O Mau Patrão”, principalmente
por gerir a fábrica de forma desleixada e imprudente, pois o maquinário da
fábrica sequer tinham manutenção adequada, o que forçava a paralisação das
máquinas, que quebravam com frequência. Além disso, os operários também sofriam
com atrasos salariais, falta de equipamentos básicos como capacetes e máscaras
de proteção, além de outras violações trabalhistas. Por tais motivos foi criado
um grupo para a defesa dos direitos dos trabalhadores, na tentativa de verem
atendidas suas reinvindicações. Assim
surgiu o movimento dos Queixadas, que pregava a luta não violenta, com firmeza
permanente e não violência ativa, de forma semelhante à usada por Mahatma Gandhi
na Índia e Martin Luther King nos EUA.
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Esteira do depósito de pedras |
A
fábrica foi o epicentro da maior paralisação da história sindical brasileira:
“A greve dos Queixadas”, que durou 7 anos, de 1962 a 1969 e lutou por melhores
condições de trabalho para os operários da fábrica e por seus direitos. Além
disso, em Perus também ocorreu um dos primeiros episódios de luta ecológica da
história do Brasil, quando um grupo de mulheres do bairro se insurgiu contra a
poluição ambiental gerada pela fábrica de cimento.
A
denominação “Queixada” se deu pelo fato dessa espécie de porco selvagem se unir
em grupo quando se sente ameaçado, formando uma manada e batendo o seu queixo.
Quando estão unidos, são capazes de enfrentar onças ou até caçadores,
estraçalhando quem os atacar. Os operários da fábrica deram um exemplo de
unidade semelhante à tais animais.
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Depósito de clínquer |
As
formas tradicionais de protesto foram substituídas por passeatas, greves de
fome e assembleias, sempre com um viés pacífico e não violento. A não centralização da luta e a inexistência
de um protagonista no movimento eram características da “firmeza permanente”
defendida pelos Queixadas, cujos adversários eram conhecidos como “Pelegos”. A
greve só foi encerrada em 1969 com uma vitória parcial do movimento dos
Queixadas.
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Vestiários |
Em
1964, José João Abdalla teve seu mandato de deputado cassado por corrupção. No
ano seguinte foram descobertas práticas fraudulentas do Grupo Abdalla, que
levaram à abertura de um inquérito que averiguou no ano de 1969 que todas as 32
empresas do grupo não recolhiam quaisquer impostos. Desta forma, a
administração do Grupo J.J. Abdalla só perdurou até o ano de 1974, quando a
fábrica foi expropriada pelo governo federal, que confiscou os bens da
companhia, passando então a ser administrada pelo Ministério da Fazenda.
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Casarão do M |
Em
1981, o complexo foi colocado em leilão, recebendo um único lance dado pelo
consórcio Chohfi-Abdalla, sendo novamente adquirido por herdeiros do Grupo J.J.
Abdalla, permanecendo em operação até o encerramento da produção de cimento em
1983 e ao fechamento definitivo da fábrica em 1987, devido à falta de
infraestrutura e péssimas condições de trabalho oferecidas pela empresa.
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Vila Triângulo |
Com
a construção da Rodovia Anhanguera, o bairro de Gato Preto passou a ser cortado
ao meio, tendo sido desativadas as minas de calcário, os fornos de cal e a
fábrica de celulose.
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Capela São José |
No
ano de 2002 a fábrica foi declarada patrimônio histórico da capital paulista,
mas foi abandonada pelo poder público e trancada por seus proprietários. Desde
então, moradores do bairro (com 160.000 habitantes) e movimentos sociais vêm
lutando para tentar transformar o espaço em um centro cultural, em um parque
Memorial dos Queixadas e uma universidade. Infelizmente, Perus não oferece à
sua população nenhum teatro, cinema ou qualquer outro equipamento cultural
oficial. É alarmante a falta de estrutura da região, o que denota o total
abandono do bairro por parte do poder público.
Perus
tem uma longa tradição de lutas que marca seu povo, segundo Padre Genésio,
conhecido no bairro. Esse comportamento persiste até os dias de hoje, seguindo
o espírito dos Queixadas, pois a população local busca uma melhor qualidade de
vida, educação e saneamento. Acreditam que com a maior conscientização dos
moradores da cidade de São Paulo, o bairro possa finalmente receber a merecida
atenção e ser recompensado por todas as riquezas que trouxe para a capital
paulistana, pela matéria prima que ajudou a construir nosso país.
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conhecer também esses locais repletos de histórias e faça um passeio aos pontos
mencionados nessa matéria. Ao visitá-los, você já estará ajudando na divulgação
e preservação da história de São Paulo e contribuindo para que os objetivos dos
defensores desse incrível patrimônio sejam alcançados, viabilizando um futuro
melhor para todos os moradores da região.
Esta
visita foi realizada com o apoio da Tour Jundiahy. Clique no logo abaixo paraser direcionado diretamente ao site da empresa, agendar o seu passeio econhecer de perto esses locais tão interessantes e importantes para a nossahistória.
Com
agradecimentos especiais à:
Tour
Jundiahy
Ricardo
Silva
Luís
Alberto Moura
Aline
Rodrigues
Nelson
Bueno de Camargo
Bonfilio
A. Ferreira
Débora
Dias dos Santos
Robson
Azevedo
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Todas
as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em novembro de 2020.
Bibliografia usada:
Marco Histórico e Cultural
de Perus, terreno de fábrica de cimento pode virar moradia popular – 17/02/2016
– Por Jéssica Moreira, com a colaboração de Pedro Ribeiro Nogueira.
Queixadas – por trás dos
sete anos de greve – Por Jéssica Moreira e Larissa Gould
Site da Prefeitura de São
Paulo – Perus (http://perus.prefeitura.sp.gov.br)
Wikipedia
Piritubanet – (www.pirituba.net/peruspirapora)
Ferrovia Perus Pirapora Abre
para Passeio Turístico, por Marcelo Galli – 05/06/2011 - Estado de São Paulo
Estrada de Ferro Perus
Pirapora – Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural.
Moradores de Perus lutam
para preservar a história dos Queixadas, por Emily Dulce – Brasil de Fato –
28/02/2018
Perus 84 anos: trens,
cimento e a construção do Brasil, por Ira Romão – Agência Mural
O Patrimônio Pós Industrial
e Operário da Cia. Brasileira de Cimento Portland Perus, por Débora Dias dos
Santos – TFG Mackenzie