terça-feira, 30 de março de 2021

DESVENDANDO ÁLBUNS CLÁSSICOS DO ROCK: VOLUME 1

Simplesmente a mais profunda e completa análise disponível em língua portuguesa, nesse volume você descobrirá todos os segredos e detalhes relativos à criação, gravação e lançamento de álbuns clássicos do rock internacional.

O volume 1 da série inclui obras das seguintes bandas ou artistas: The Beatles (The White Album), U2 (The Joshua Tree), Rush (Permanent Waves), The Police (Synchronicity), Deep Purple (Made in Japan), Marillion (Clutching at Straws), Genesis (A Trick of the Tail), Van Halen (1984), Tears for Fears (The Seeds of Love) e Black Sabbath (Paranoid).

O autor conta tudo sobre as origens da obra, como ela foi concebida pelo artista e o contexto histórico. Faz uma análise de cada uma das faixas do álbum, suas fontes de inspiração, detalhes sobre as gravações e muito mais. Explica qual foi o legado deixado pela obra e sua influência sobre outros artistas e no mundo da música. Por fim, há uma vasta bibliografia listada sobre o tema, links para vídeos no Youtube, uma playlist criada especialmente pelo autor no Spotify para que você possa ouvir cada uma das faixas ao acompanhar o texto, uma lista de DVDs recomendados, faixas obscuras (tipo lado B) comentadas de cada uma das bandas e uma lista de frases dos artistas estudados. Uma obra imperdível para os amantes de rock clássico que querem se aprofundar e aprender tudo sobre seus álbuns e artistas favoritos. 

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quinta-feira, 25 de março de 2021

terça-feira, 23 de março de 2021

domingo, 21 de março de 2021

Desvendando "The Joshua Tree" do U2

Desvendando "Synchronicity" do The Police

Desvendando "Permanent Waves" do Rush

Desvendando "Clutching at Straws" do Marillion

Desvendando "Made in Japan" do Deep Purple


Desvendando "A Trick of the Tail" do Genesis

Desvendando "1984" do Van Halen

MONTESQUIEU

 A injustiça que se faz a um é uma ameaça que se faz a todos.

- Montesquieu



sábado, 20 de março de 2021

SUPERTRAMP - BREAKFAST IN AMERICA

Olá pessoal! É com muita satisfação que lhes informo que acabou de ser lançado meu mais recente título da série "Desvendando Álbuns Clássicos do Rock". Dessa vez, escrevi sobre o Supertramp e seu lendário "Breakfast in America". Ele já está disponível no site da Amazon. Espero que apreciem a leitura!



sexta-feira, 19 de março de 2021

quinta-feira, 18 de março de 2021

JOHN BURROUGHS

 Um homem pode fracassar muitas vezes, mas só é um fracassado quando começa a culpar outra pessoa.

- John Burroughs



quarta-feira, 17 de março de 2021

PLATÃO

 Nunca desencoraje ninguém que continuamente faz progresso, não importa quão devagar.

- Platão



quarta-feira, 10 de março de 2021

FERROVIA PARQUE PERUS-PIRAPORA & FÁBRICA DE CIMENTOS PORTLAND PERUS

 

FERROVIA PARQUE PERUS – PIRAPORA & FÁBRICA DE CIMENTO PORTLAND PERUS

 



Origens do bairro de Perus

Perus é o último bairro situado no ponto extremo da zona noroeste da cidade de São Paulo, sendo cortado por duas importantes rodovias: a Bandeirantes e a Anhanguera. É localizado no caminho entre a capital paulista e as cidades de Jundiaí e Campinas.

Não se sabe ao certo a origem do nome do bairro. A versão mais aceita é que toda a área na qual se encontra atualmente o bairro de Perus era anteriormente uma enorme fazenda. Nela, habitava uma senhora chamada “Maria”, que servia refeições aos tropeiros que passavam por ali. Por ter uma grande criação de perus, que usava na alimentação de sua família e servia aos tropeiros, ela passou a ser conhecida como a “Maria dos Perus”, da “Fazenda dos Perus”. Posteriormente, tal referência acabou sendo reduzida simplesmente para “Perus”.

Toda a região de Perus, que é muito próxima à Cajamar e ao Pico do Jaraguá, sempre foi muito rica em minérios, atraindo a atenção de exploradores desde os primórdios da dominação portuguesa no atual território do Estado de São Paulo. No córrego Santa Fé e no Pico do Jaraguá foi encontrado ouro em 1590, pelo desbravador Afonso Sardinha, cuja residência pode ser visitada até hoje dentro do Parque do Pico do Jaraguá. Sardinha e seu filho homônimo também desbravaram a região de Araçoiaba da Serra, onde descobriram minério de ferro e criaram os primeiros fornos de fundição do Brasil. Vestígios de tais fornos podem ser vistos e visitados até os dias de hoje dentro do terreno da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema. Para ler minha matéria sobre a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, clique aqui.

Durante a primeira metade do século XVII, uma enorme quantidade de ouro foi extraída da região do Jaraguá e Perus, o que levou os europeus a denominarem tal área como “Peru do Brasil”, em uma alusão ao Peru, país sul-americano que fora explorado pelos espanhóis e no qual uma enorme quantidade de ouro também havia sido encontrada.

Perus teve o seu processo de urbanização iniciado com a chegada da São Paulo Railway (atual CPTM – linha Rubi), quando foi inaugurada a Estação de Perus em 1897. Ali se encontram vários locais de importância regional e estadual, como a Companhia Melhoramentos de São Paulo (fundada em 1890), o Hospital Psiquiátrico do Juquery e sua fazenda (fundado em 1898), a Estrada de Ferro Perus Pirapora (fundada em 1910) e a Fábrica de Pólvora que, juntamente com a de São João do Ipanema, forneceu durante muito tempo munição para o sistema de defesa do Porto de Santos.

Nos anos de 1970, o bairro de Perus tinha uma coloração cinzenta por toda parte, devido à crosta de resíduos que se acumulava sobre os telhados das residências e nas roupas nos varais. Tal poluição era proveniente da Fábrica de Cimento Portland Perus, o principal polo industrial do bairro. O problema causou doenças respiratórias em uma grande parcela da população local e até mesmo o desabamento de telhados de casas, devido ao peso dos resíduos que se acumulavam sobre as residências. Infelizmente, durante um longo período, a administração da fábrica de cimento optou por não instalar filtros nas chaminés das fábricas, o que não só causou inúmeros problemas de saúde para os moradores do bairro, mas também gerou um enorme desperdício de recursos que poderiam ter sido aproveitados na produção de cimento, pois dezenas de toneladas de cimento eram despejadas na atmosfera por ano.

Os moradores de Perus até hoje afirmam que Perus construiu o Brasil, pois no começo da década de 1930, a região chegou a produzir 80% de todo o cimento consumido no país. Uma grande parcela do cimento usado para a construção de Brasília durante o período 1956 a 1960 é proveniente dali, além de também ter sido utilizado na construção da hidrelétrica de Itaipu, do túnel da Avenida 9 de Julho, e do Edifício Altino Arantes (antigo Edifício do Banespa, atual Farol Santander), ambos em São Paulo.

Perus e Cajamar sempre foram conhecidos por suas enormes jazidas de calcário. No entanto, sua extração em larga escala só foi iniciada em 1908, quando foram criadas algumas minas no bairro do Gato Preto, em Cajamar. Na época, foi construída uma pequena ferrovia, com apenas 3 locomotivas, que fazia a ligação entre as várias minas de calcário e os fornos de cal em Gato Preto. Havia também o transporte de madeira entre as áreas que iam sendo desmatadas para a construção das minas de calcário para uma fábrica de celulose, também situada em Gato Preto. Podemos considerar que tal ferrovia tenha sido o embrião da Estrada de Ferro Perus Pirapora.

 

A Estrada de Ferro Perus – Pirapora

Em 1914 foi planejada a construção de uma ferrovia que ligasse Gato Preto à estação de Perus, que já era atendida pela São Paulo Railway, a fim de escoar a produção de cal e de pequenas cargas na região.

Vista Panorâmica do Pátio de Trens


A maneira que os interessados em conseguir do governo brasileiro a concessão para a construção da ferrovia encontraram para viabilizar tal empreendimento foi através da criação de um projeto de transporte que levasse os romeiros da cidade santuário de Pirapora do Bom Jesus (a 30 km de distância, às margens do Rio Tietê) até o bairro de Perus. Eles acreditavam que o governo jamais aprovaria a construção de uma ferrovia de apenas 20 km simplesmente para o transporte de cal de Cajamar para a fábrica de cimento, se não fosse atendida a exigência governamental de uma utilidade social direta. No entanto, após recebida a concessão do governo, o projeto de construção da ferrovia acabou sendo desviado para Cajamar para o uso da ferrovia quase que totalmente para uma finalidade industrial.

Carro Panorâmico


A ferrovia acabou sendo construída, mas o ramal prometido nunca foi criado, tendo sido criada apenas a ligação ferroviária entre as minas de calcário do bairro do Gato Preto, em Cajamar, até a fábrica de cimento em Perus. Daí surgiu o nome da Estrada de Ferro Perus – Pirapora que, na realidade, nunca chegou a existir totalmente.

A bitola ferroviária escolhida foi a estreita, de 600 mm, pois havia a necessidade de se usar uma bitola que permitisse que os trens fossem capazes de subir fortes rampas e vencer curvas fechadas, pois o terreno do local era muito acidentado. Por tal razão, a bitola de 600 mm acabou se tornando o padrão não oficial para tal tipo de linha. Atualmente, a Estrada de Ferro Perus Pirapora é a única remanescente que utiliza a bitola de 600mm no Brasil.

Casa de tráfego


Inicialmente, os serviços da Estrada de Ferro Perus Pirapora se restringiam ao transporte do cal, pedras, madeira e celulose. No entanto, havia também trens mistos, de carga e passageiros entre Perus e Gato Preto. Para tal finalidade foram adquiridos ao menos dois carros abertos, que operaram até a década de 1940.

No ano de 1925 foi criada a Companhia Brasileira de Cimento Portland, cujo transporte e abastecimento de matéria prima acabou se tornando a atividade mais relevante da ferrovia. O motivo principal para a escolha de Perus como local da planta foi a facilidade com que a matéria prima chegaria até a fábrica, proveniente da Estrada de Ferro Perus Pirapora, que era descarregada diretamente dentro da própria fábrica.

Em 1941 foram adquiridos 5 carros de passageiros da extinta Estrada de Ferro Dumont, ferrovia da família de Santos Dumont, que operava na região de Ribeirão Preto. Dois anos mais tarde, foram adquiridas 3 locomotivas oriundas da mesma ferrovia. No entanto, uma delas acabou não sendo utilizada, pois não era adequada à linha, e foi enviada de volta para a cidade de Dumont, onde está até hoje exposta em uma praça.

Locomotiva número 8


Após a desativação da ferrovia, em 1984, todo o material que havia ali acabou sendo abandonado durante 25 anos em Perus, Cajamar e Gato Preto, pois havia uma certa dificuldade em se ter acesso ao local. Além disso, o Grupo J.J. Abdalla, proprietário do empreendimento, relutava em ceder a ferrovia à preservação. Somente após a intervenção do Governo de Estado de São Paulo é que isso se tornou possível.

A Ferrovia Perus Pirapora foi tombada pelo Condephaat com patrimônio histórico em 1987, devido ao seu valor histórico e importância para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Atualmente ela reúne a maior coleção de locomotivas a vapor de pequeno porte do mundo, fabricadas entre 1891 e 1948, apresentando inclusive alguns exemplares únicos. É conhecida internacionalmente entre os estudiosos da história da tecnologia e ferrovias antigas.

No ano de 2000 foi detalhado todo o acervo tombado da ferrovia, compreendendo o trecho do leito ferroviário do km 2, em Perus, até o km 17, em Cajamar. Em 2001, parte do traçado original da ferrovia e todo o seu material rodante (locomotiva, vagões de passageiros e carga) foi transferido em sistema de comodato durante um período de 50 anos, renováveis por mais 50 anos, à uma instituição denominada “Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural - IFPPC”, uma associação sem fins lucrativos, que faz a gestão do local e opera visitas monitoradas, incluindo passeios turísticos de locomotiva. Além disso, promove o resgate, a restauração e recuperação de todo o material remanescente da ferrovia, através do trabalho de 30 voluntários e doações de empresas e aficionados particulares por ferrovias em todo o mundo. Não há envolvimento de nenhum órgão governamental. A participação individual é aberta a todos que quiserem contribuir com seu tempo e conhecimento para restaurar esse importante patrimônio do Estado de São Paulo e do Brasil.

Pátio das Locomotivas


Do ponto de vista ecológico, a Estrada de Ferro Perus Pirapora garantiu a preservação de uma enorme área verde localizada na mata ciliar do vale do rio Juqueri, vizinha à reserva florestal do Parque Anhanguera.

Entre 2008 e 2016 foram transportados para a área de concessão, vindas das extintas oficinas de Gato Preto e do antigo pátio de Cajamar, 18 locomotivas e cerca de 60 outros veículos ferroviários, entre carros de passageiros, gôndolas de minério; pranchas; troles e vagões box e de serviço. O restante do material rodante remanescente do acervo da antiga EFPP ainda permanece na fábrica de cimento, no mesmo local onde estavam quando cessaram as atividades fabris em 1987, ano em que o complexo foi tombado pelo Condephaat.

Em 2005, através de uma parceria com a Natura, que tem sua fábrica próxima à ferrovia, o IFPPC restaurou uma locomotiva e um carro de passageiros, além do trecho entre o km 10 e 11. Em 2008 houve a recuperação do pátio do Corredor, situado no km 5, para o qual foram transferidas mais de 20 locomotivas e cerca de 130 vagões. Algumas das locomotivas do acervo do IFPPC inclusive fizeram parte do famoso “Trem das Onze”, imortalizado na canção de Adoniran Barbosa.

Tender


O acervo do IFPPC é único, pois inclui exemplares provenientes de 10 outras ferrovias brasileiras do século XX. As máquinas foram sendo adquiridas pela Ferrovia Perus Pirapora à medida que iam sendo descartadas pelas proprietárias originais.

Os trens turísticos da ferrovia operam com 1 a 3 carros de passageiros, dependendo da demanda de visitante a cada dia. No entanto, as operações não têm frequência regular, estando atualmente inoperantes devido à pandemia do COVID. O passeio tem duração de 10 minutos e uma extensão de 6 km (ida e volta e costuma ter três saídas por domingo. O trajeto margeia o rio Juqueri e passa ao lado do Parque Anhanguera Quem quiser acompanhar a frequência de passeios de trens deverá consultar o site http:/efperuspirapora.blogspot.com e as redes sociais do IFPPC (www.facebook.com/peruspirapora) para poder saber quais as datas e horários de circulação dos trens, que partem do km 2 da ferrovia, onde há uma passagem em nível com uma estrada de terra pertencente à mineradora Pedrix e que leva os visitantes até o pátio do corredor, atual base de operações do IFPPC, onde a maior parte do acervo do material rodante está exposto para visitação. Os turistas podem circular e fotografar livremente.

Trilhos na mata


O valor do ingresso para visita monitorada ao Museu, com Passeio de Maria Fumaça, na tabela, é de R$ 70,00 por visitante. Porém, o IFPPC tem mantido um desconto promocional de até 50% para famílias, crianças, idosos e ou grupos. Recentemente tem sido oferecido também um combo que inclui festivais gastronômicos temáticos, como uma experiência nova de arrecadação de donativos para o projeto. Além disso sido oferecidas outras modalidades de ingresso uma vez por mês, tais como um passeio de Trakking (turismo de trilha, por agências e guias) e de bicicleta. Sem incluir o passeio de Maria Fumaça, o ingresso da visita monitorada custa R$20,00 por pessoa.

O objetivo do IFPPC é conseguir restaurar todo o material rodante, além de todo o trecho ferroviário em comodato, além de despoluir o rio Juqueri, que margeia a ferrovia. Futuramente há planos de serem construídas estações temáticas ao longo da ferrovia, a fim de tornar o passeio mais didático e ampliar o processo de musealização em curso atualmente no local.

 

A Fábrica de Cimento Portland Perus

A Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus S.A. foi fundada por investidores canadenses da indústria Drysdale y Pease, de Montreal, com dois parceiros brasileiros em 1924. A Fábrica de Cimento Portland Perus foi inaugurada em 26 de junho de 1926, ocupando uma área de 100.000 m2. Até ser vendida em 1951, era uma empresa subsidiária da Lone Star Cement, dos EUA, que era a líder no setor na época. É considerada a primeira fábrica de cimento bem-sucedida do Brasil (a primeira de fato foi criada foi em Recife. No entanto, tal empreendimento não prosperou). O cal era fabricado em Cajamar e transportado para Perus através da ferrovia Perus-Pirapora e que, por sua vez, era encaminhado para a capital paulista através dos trilhos da São Paulo Railway.

Oficina de equipamentos


Ela se situava próxima à jazida calcária conhecida como “Grupo São Roque”, que se estende do Estado de São Paulo, na região de Caieiras e Perus, até o Estado do Paraná. Além disso, sua proximidade com a Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, a primeira hidrelétrica paulista, em Santana de Parnaíba, era muito benéfica. Para saber mais sobre Santana de Parnaíba, clique aqui para ler uma matéria de minha autoria sobre tal cidade.

Restaurante


Durante o período entre 1926 e 1933, a fábrica de cimento teve uma enorme importância para a cidade de São Paulo, pois forneceu a matéria prima que foi usada na construção de prédios, casas, indústrias e várias outras edificações não apenas na capital paulista, mas também em outros estados do país.

Moinhos


Devido à demanda por mão de obra, pessoas de toda parte foram para Perus, desde mineiros e nordestinos até portugueses, espanhóis e italianos. Os brasileiros mais humildes faziam o trabalho pesado, enquanto os estrangeiros trabalhavam como médicos, engenheiros, arquitetos e químicos. A fábrica operava dia e noite, ininterruptamente.

Silos de armazenamento de cimento


O complexo que englobava a Ferrovia Perus Pirapora, a Fábrica de Cimento Portland Perus e as pedreiras da região foi todo comprados pelo Grupo J.J. Abdalla em 1951. Em pouco tempo, Abdalla se tornou conhecido como “O Mau Patrão”, principalmente por gerir a fábrica de forma desleixada e imprudente, pois o maquinário da fábrica sequer tinham manutenção adequada, o que forçava a paralisação das máquinas, que quebravam com frequência. Além disso, os operários também sofriam com atrasos salariais, falta de equipamentos básicos como capacetes e máscaras de proteção, além de outras violações trabalhistas. Por tais motivos foi criado um grupo para a defesa dos direitos dos trabalhadores, na tentativa de verem atendidas suas reinvindicações.  Assim surgiu o movimento dos Queixadas, que pregava a luta não violenta, com firmeza permanente e não violência ativa, de forma semelhante à usada por Mahatma Gandhi na Índia e Martin Luther King nos EUA.

Esteira do depósito de pedras


A fábrica foi o epicentro da maior paralisação da história sindical brasileira: “A greve dos Queixadas”, que durou 7 anos, de 1962 a 1969 e lutou por melhores condições de trabalho para os operários da fábrica e por seus direitos. Além disso, em Perus também ocorreu um dos primeiros episódios de luta ecológica da história do Brasil, quando um grupo de mulheres do bairro se insurgiu contra a poluição ambiental gerada pela fábrica de cimento.



A denominação “Queixada” se deu pelo fato dessa espécie de porco selvagem se unir em grupo quando se sente ameaçado, formando uma manada e batendo o seu queixo. Quando estão unidos, são capazes de enfrentar onças ou até caçadores, estraçalhando quem os atacar. Os operários da fábrica deram um exemplo de unidade semelhante à tais animais.

Depósito de clínquer


As formas tradicionais de protesto foram substituídas por passeatas, greves de fome e assembleias, sempre com um viés pacífico e não violento.  A não centralização da luta e a inexistência de um protagonista no movimento eram características da “firmeza permanente” defendida pelos Queixadas, cujos adversários eram conhecidos como “Pelegos”. A greve só foi encerrada em 1969 com uma vitória parcial do movimento dos Queixadas.

Vestiários


Em 1964, José João Abdalla teve seu mandato de deputado cassado por corrupção. No ano seguinte foram descobertas práticas fraudulentas do Grupo Abdalla, que levaram à abertura de um inquérito que averiguou no ano de 1969 que todas as 32 empresas do grupo não recolhiam quaisquer impostos. Desta forma, a administração do Grupo J.J. Abdalla só perdurou até o ano de 1974, quando a fábrica foi expropriada pelo governo federal, que confiscou os bens da companhia, passando então a ser administrada pelo Ministério da Fazenda.

Casarão do M


Em 1981, o complexo foi colocado em leilão, recebendo um único lance dado pelo consórcio Chohfi-Abdalla, sendo novamente adquirido por herdeiros do Grupo J.J. Abdalla, permanecendo em operação até o encerramento da produção de cimento em 1983 e ao fechamento definitivo da fábrica em 1987, devido à falta de infraestrutura e péssimas condições de trabalho oferecidas pela empresa.

Vila Triângulo


Com a construção da Rodovia Anhanguera, o bairro de Gato Preto passou a ser cortado ao meio, tendo sido desativadas as minas de calcário, os fornos de cal e a fábrica de celulose.

Capela São José


No ano de 2002 a fábrica foi declarada patrimônio histórico da capital paulista, mas foi abandonada pelo poder público e trancada por seus proprietários. Desde então, moradores do bairro (com 160.000 habitantes) e movimentos sociais vêm lutando para tentar transformar o espaço em um centro cultural, em um parque Memorial dos Queixadas e uma universidade. Infelizmente, Perus não oferece à sua população nenhum teatro, cinema ou qualquer outro equipamento cultural oficial. É alarmante a falta de estrutura da região, o que denota o total abandono do bairro por parte do poder público.

Perus tem uma longa tradição de lutas que marca seu povo, segundo Padre Genésio, conhecido no bairro. Esse comportamento persiste até os dias de hoje, seguindo o espírito dos Queixadas, pois a população local busca uma melhor qualidade de vida, educação e saneamento. Acreditam que com a maior conscientização dos moradores da cidade de São Paulo, o bairro possa finalmente receber a merecida atenção e ser recompensado por todas as riquezas que trouxe para a capital paulistana, pela matéria prima que ajudou a construir nosso país.



Venha conhecer também esses locais repletos de histórias e faça um passeio aos pontos mencionados nessa matéria. Ao visitá-los, você já estará ajudando na divulgação e preservação da história de São Paulo e contribuindo para que os objetivos dos defensores desse incrível patrimônio sejam alcançados, viabilizando um futuro melhor para todos os moradores da região.

 

Esta visita foi realizada com o apoio da Tour Jundiahy. Clique no logo abaixo paraser direcionado diretamente ao site da empresa, agendar o seu passeio econhecer de perto esses locais tão interessantes e importantes para a nossahistória.


Com agradecimentos especiais à:

Tour Jundiahy

Ricardo Silva

Luís Alberto Moura

Aline Rodrigues

Nelson Bueno de Camargo

Bonfilio A. Ferreira

Débora Dias dos Santos

Robson Azevedo

 

 

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Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em novembro de 2020.

 

Bibliografia usada:

Marco Histórico e Cultural de Perus, terreno de fábrica de cimento pode virar moradia popular – 17/02/2016 – Por Jéssica Moreira, com a colaboração de Pedro Ribeiro Nogueira.

Queixadas – por trás dos sete anos de greve – Por Jéssica Moreira e Larissa Gould

Site da Prefeitura de São Paulo – Perus (http://perus.prefeitura.sp.gov.br)

Wikipedia

Piritubanet – (www.pirituba.net/peruspirapora)

Ferrovia Perus Pirapora Abre para Passeio Turístico, por Marcelo Galli – 05/06/2011 - Estado de São Paulo

Estrada de Ferro Perus Pirapora – Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural.

Moradores de Perus lutam para preservar a história dos Queixadas, por Emily Dulce – Brasil de Fato – 28/02/2018

Perus 84 anos: trens, cimento e a construção do Brasil, por Ira Romão – Agência Mural

O Patrimônio Pós Industrial e Operário da Cia. Brasileira de Cimento Portland Perus, por Débora Dias dos Santos – TFG Mackenzie

quinta-feira, 4 de março de 2021

AUVERS SUR OISE

 

AUVERS SUR OISE – SEGUINDO OS PASSOS DE VAN GOGH

 

O caminho para Auvers Sur Oise

Campo de trigo com corvos


Campo de trigo com corvos - Foto de Céline Clanet - The Wall Street Journal


É comum as cidades e vilarejos marcarem a vida daqueles que nela residem, ainda que temporariamente. No entanto, em alguns casos excepcionais, são pessoas que imortalizam uma determinada localidade, por sua presença significativa e pelas marcas que deixou ao partir. Esse é exatamente o caso da pequena Auvers Sur Oise, situada a pouco mais de 30 km ao noroeste de Paris. Até os dias de hoje a charmosa e pitoresca cidade é associada à figura de um dos maiores pintores da história: o genial holandês Vincent Van Gogh.

Foi em Auvers, localizada à beira do rio Oise, que Van Gogh passou os seus 70 últimos dias de vida, tendo lá morrido após uma tentativa falha de suicídio, na qual o grande mestre veio a falecer após dois dias sofrendo em seu leito de morte.

Durante sua curtíssima estadia, o genial flamengo produziu suas obras de forma frenética e incessante, como se soubesse que o fim era próximo e quisesse deixar o maior legado possível à humanidade antes de partir dessa vida. Nesse breve período, ele criou nada menos do que 80 quadros e 64 esboços, ou seja, mais de dois trabalhos a cada dia, sendo que muitas delas são consideradas atualmente obras primas, entre as melhores que pintou em sua curta e brilhante carreira.

Paisagem de Auvers


Antes de chegar à Auvers Sur Oise, no dia 20 de maio de 1890, Van Gogh havia residido por um período no sul da França, em Arles. Embora o período vivido em Arles tenha lhe proporcionado a criação de grandes obras, foi lá que o holandês vivenciou um dos episódios mais dramáticos de sua vida, quando após ter uma séria discussão com seu amigo e parceiro de pintura Gauguin, Van Gogh cortou uma de suas orelhas em um aparente ataque de fúria ou epilético.

Assustado com o que fizera contra si mesmo, o pintor holandês pediu para ser internado no asilo e hospício de Saint Paul de Mausole, no vilarejo de Saint Rémy de Provence, no qual permaneceu voluntariamente durante um ano. Nesse local, ele teve várias crises epiléticas, mas, gradativamente, foi se recuperando, tendo continuado pintando durante toda sua estadia. Após um ano internado, Van Gogh pediu para que seu querido irmão Theo preparasse sua saída, pois não suportava mais viver em meio aos loucos do hospício e estava buscando um lugar tranquilo e silencioso para poder pintar seus quadros.

Retrato do Dr. Gachet


Theo Van Gogh foi a pessoa mais marcante na vida de Vincent Van Gogh. Seu irmão sempre o apoiou emocionalmente e financeiramente, pois trabalhava em uma galeria de arte em Montmartre, em Paris e enviava mensalmente uma quantia de 150 francos, com os quais Vincent se mantinha de forma precária, levando uma vida muito simples, cheia de privações. Tal apoio monetário era fundamental para Van Gogh, pois ele conseguiu vender apenas um quadro durante toda a sua vida.

O vínculo afetivo entre os dois era muito forte. Como sabia que Vincent não suportaria viver em Paris, devido à agitação da cidade e a sua doença, Theo tentou encontrar uma solução. Ele pediu que Pisarro, outro grande pintor, hospedasse Vincent em sua casa em Eragny Sur Ept. No entanto, Pisarro não pode atender o pedido de Theo, pois Vincent nessa época já tinha uma reputação de louco perigoso, e esse temia que o holandês pudesse machucar sua esposa ou algum de seus seis filhos.

Como também gostava muito de Vincent, Pisarro entrou em contato com um renomado médico parisiense chamado Dr Gachet, que era viúvo e tinha dois filhos criados por uma governanta, uma filha chamada Marguerite e um filho chamado Paul. O Dr Gachet possuía uma casa de campo em Auvers Sur Oise, a qual frequentava três vezes por semana. Desta forma, Pisarro sugeriu que Theo preparasse uma carta de apresentação para Vincent, que veio visitá-lo em Paris por três dias, para que ele entregasse ao Dr Gachet em Auvers Sur Oise. Havia a esperança de que o médico pudesse ajudar Vincent em seu tratamento contra a epilepsia e até mesmo o auxiliasse a encontrar um lugar para passar uma temporada pois, inicialmente, Vincent iria apenas ficar alguns dias na cidade. Ninguém jamais imaginava que aquele seria o último local onde o mestre holandês iria morar e no qual viria a falecer.

Marguerite Gachet no jardim de sua casa


Vincent se apresentou ao Dr Gachet assim que chegou à Auvers, tendo em mãos uma carta preparada por seu irmão Theo. Dr Gachet foi muito receptivo e atencioso com Van Gogh, pois ele era um amante da pintura impressionista, sendo ele mesmo um pintor em seu tempo vago, adotando o nome artístico de “Van Hyssel”, claramente inspirado pelos mestres flamengos.

O Dr Gachet examinou Vincent e o aconselhou que pintasse incessantemente para evitar o retorno de suas crises epiléticas. O ideal seria que ele se mantivesse ocupado o tempo todo. Infelizmente o médico não pode hospedar Van Gogh em sua casa, mas lhe recomendou um albergue próximo à sua residência que cobrava 6 francos por dia. Van Gogh achou o valor muito caro e acabou encontrando outro albergue, bem em frente à prefeitura de Auvers, chamado Auberge Ravoux, no qual acabou se estabelecendo por 3,5 francos ao dia, com direito à 3 refeições, vivendo em um quarto no último andar, sem janelas, apenas com uma pequena claraboia. Seu quarto possuía apenas uma cama, uma cadeira e suas obras cobrindo todas as paredes. Foi nesse local que o grande Van Gogh passou os últimos dias de sua vida e veio a falecer.

A rotina de vida de Van Gogh em Auvers

O artista aproveitava os seus dias ao máximo. Se levantava às 6h e se deitava para dormir às 9h.

Além de pintar muito, também escrevia cartas diariamente para o seu irmão, Théo, em Paris. Em sua correspondência, contava o que havia pintado, relatava suas impressões sobre a cidade e seus habitantes. Foi graças a tais cartas que os pesquisadores conseguiram resgatar e compreender vários aspectos da vida e do trabalho do artista

Aos domingos, almoçava na casa do Dr Gachet, sendo que algumas vezes retornava às segundas ou terças para concluir alguma obra que havia iniciado no domingo anterior.

Campos de coquelicot


Vincent se sentia um inútil por precisar de ajuda financeira constante de seu irmão para se manter ativo artisticamente. Tal sentimento só foi se acentuando com o passar do tempo. Seu estado de espírito só piorou quando ficou sabendo que seu irmão também estava passando por problemas financeiros, que significariam uma dificuldade ainda maior em mantê-lo em Auvers. Van Gogh tinha uma vida que beirava a pobreza, pois se mantinha com café, tabaco e absinto que, na época, tinha a reputação de ser uma bebida que levava os que a bebiam à loucura.

No dia 27 de julho de 1890, Van Gogh deixo o Auberge Ravoux após o almoço. Não retornou para o jantar e, ao finalmente chegar, entrou de cabeça baixa e se refugiou imediatamente em seu quarto. Ao verificar o que estava acontecendo com seu hóspede, o proprietário do estabelecimento encontrou Van Gogh na cama, deitado e ferido com um disparo de uma pistola que ele havia encontrado em uma gaveta no piso térreo do albergue. O Dr Gachet foi imediatamente contatado e veio visitar seu amigo e paciente. Constatou que seria impossível transportar Vincent para o hospital mais próximo para uma intervenção. O irmão de Vincent, Théo, foi contatado através de uma carta que foi entregue logo na tarde seguinte. Ele veio até Auvers e ficou ao  lado de seu irmão até o seu último instante, quando Van Gogh faleceu às 1:30h do dia 29 de julho.

Arma usada por Van Gogh para se suicidar. Foto de Charles Platiau


Dois dias após ter atirado em seu próprio peito, Van Gogh morreu nesse quarto nos braços de seu irmão Theo, que havia sido avisado em Paris do estado de saúde terminal de Vincent. As últimas palavras ditas por ele foram: “A tristeza durará para sempre.” A causa de sua morte foi provavelmente devida a uma infecção da bala ainda alojada em seu peito. Após seu falecimento, foi encontrada uma carta no bolso de seu casaco que ainda não havia sido enviada para seu irmão. Nela, Vincent afirma que: “"Bem, meu próprio trabalho, estou arriscando minha vida por ele e minha razão meio que afundou por causa disso – mas está tudo bem..."

 

Roteiro Turístico na cidade – Maiores Atrações para seguirmos os passos de Van Gogh

Embora a cidade tenha crescido desde a morte de Van Gogh, ela ainda tem uma população de menos de 7000 pessoas, sendo um lugar de fácil visitação turística a pé. Para aqueles que querem conhecer os lugares mais marcantes da estadia de Van Gogh em Auvers Sur Oise, eu recomendo as seguintes atrações, nesta sequência.

1-   Casa do Dr Gachet

2-   Auberge Ravoux

3-   Igreja Notre Dame de Auvers

4-   Cemitério de Auvers

Casa do Dr Gachet

O passeio pode ser iniciado pela casa do Dr Gachet, que atualmente é um museu. No local podemos ver os quartos onde o médico parisiense tratava o pintor holandês com medicamentos homeopatas, além dos lindos jardins nos quais ambos pintavam juntos, pois o médico se tornou confidente e amigo pessoal de Vincent. Vários quadros famosos de Van Gogh retratam a residência Gachet. Além disso, lá também foi pintada uma das maiores obras da carreira de Van Gogh, o retrato do Dr Gachet que, durante algum tempo, foi o quadro mais valioso do mundo, tendo sido vendido na época por 82,5 milhões de dólares. Quando concluiu a obra, Van Gogh escreveu uma carta para seu irmão Theo lhe contando que havia pintado o Dr Gachet com uma expressão de melancolia, que poderia até mesmo parecer uma careta para aqueles que vissem o quadro.





Auberge Ravoux

Em seguida, podemos caminhar até o Auberge Ravoux, onde o pintor viveu seus últimos dias e morreu no quarto de número 5. Na época, o local era uma hospedaria com um restaurante no piso térreo. Atualmente não existe mais a hospedaria, que foi transformada em um museu privado, mas o restaurante permanece em funcionamento. Os proprietários do estabelecimento servem um cardápio inspirado em pratos que eram servidos na época de Vincent Van Gogh e que, provavelmente, foram saboreados por ele. No andar de cima do Auberge Ravoux, podemos visitar o quarto onde viveu e morreu Van Gogh.




Não são permitidas fotografias dentro do quarto do pintor. Ao subirmos uma escada de madeira podemos imaginar o que Van Gogh sentia ao chegar ao seu quarto ao final de cada dia, após ter concluído várias obras de arte que se tornaram preciosas após sua morte. O quarto é minúsculo, sem janelas, com apenas uma cadeira. A cama onde o pintor faleceu não está mais lá. O proprietário atual do local instalou uma proteção antifurto em uma das paredes na expectativa de que algum museu lhe emprestasse uma obra de Van Gogh pintada em Auvers para exposição, o que não ocorreu até hoje. As paredes nuas acentuam ainda mais a austeridade do ambiente. É incrível imaginá-las cobertas de obras primas que ninguém queria na época e, após a morte de Van Gogh, foram parar nos maiores museus de todo o mundo, inclusive no MASP, em São Paulo. Apenas uma pequena claraboia no teto fornece um pouco de luz ao sombrio ambiente onde Van Gogh viveu seus últimos dias e faleceu. Ele não pintava em seu quarto e, desde sua morte, o espaço nunca mais foi alugado para nenhum outro hóspede, pois há uma superstição francesa que não se deve alugar um quarto onde alguém morreu. Desde 1926 o Auberge Ravoux é conhecido como “Casa de Van Gogh”. Preservado há mais de um século, o quarto é considerado o menor museu do mundo e foi classificado como um monumento histórico em 1985. Sem dúvida, o lugar mais emocionante de toda a visita.

Quarto de Van Gogh - Foto da Maison de Van Gogh


O Auberge Ravoux é uma das atrações principais da cidade, pois tem um papel representativo na vida do grande pintor. Atualmente ele se encontra todo restaurado e oferece um pequeno e belo museu que conta a história de Van Gogh em Auvers, incluindo um interessante vídeo de 13 minutos de duração assistido por todos os visitantes. Há também uma loja de presentes e lembranças relativas à obra do grande artista.

Igreja Notre-Dame-d’Auvers

A igreja principal de Auvers foi imortalizada por Van Gogh, que escolheu pintá-la por um ângulo inusitado, vista por trás. Acabou se tornando um de seus quadros mais famosos.



Atualmente há uma reprodução do quadro de Van Gogh em uma placa explicativa exatamente no local de onde ele teria pintado a obra, para que os visitantes possam ter exatamente a mesma visão que ele teve do local. Além disso, em vários outros locais da cidade há placas informativas contando detalhes sobre as obras de Van Gogh pintadas em locais específicos, tais como na casa do Dr Gachet e nos campos de trigo próximos ao cemitério da cidade.



Se quiser ter a mesma visão que o mestre teve, visite a igreja no início da tarde, para ver as sombras que foram retratadas na pintura. Não deixe de visitar o interior da igreja também, que é linda e faz parte do patrimônio histórico e cultural da cidade.

Foto da Prefeitura de Auvers sur Oise


Cemitério de Auvers

Para finalizar o seu passeio, siga até o cemitério, passando pelos lindos campos de trigo imortalizados nos quadros de Van Gogh, particularmente na obra “Campos de Trigo com corvos”, que podem ser vistos até os dias de hoje.

Campos de trigo


Ao adentrar o cemitério, logo verá os túmulos dos irmãos Vincent e Théo Van Gogh, enterrados lado a lado e cobertos um manto de ervas trazidas por Paul, filho do Dr Gachet.

Vincent foi enterrado no dia seguinte à sua morte. Théo morreu seis meses depois. Afirma-se que a causa de sua morte foi o desgosto com a partida do querido irmão. Inicialmente ele foi enterrado em Utrecht, na Holanda. 30 anos depois seu corpo foi transferido, a pedido de sua esposa Johanna, até o cemitério de Auvers, para repousar ao lado do irmão que tanto amava.

Um detalhe curioso é que por cima do baixo muro do cemitério podemos ver os lindos campos de trigo retratos por Van Gogh e as belas flores “coquelicot” vermelhas que cobrem tais campos, que serviram de inspiração para seus últimos quadros.

Túmulos de Vincent e Théo Van Gogh


É incrível pensarmos que Van Gogh tenha falecido com apenas 37 anos de idade e, durante pouco mais de uma década de pinturas, tenha conseguido produzir mais de 2100 obras, muitas delas consideradas obras primas, que imortalizaram seu nome no panteão dos maiores artistas da história da humanidade.

Sem dúvida, uma visita que sensibilizará todos aqueles que são amantes das artes e querem conhecer um pouco mais sobre o enigmático e genial mestre holandês que deixou suas cores intensas marcadas na história da pintura: Vincent Van Gogh.

“Eu sonho com a pintura e, então, eu pinto meus sonhos.”

– Vincent van Gogh

 

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Agradecimentos especiais:

Otávio Gabriel Briones

Thaís Aveiro

 

Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em agosto de 2014, exceto as indicadas com os nomes de outros fotógrafos.

 

Bibliografia usada:

Van Gogh – Auvers Sur Oise, de François Mathey

Van Gogh à Saint Rémy et Auvers – 1889-1890, de Uwe M. Schneede

Auvers Sur Oise – Lumière à Peindre, de Patrick Brevet e Régis Molinard

https://www.earthtrippers.com/auvers-sur-oise/

https://www.wsj.com/articles/a-tour-of-van-goghs-picture-perfect-french-village-1437073199

https://listasdeviagem.com/2016/08/25/auvers-sur-oise-seguindo-os-ultimos-passos-de-van-gogh/

https://blogvisitasguiadasemparis.com/arte/nos-passos-de-vincent-van-gogh-em-auvers-sur-oise/

https://www.colleensparis.com/2010/07/day-trip-to-auvers-sur-oise-an-eternal-village/

https://travelingboy.com/travel/in-the-path-of-vincent-van-gogh/