sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

TEARS FOR FEARS - THE SEEDS OF LOVE

ÁLBUNS CLÁSSICOS DO ROCK – VOLUME 8

TEARS FOR FEARS – THE SEEDS OF LOVE

 



FICHA TÉCNICA

ANO DE LANÇAMENTO

1989

PRODUZIDO POR

TEARS FOR FEARS & DAVID BASCOMBE

MÚSICOS PRINCIPAIS

ROLAND ORZABAL – VOCAL (EXCETO FAIXA 4), BACKING VOCALS, GUITARRA, TECLADOS, PROGRAMAÇÃO FAIRLIGHT

CURT SMITH – BAIXO, BACKING VOCALS, VOCAL (FAIXA 4)

IAN STANLEY – TECLADOS E HAMMOND (FAIXA 3)

PHIL COLLINS – BATERIA (FAIXA 1)

MANU KATCHÉ – BATERIA (FAIXAS 1, 2 E 5)

CHRIS HUGUES – BATERIA (FAIXA 3)

SIMON PHILIPS – BATERIA (FAIXAS 4, 6, 7 E 8)

LUÍS JARDIM – PERCUSSÃO (FAIXAS 1,3,4,6,7 E 8)

CAROLE STEELE – PERCUSSÃO (FAIXAS 2 E 5)

PINO PALLADINO – BAIXO (FAIXAS 1, 2 E 5)

NEIL TAYLOR – GUITARRA (FAIXAS 1 E 7)

ROBBIE McKINTOSH – GUITARRA (FAIXAS 2 E 7)

RANDY JACOBS – GUITARRA (FAIXAS 3,4,5,6 E 8)

SIMON CLARK – TECLADOS, HAMMOND (FAIXAS 2,4,5 E 7)

NICKY HOLLAND – TECLADOS, PIANO, BACKING VOCALS (FAIXAS 2,4,6,7 E 8)

RICHARD NILES – ARRANJO ORQUESTRAL (FAIXA 3)

JON HASSEL – TRUMPETE (FAIXAS 5 E 8)

PETER HOPE EVANS – GAITA (FAIXA 5)

KATE SAINT JONES – SAXOFONE E OBOÉ (FAIXA 6)

TESSA NILES, CAROL KENYON, MAGGIE RYDER, DOLETTE MCDONALD E ANDY CAINE – BACKING VOCALS

TODAS DAS FAIXAS DE AUTORIA DE ROLAND ORZABAL E NICKY HOLLAND, EXCETO FAIXAS 1 E 5, DE AUTORIA DE ROLAND ORZABAL E FAIXA 3 DE ROLAND ORZABAL E CURT SMITH

 

LISTA DE CANÇÕES DO ÁLBUM

1

WOMAN IN CHAINS

2

BADMAN’S SONG

3

SOWING THE SEEDS OF LOVE

4

ADVICE FOR THE YOUNG AT HEART

5

STANDING ON THE CORNER OF THE THIRD WORLD

6

SWORDS AND KNIVES

7

YEAR OF THE KNIFE

8

FAMOUS LAST WORDS

 

ORIGENS DO ÁLBUM

No ano de 1985, o duo de pop/rock “Tears for Fears”, formado por Roland Orzabal e Curt Smith, estava no topo das paradas do mundo inteiro devido a enorme repercussão de seu segundo álbum, “Songs from the Big Chair”. Duas de suas faixas, “Shout” e “Everybody Wants to Rule the World” haviam se tornado sucessos mundiais, sendo que a última acabou informalmente se tornando o hino do gigantesco festival “Live Aid”, organizado por Bob Geldof no mesmo ano.

Curt Smith e Roland Orzabal


A vasta popularidade da dupla os levou a fazerem uma longa tour mundial, na qual passaram muito tempo na estrada, viajando de cidade para cidade, país a país, sempre tocando um repertório fixo, com os mesmos músicos. Havia uma forte procura por shows, entrevistas, sessões de foto e todas as outras demandas comuns aos artistas em grande evidência do momento.

Embora financeiramente e profissionalmente estivessem aproveitando o sucesso que haviam alcançado, artisticamente, Orzabal e Smith se encontravam insatisfeitos, como prisioneiros de uma fórmula musical muito rígida, baseada em instrumentos eletrônicos, baterias programadas, sequencers, backing vocals e vários outros elementos que não davam nenhuma margem para o improviso ou criatividade da dupla. Ambos se sentiam dentro de uma “camisa de força musical”. Pelo fato de terem iniciado seus trabalhos no início dos anos 1980, quando a música eletrônica e programada possuía um forte apelo popular, esse naturalmente havia sido o caminho trilhado pelo duo em seus dois primeiros álbuns, “The Hurting” e “Songs from the Big Chair”. Faltava alma, coração e sentimento na música do “Tears for Fears”, segundo Orzabal e Smith.

A semente do terceiro álbum da dupla foi lançada quando, em meio à tour promocional de seu segundo álbum, eles se apresentaram em Kansas City, nos EUA. Ao voltarem para o hotel no qual estavam hospedados, o Hyatt Regency Hotel, Orzabal e Smith decidiram ir ao bar do hotel para beberem algo juntos e relaxarem após a apresentação daquela noite. Chegando lá presenciaram um show que mudaria suas vidas. Viram uma cantora e pianista negra americana, chamada Oleta Adams, se apresentar juntamente com apenas um baixista e um baterista. Segundo Orzabal, a música e a voz de Oleta Adams tinham muito mais energia do que qualquer composição já escrita por eles. Smith afirmou que a música deles na época não possuía alma, enquanto a de Oleta foi capaz de fazer Orzabal chorar de emoção. Smith e Orzabal ficaram extremamente tocados pelo talento e carisma da cantora e pianista. Não quiseram abordá-la na ocasião, mas nunca mais esqueceram seu nome.



Descobriram ali, naquele exato momento, que aquele seria o novo caminho que deveriam trilhar: deixar de lado os instrumentos eletrônicos, programações, baterias eletrônicas, e tentarem capturar a essência espiritual da música, com muito sentimento, interação entre os músicos, improvisos e uma maior participação de instrumentos acústicos. Estava lançada a “Semente do Amor” (The Seeds of Love, em inglês, título daquele que seria o terceiro álbum da dupla).

Ao iniciarem as sessões de gravação do terceiro álbum, a dupla rompeu totalmente com o padrão anterior que haviam usado em seus dois primeiros álbuns. Como tinham obtido um enorme sucesso com o trabalho anterior, a gravadora deles havia lhes dado carta branca para fazerem o que quisessem no próximo trabalho. Literalmente foram informados que poderiam levar todo o tempo necessário para gravá-lo, gastar todo o dinheiro que precisassem e que, no final das contas, lhes entregassem o “álbum perfeito”. Uma tarefa nem um pouco fácil e que gerou uma enorme pressão sobre os artistas, a fim de se superarem comercialmente e artisticamente.

As sessões de gravação de “The Seeds of Love” se iniciaram em 1986 com os produtores Clive Langer e Alan Winstanley. No entanto, Orzabal e Smith não ficaram satisfeitos com os resultados obtidos e descartaram as gravações feitas até então. Chamaram Chris Hughes e Ian Stanley, que haviam respectivamente produzido e tocado teclados nos dois álbuns anteriores da banda para ajudá-los. Infelizmente, mais uma vez os problemas surgiram, pois Hughes e Stanley estavam habituados a um sistema de trabalho mais rígido, baseado em instrumentos eletrônicos. Orzabal havia cansado de compor e tocar música usando instrumentos eletrônicos e estava buscando um direcionamento musical mais orgânico, com músicos de verdade gravando juntos ao vivo no estúdio, improvisando, errando, descobrindo novos sons baseados na interação musical de vários talentos reunidos.

As obras que haviam criado até então eram um pouco estéreis em termos musicais. Agora, Smith e Orzabal queriam algo mais colorido, que fosse grandioso e com muito calor humano, algo que não se pode obter através de aparatos eletrônicos.

A dupla acabou dispensando Hughes e Stanley, embora suas contribuições tenham permanecido no álbum que seria lançado futuramente, e decidiram que eles mesmos produziriam o novo trabalho, sendo auxiliados pelo engenheiro de som David Bascombe, que já havia trabalhado com eles anteriormente. Em seguida, Orzabal e Smith entraram em contato com Oleta Adams nos EUA e lhe convidaram a fazer parte das gravações do novo álbum com eles. Para mostrar que eles não estavam brincando com ela, ambos voaram da Inglaterra para os EUA para encontrá-la pessoalmente, passando quatro dias com a cantora, cantando, tocando e trocando ideias musicais. Oleta acabou aceitando o convite e partiu para a Inglaterra, passando um mês no estúdio gravando com o “Tears for Fears”. Orzabal afirmou que Oleta foi o elemento chave que desencadeou todo o andamento do novo trabalho, tendo sido a figura central inspiradora. Embora tenha sido originalmente convidada apenas para cantar na faixa “Woman in Chains”, Oleta acabou participando de duas outras faixas também, “Badman’s Song” e “Standing on the Corner of the Third World”. No final das gravações, lhe foi oferecido um contrato na mesma gravadora do “Tears for Fears” e foi feito um convite para fazer parte da banda ao vivo na tour promocional do novo álbum.

Roland, Oleta Adams e Curt


As novas sessões de gravação se iniciaram no início de 1988 e duraram até 1989. Para cada canção foram selecionados músicos específicos que poderiam ajudar a banda a capturar a essência desejada para cada tema. Foi reunido um grande time de músicos de estúdio, entre eles, os renomados bateristas Simon Philips e Manu Katché, a percussionista Carole Steele, os guitarristas Robbie McIntosh e Neil Taylor, o baixista Pino Palladino e até mesmo o lendário Phil Collins para tocar bateria em uma faixa do álbum. A maior parte do álbum foi registrada como longas jam sessions entre os músicos, as quais posteriormente foram editadas e tiveram outros instrumentos acrescentados. O que o duo buscava nas gravações não era a excelência técnica ou perfeição, e sim, uma interpretação com alma e emoção. Os melhores momentos foram selecionados e meticulosamente editados em estúdio. Orzabal declarou que essas sessões foram quando o álbum realmente começou a tomar forma, tendo sido mágicas.

As sessões para o álbum somente foram encerradas em 1989, após quase 4 anos de trabalho e mais de 1 milhão de libras gastos em 9 estúdios diferentes, produção e no pagamento de músicos de estúdio. O novo trabalho tinha uma sonoridade completamente distinta da dos anteriores, com vários elementos de soul, jazz, Beatles, além de uma paleta musical muito mais rica e colorida, verdadeiramente cinematográfica, levando os ouvintes a uma genuína e inesquecível viagem musical.

A consciência é o tema central do álbum. Foram abandonados os temas relativos à terapia do Grito Primal, do psicólogo Arthur Janov, tão presentes nos dois primeiros álbuns da banda, que haviam se tornado mais populares após John Lennon ter seguido tal modalidade de terapia com o próprio Janov, o que resultou no seu brilhante álbum solo, simplesmente intitulado “John Lennon – Plastic Ono Band”. Desta vez, Orzabal e Smith tiveram uma enorme influência de Carl Jung e sua teoria do inconsciente coletivo, inserindo também em suas letras várias referências aos arquétipos planetários e simbologia astrológica, especificamente o Sol e a Lua que, respectivamente, representam a natureza masculina e feminina. Os vários aspectos da consciência que são abordados no álbum variam desde a dualidade entre vida e morte, o sono, os sonhos e o despertar. O objetivo principal das canções e letras do álbum é fazer com que o ouvinte desperte como indivíduo, a fim de poder participar ativamente de sua própria vida

A gravadora pediu e a banda atendeu, lhes entregando um álbum simplesmente perfeito. A obra prima da carreira do “Tears for Fears”.

 

ANÁLISE DO ÁLBUM - FAIXA A FAIXA

 

Woman in Chains


O álbum já se inicia com uma das mais belas canções da carreira da banda, além de uma das mais tocantes e emotivas. O dueto entre Roland Orzabal e Oleta Adams aqui é algo que consegue trazer lágrimas aos olhos de quase todos que ouvem atentamente tal faixa. Podemos sentir nitidamente a emoção expressa por ambos os cantores brilhantes, acompanhados por um time de músicos de primeira qualidade.

Essa faixa é considerada uma tipo de hino pró-mulheres, contra a opressão sofrida por elas em todo o mundo, e foi inspirada por um livro que Orzabal estava lendo na época sobre as sociedades matriarcais. Ele quis expressar como as mulheres são reprimidas em suas vidas, tendo seus desejo esmagados e acorrentados, muitas vezes pelos homens de sua vida e pela sociedade. Também são insinuados os temas da violência doméstica e relacionamentos possessivos na letra da canção.

Single "Woman in Chains"


Oleta Adams gostou de ter gravado essa canção, que explorou uma parte do alcance vocal dela que não costumava usar, mais agudo, pois ela sempre havia cantado usando a parte mais grave de sua voz. Segundo ela, foi uma ótima experiência, pois ela apreciou bastante ter cantado em dueto com Roland, pois ela pensa que a voz dele é linda, o considerando um grande cantor. Ela também afirmou ter ficado impressionada com o perfeccionismo de Orzabal, que fazia questão de que cada sílaba fosse pronunciada de forma correta e clara.

Oleta Adams


No entanto, em uma entrevista Orzabal afirmou que um outro aspecto da canção é a negação do lado feminino dos homens, que é sempre fortemente reprimido pela sociedade e pelos outros homens, tais como pais, irmãos e parentes mais velhos. Disse que quando ele canta “Então a liberte”, na realidade, ele também está cantando “Então me liberte”, pois dentro dos homens há também um elemento feminino quase sempre escondido ou aprisionado. No final das contas, tanto os homens quanto as mulheres sofrem por isso. Ele afirmou que se inspirou em sua mãe inglesa para compor a canção, pois ela havia passado por um relacionamento abusivo com o seu pai, de origem espanhola. A menção das qualidades femininas e masculinas é enfatizada na letra quando Orzabal menciona “o Sol e a Lua”, no final da canção.

Musicalmente, a guitarra arpegiada de Neil Taylor embeleza a canção, com muita delicadeza e precisão. Já o baterista Manu Katché dá o seu habitual toque percussivo na parte inicial da canção até a entrada de Phil Collins, que toca bateria na parte mais pesada dela, a levando para um outro patamar, mais impactante. Collins declarou que havia conhecido Curt Smith no show em homenagem à Nelson Mandela, em Londres, e que posteriormente foi convidado para gravar a canção em estúdio com eles. Segundo ele, foi um trabalho bastante difícil, pois ele tinham em mente um tipo de som específico que queriam obter da bateria dele. Foi o segundo single a ser lançado do álbum.

Phil Collins e Tears for Fears

 

Badman’s Song

A primeira canção composta para o novo álbum, originalmente era muito diferente do que acabou se tornando posteriormente até quando foi finalmente registrada em estúdio. Escrita em 1985 quando Orzabal ouviu dois membros da equipe do “Tears for Fears” falando mal dele, na tour promocional do álbum “Songs from the Big Chair”, em Denver nos EUA. Após a apresentação da banda, eles costumavam alugar um espaço no hotel onde estavam hospedados para sua equipe poder fazer uma pequena festa, descansar e relaxar um pouco.  O quarto no qual isso aconteceu foi o 628, que é mencionado na letra da canção e era exatamente ao lado daquele no qual Orzabal estava hospedado. Como até as 3 horas da manhã ele ainda não havia conseguido dormir, devido ao barulho proveniente da festa, decidiu fazer uma reclamação e pedir para todos ficarem quietos, pois já era muito tarde. No entanto, para não reclamar indevidamente, resolveu colocar o ouvido na parede de onde vinha o barulho para se certificar que aquele quarto era realmente a origem do problema. Ao fazer isso, se deu conta que o quarto era o que havia sido alugado para os membros da equipe celebrarem o sucesso do show. Para sua surpresa, 2 membros ficaram o tempo todo o xingando para o empresário da banda.

Roland compôs o refrão da canção na mesma noite e o apresentou à banda no dia seguinte. Nicky Holland teve um papel fundamental na criação desta canção e em várias outras do álbum, se tornando a principal parceira musical de Orzabal durante o período de composição das faixas que seriam incluídas futuramente no álbum “The Seeds of Love”. Por ser uma brilhante pianista, ela trouxe muito conhecimento musical para as composições da dupla, e muita confiança para Orzabal.

Roland Orzabal


A faixa foi gravada em vários estilos diferentes, com versões inspiradas em Barry White, Little Feat e Steely Dan até que fosse decidido que a versão final seria a no estilo jazz/gospel, que acabou sendo incluída, devido à decisiva participação de Oleta Adams no piano e vocal, fazendo mais um incrível dueto com Orzabal, o segundo no álbum.

Tematicamente, a canção muda o foco da consciência para a reflexão, notadamente nos versos em que o cantor diz que “em minha cabeça há um espelho”. Tal objeto simboliza o processo através do qual uma pessoa se vê através no reflexo de outros. Além disso, se trata de um símbolo significativo na temática da cura. Há também a questão da linha tênue entre a amizade e inimizade, além de como as pessoas que nos criticam pelas nossas costas, ao serem confrontadas não admitem que mentiram. São abordados também temas como culpa e remorso. Há várias imagens bíblicas, sobre como a fé é capaz de mover montanhas e o fogo consegue saciar a alma. A ideia é a de que a punição eventualmente levará à redenção. Sem dúvida, uma das letras e melodias mais trabalhadas no álbum.

Smith e Orzabal foram extremamente meticulosos na edição e processo de mixagem do álbum, consumindo 18 meses para aperfeiçoar as faixas gravadas. Apenas nessa faixa, levaram 15 dias para editar a bateria, magistralmente executada pelo baterista francês Manu Katché, famoso por seu trabalho com Peter Gabriel e Sting. Além disso, há a participação marcante do guitarrista Robbie McIntosh, que posteriormente, passou a fazer parte da banda de Paul McCartney em sua primeira tour mundial após praticamente 10 anos sem se apresentar ao vivo.

 

Sowing the Seeds of Love

A inspiração para a canção surgiu quando Roland estava dirigindo de Bath para Londres ouvindo o rádio um programa sobre Cecil Sharp, um historiador que havia feito uma pesquisa sobre todas as canções tradicionais que estavam sendo esquecidas com o passar do tempo. À medida que ele as ia descobrindo, anotava suas letras. Uma delas se chamava “The Seeds of Love”, que ele descobrira através de um jardineiro chamado “Mr. John England”. Ele achou isso incrível e anotou a ideia, que acabou sendo usada como título da canção que estava compondo. Além disso, em um mural próximo à casa de Roland em Londres existia um grafitti que dizia “I love a sunflower”. Ele gostou do que viu e decidiu anotar a ideia também. Por coincidência, o girassol (sunflower) era o símbolo do partido Ecológico, que tinha tido bons resultados na mais recente eleição. Roland afirmou que não sabia disso, mas que tudo parecia se encaixar, com uma perfeita sincronicidade.

Single "Sowing the Seeds of Love"


Na época, Roland estava se tornado cada vez mais insatisfeito com o governo de Margaret Thatcher e decidiu escrever uma canção de protesto, mas que não fosse negativa nem cheia de ressentimento. Foi assim que acabou surgindo a faixa título do novo álbum do “Tears for Fears”. A canção foi escrita em junho de 1987, na mesma semana em que o partido Conservador Britânico e sua líder Margaret Thatcher venceram as eleições e conseguiram obter um terceiro mandato.

Essa foi a única canção do álbum composta por Orzabal e Smith. A letra é um chamado para agirmos e lutarmos contra o status quo. Chegou a hora de fazermos valer nossas opiniões e mostrarmos nossa insatisfação. A canção também faz uma referência explícita aos anos 1960, especialmente ao movimento “Flower Power” e ao psicodelismo da época. A influência dos Beatles é enorme aqui, desde a capa final do álbum, claramente inspirado em “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, até a cadência da canção e a melodia do vocal, fortemente influenciados por “I Am the Walrus”, do álbum “Magical Mystery Tour”. Nitidamente, Smith e Orzabal estavam passando por uma fase influenciada pelo período psicodélico dos Beatles, entre 1966 e 1967. Os compositores não tentaram esconder suas influências, pelo contrário, as deixavam mais do que evidentes para qualquer ouvinte notá-las.

Em termos musicais e de letra, se trata de uma canção complexa, com várias partes distintas, instrumentos que surgem e depois desaparecem, vocais distorcidos (que em alguns momentos lembram Lennon, e em outros, lembram Dylan ou Bowie), harmonias, contraponto e muitos outros elementos que fizeram dessa uma das faixas mais elaboradas e ricas de todo o álbum. Além disso, ela foi o primeiro single lançado, alcançando um grande sucesso mundial.

 

Advice for The Young at Heart

A canção mais “otimista” do álbum aborda basicamente a questão dos medos, esperanças e incertezas dos recém-casados. Foi o terceiro single lançado do álbum, tendo sido extremamente bem recebida. A única canção cantada pelo baixista e vocalista Curt Smith em todo o álbum, embora a composição seja de Orzabal e Holland, que fizeram os backing vocals na faixa, que foi a última a ser gravada. A escolha de Smith para cantá-la se deu pelo fato da voz dele conseguir transmitir a ingenuidade e jovialidade que são abordadas na canção, o que foi uma decisão acertada, pois originalmente a canção era cantada por Orzabal, que a interpretou de forma mais austera.

Single "Advice for the Young at Heart"


Orzabal disse que “a canção expressa um desejo de crescer, fazendo as coisas de uma forma melhor e que elas dêem certo, abandonando o passado. Há uma consciência de que o tempo está passando e estamos envelhecendo, embora possamos ainda ter um espírito jovial, e que não está envelhecendo." Aqui é abordado o passar dos anos e a aceitação da mortalidade. Muitas pessoas não resolvem seus dilemas interiores e passam a vida se autoiludindo, em um faz de conta por toda a vida.

Musicalmente, Nicky Holland é responsável pelos lindos acordes usados na canção, enquanto Orzabal gravou um belo solo de guitarra, comedido, mas de muito bom gosto.

Há uma citação à canção “The Working Hour”, do álbum anterior da banda, quando a letra da canção afirma “Working hour is over”. O cantor afirma que a longa estrada de recuperação terminou e ficou no passado. Agora, devemos focar nossa atenção no presente, para nos relacionarmos e interagirmos com o mundo, pois temos “todo o mundo nas palmas de nossas mãos”.

Há também menções à Teoria das Sombras, de Carl Jung, pois em várias passagens da letra, elas são mencionadas, notadamente no trecho “somos apenas a minha sombra e eu, felizes em nosso faz-de-conta”. É abordada a questão da ingenuidade feliz das pessoas que interpretam papéis diferentes ao longo de suas vidas, não sendo elas mesmas. Muitas vezes os papéis escolhidos são os de membros da família, o que reforça ainda mais a importância   de tal instituição na vida de qualquer indivíduo.

 

Standing on the Corner of the Third World

Essa é uma das três faixas na qual o grande baixista Pino Palladino toca seu inconfundível baixo fretless. As outras são "Woman in Chains" e “Badman’s Song”. O som que ele tira de seu baixo complementa perfeitamente a sofisticação e delicadeza da faixa. Segundo Orzabal, Curt Smith, que é o baixista oficial do “Tears for Fears” não se importou em ceder seu lugar para Palladino em ambas as canções, pois considerava que o estilo dele se encaixaria em ambas as faixas nas quais tocou, sendo provavelmente capaz de interpretá-las de forma melhor do que o próprio Smith. Desde a morte de John Entwistle, baixista original do The Who, Pino Palladino tocou na maior parte das apresentações ao vivo de tal banda, mostrando ainda mais a qualidade do seu trabalho e virtuosismo musical. Além de Palladino, Oleta Adams também participou desse tema, tocando piano na canção.

Orzabal afirmou que a letra menciona como tentamos nos livrar de todo o entulho que emperra as nossas vidas, o empurrando para baixo do tapete, para ao menos não o vermos. No entanto, uma hora precisaremos levantar o tapete e lidarmos com tudo aquilo que relegamos por tanto tempo, o que sempre é uma experiência dolorosa. O autor compôs essa canção sobre como deixamos problemas não resolvidos para trás, além de outros assuntos que gostaríamos que desaparecessem.

Curt Smith


Ele usou o terceiro mundo como uma metáfora, justamente por serem lugares de exploração para quais os países de primeiro mundo enviam grande parte de seus problemas domésticos, como lixo nuclear, produtos poluentes e toda sorte de coisas indesejáveis, que querem ter bem longe deles. Também disse que o dito “mundo civilizado” tenta resolver os problemas do terceiro mundo com soluções de primeiro mundo

Também é abordado o tema do imperialismo, que podemos notar quando é mencionado na letra que “iremos encher os sonhos deles com grandes carros velozes e pintaremos a cidade deles de branco, a cor da nossa bandeira”.

Por outro lado, a canção também aborda o conflito e os contrastes entre a sensação de segurança e os riscos inerentes ao mundo e ameaças da vida. A canção começa com uma sensação de segurança, após uma noite de sono muito bem dormida. Os pesadelos e problemas parecem estar muito distantes, assim como o terceiro mundo. Desta forma, o que não se vê, aparentemente não existe. No entanto, cedo ou tarde teremos que lidar com tais problemas que relegamos ao esquecimento.

Podemos sentir uma forte influência da obra do duo americano Steely Dan nessa canção. A parte na qual as backing vocals cantam repetidamente “Of the Third World” é puro Steely Dan. Além disso, a banda americana também tem uma canção com uma temática semelhante à abordada pelo “Tears for Fears”, como podemos conferir na faixa “Third World Man”, do álbum Gaucho.

É provável que essa seja a faixa mais sofisticada do álbum.

 

Swords and Knives

Foi a primeira demo que Roland Orzabal e Nicky Holland compuseram para o novo álbum. Inicialmente, a canção começou como uma peça para piano com um motivo musical inspirado pelos estilos de Eric Satie e Claude Debussy. Desde o início, Orzabal pensava que deveria ser tema de um filme. Quando o “Tears for Fears” gravou a canção em estúdio, ela tomou uma outra proporção, pois o produtor Chris Hughes sugeriu que fosse inserida uma passagem instrumental de 64 compassos. Tal inserção permitiu que seus compositores, Orzabal e Holland criassem uma incrível paisagem sonora, literalmente uma viagem auditiva. Há passagens que lembram Pink Floyd, enquanto outras remetem até mesmo a pulsação de um coração, simulada pelo baixo de Curt Smith. Musicalmente, essa é uma das faixas mais ricas e interessantes de todo o álbum, particularmente o trecho instrumental sugerido por Hughes.

Nicky Holland

Essa canção foi originalmente composta para o filme “Sid e Nancy”, após Nicky Holland e Roland Orzabal terem lido o livro “And I Don´t Want to Live This Life” de Debora Spungen, mãe de Nancy Spungen, sobre o relacionamento entre o vocalista e baixista do Sex Pistols, Sid Vicious e sua namorada Nancy Spungen, filha da autora. Ambos tiveram mortes trágicas. Primeiro Nancy morreu esfaqueada, tendo Sid sido preso por suspeita de assassinato. Depois, ao ser libertado da prisão e saído em liberdade condicional, ele morreu de overdose de heroína. A faixa acabou não sendo aceita pelos realizadores do filme, pois não era suficientemente “punk”, o que é verdade. Na realidade, apenas o tema e inspiração é que são referentes ao membro do Sex Pistols.

O tema principal da canção é que algumas pessoas, infelizmente, nunca conseguem atingir o nível máximo de consciência e, também como o uso de drogas pode levar à violência. A vida de Nancy Spungen começou com agulhas e terminou com facas, como descrito na letra da canção. O cantor nos alerta que o tempo e o amor não são suficientes para curarmos nossas feridas interiores e alcançarmos a plena consciência.

 

Year of the Knife

Sem dúvida alguma, a faixa mais agressiva e energética do álbum. Orzabal queria que a canção refletisse exatamente como ele se sentia, mostrando algo real. Holland contou que a Orzabal lhe apresentou um esboço da canção em sua residência, quando ela foi encontrá-lo e, juntos, começaram a tocar a nova composição com o guitarrista Neil Taylor, que criou uma importante base rítmica que acabou se tornando parte da canção.

Mais uma vez, a Teoria das Sombras de Carl Jung é abordada. Aqui, o personagem principal tem sua personalidade dividida entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde, citando o clássico da literatura. A temática do Sol e Lua, espelhos, sonhos e vários outros elementos abordados nas outras canções do álbum também são encontradas aqui nessa faixa intensa e marcante.



A letra da canção começa celebrando a morte do rei, ou seja, o ego. No entanto e, talvez por esse motivo, antes de morrer, o rei conseguiu atingir o nível mais elevado de consciência ao término de sua vida. Suas palavras finais vieram diretamente de seu coração.

A guitarra de Robbie McIntosh mais uma vez marca sua presença, com uma atuação brilhante, assim como a bateria de Simon Philips, que fez parte durante muito tempo da formação ao vivo do “The Who”. Ambos trouxeram muito peso à canção.

 

Famous Last Words

O tema canção final do álbum é um cenário da última noite de um casal, pois sabem que o mundo está prestes a acabar devido à queda iminente de uma bomba nuclear. Ela foi composta em 1986 e inspirada pelo livro “The Fate of the Earth”, de Jonathan Schell.  O casal da canção decidiu passar a sua derradeira noite juntos, à luz de velas, ouvido as músicas da banda que os fazia chorar, ao invés de entrarem em pânico e tentarem encontrar um abrigo nuclear. É uma canção sobre a aceitação de nossa mortalidade e da impermanência da existência humana.

Single "Famous Last Words"


O arranjo criado por Orzabal e Holland é belíssimo, com muitos instrumentos de cordas executados com bom gosto e refinação. A melodia introdutória do piano é de autoria de Holland Musicalmente, a canção tenta refletir aspectos da existência humana. Inicialmente os autores pensaram em convidar o bluesman Tom Waits para cantar uma estrofe da música. O contato chegou a ser feito, mas, ao saber que era para um álbum do “Tears for Fears”, Waits se recusou a participar. Mais uma vez são usadas as imagens do Sol e da Lua, para representar o universo masculino e o feminino.

A letra aborda como seria essa última noite, na qual o casal literalmente derreteria nos braços um do outro, mas partiriam felizes, rindo e cantando, quando a “luz lá do alto” chegasse. Todo o amor e a dor acabariam. Contraditoriamente, com a explosão da bomba, haveria o fim de todas as guerras. É uma canção muito poderosa, especialmente no meio dela, quando a bomba parece cair e a bateria e o baixo entram em cena.

Embora seja uma canção triste e melancólica, ela é uma das mais belas e poéticas do álbum. Perfeita para concluir aquele que, segundo Orzabal, talvez fosse o último da banda. Chegou a ser considerado que deveriam nomear o álbum com o nome dessa canção, mas acabou sendo escolhido o título final, “The Seeds of Love”, mais otimista e positivo.

Assim se encerrou o maior trabalho do “Tears for Fears”.

Várias outras faixas foram gravadas nas sessões para “The Seeds of Love”, tendo sido várias delas disponibilizadas em lados B dos singles lançados e outras compilações. No entanto, apenas uma das canções adicionais mereceria realmente ter sido incluída no álbum. Trata-se da faixa “The Rhythm of Life”, que foi gravada em uma demo por Orzabal e, posteriormente, novamente registrada nas jam sessions no Townhouse Studios, parcialmente disponibilizadas na edição Super Deluxe de “The Seeds of Love”, lançada em 2020. Na versão original, Orzabal faz o vocal principal. Como a faixa não foi incluída no lançamento original, ele a ofereceu para Oleta Adams gravá-la em seu primeiro álbum solo, “Circle of One”, produzido por Orzabal e o engenheiro de som David Bascombe. Nesta nova gravação, Orzabal fez backing vocals e tocou guitarra. Sem dúvida, uma ótima faixa que poderia ter feito parte do terceiro álbum do “Tears for Fears”.

 

O LEGADO DE “THE SEEDS OF LOVE”

O álbum foi um grande passo no amadurecimento musical para o “Tears for Fears”. A dupla foi extremamente bem sucedida na qualidade musical, poética e temática em todas as canções criadas, ainda que elas lidem com temas profundos, difíceis e, em alguns momentos, tristes, musicalmente é sempre uma experiência muito agradável ouvir toda a coleção, da primeira a última. São todas obras belas, muito bem executadas e produzidas por uma equipe de músicos e produtores de primeira linha. É um trabalho bastante instigador, que leva o ouvinte a uma reflexão sobre a vida e sua existência.



Após o seu lançamento, o novo trabalho chegou aos primeiros lugares das paradas do mundo inteiro. Embora tenha sido tão bem recebido, foi o último álbum que Roland Orzabal e Curt Smith trabalharam juntos por um período de 15 anos. Smith havia avisado a Orzabal que sairia do grupo após a tour promocional do álbum, o que foi o suficiente para que o relacionamento entre eles rapidamente se deteriorasse. Além disso, Smith estava insatisfeito pelo perfeccionismo exagerado de Orzabal, enquanto esse estava infeliz com o estilo de vida de celebridade adotado por Smith após o seu divórcio, que ocorreu durante a gravação de “The Seeds of Love”, fazendo com que Smith ficasse ausente por grande parte do tempo das gravações, deixando Orzabal como o condutor principal e compositor do novo trabalho. Para piorar ainda mais a situação, o primeiro empresário da banda faliu, e o segundo também (logo em seguida), gerando ainda mais tensão entre eles.



A banda embarcou em uma longa tour promocional em 1990, que inclusive os trouxe ao Brasil pela primeira vez, para shows em São Paulo e no Rio de Janeiro, no extinto “Hollywood Rock Festival”. Foi montada uma banda de músicos brilhantes, entre eles, o guitarrista Neil Taylor, o baterista Jim Copley e, claro, Oleta Adams nos vocais e piano. Adams fez todas as apresentações da abertura da tour e, em seguida, tocava como membro do “Tears for Fears”. Uma das noites foi filmada e gravada em Santa Bárbara, nos EUA. Posteriormente foi lançado um DVD com tal registro, intitulado “Going to California”. Nele, podemos presenciar o quão majestoso foi o espetáculo criado pela banda para promover o novo álbum. Realmente um dos mais emocionantes registros que eu já tive oportunidade de assistir. Simplesmente imperdível.

DVD Going to California - Live from Santa Barbara


O “Tears for Fears” fez sua última aparição no festival “Silver Clef Awards”, no qual abriram um dia com outros nomes de peso do rock, como Genesis, Paul McCartney e Pink Floyd. Após esse show, Smith deixou a banda. Gravou um álbum solo, chamado “Soul on Board” e depois formou outra dupla chamada “Mayfield”. Nenhum dos projetos foi bem sucedido. Já Orzabal prosseguiu com o nome “Tears for Fears”, lançando dois álbuns, o primeiro chamado “Elemental”, e o segundo “Raoul and the Kings of Spain”. Embora ambos tenham sido ótimos trabalhos, tiveram um impacto e repercussão moderados.

Apenas em 2000 os antigos parceiros voltaram a se falar. Finalmente conseguiram abandonar as desavenças e decidiram se reunir novamente, lançando um novo trabalho em 2004, intitulado “Everybody Love a Happy Ending”. Desde então, vem excursionando pelo mundo todo, fazendo apresentações com sucessos dos primeiros álbuns e do mais recente, que é também de alta qualidade. Já estiveram várias vezes no Brasil, onde sempre são muito bem recebidos, de forma muito carinhosa por seus fãs.

Definitivamente, como diz o título do mais recente álbum da banda, todo mundo gosta de um final feliz.

 

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS:

Peter Myers

Luander Barros

Publio Marcos

Mathew Alborn

Danny Cricks

 

BIBLIOGRAFIA

Tears for Fears – The Seeds of Love, por Adrian Thrills

Wikipedia

Songfacts.com

In Their Own Words: Tears for Fears on the story of The Seeds of Love, por Paul Sinclair – superdeluxeedition.com

The Working Hour: A rhetorical analysis of the lyrics of Tears for Fears, por Jennifer Anne Gross-Mejía - California State University, San Bernardino

 

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https://www.youtube.com/watch?v=TkeMhimUANw

https://www.youtube.com/watch?v=DQQpCrGaknM

https://www.youtube.com/watch?v=1UcE36uNvoA

https://www.youtube.com/watch?v=sgmlKt5Q0fs

https://www.youtube.com/watch?v=2-Eefg2N9hI&list=PLYJTFe-Yff_JTX4V70ftXSNt-cBgZNw7K

https://www.youtube.com/watch?v=1wueLCk9Skc

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

CHARLIE CHAPLIN

Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha. É porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa, pois nos deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

-  Charlie Chaplin



FIM DE TARDE


 

FAMÍLIA LOBO