SERIA ISSO UM QUADRO DE MAGRITTE?
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sexta-feira, 11 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
quarta-feira, 9 de setembro de 2020
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Essa é a estréia da coluna "Autores Convidados". A autora do texto abaixo é Lizandra Soave, minha amiga pessoal e criadora do ótimo blog "Filmes Históricos" (http://filmeshistoricos.blogspot.com/).
Pioneiros do Cinema
O século XX estava só começando e com ele também nascia a
sétima arte que encontrava, no entanto, dura resistência para ser reconhecida como
tal logo nos primórdios de sua invenção. Mas aos poucos o cinema foi
consolidando seu valor artístico e ocupando um espaço gigantesco no mundo do
entretenimento.
O cinema não nasce em Hollywood, mas sim na Europa, mais
precisamente na França. Na cidade de Lyon os irmãos Auguste e Louis Lumière
vinham desenvolvendo e aprimorando uma invenção revolucionária, o
cinematógrafo.
E o fascínio despertado por essa invenção rapidamente
cresceu e se espalhou por todo o mundo depois que eles projetaram, em 1895, uma
filmagem curta da saída dos funcionários da fábrica da família.
Eles fizeram diversas exibições públicas dos materiais
registrados pelo aparelho, que até então se restringiam a cenas do cotidiano
com poucos segundos de duração. E em uma dessas apresentações estava um gênio
do entretenimento, o produtor teatral e ilusionista George Méliès, que
imediatamente identificou o potencial daquela nova tecnologia caso ela fosse
associada à arte da encenação.
Méliès rapidamente começou a fazer filmes curtos, já
introduzindo alguns truques e técnicas de efeitos especiais unindo seu
conhecimento em ilusionismo e elaboração de cenários.
Ao longo dos anos o estilo das obras foi se modificando,
passando daquele modelo meio teatral para enredos mais sérios. O filme “O
Assassinato do Duque de Guise”, de 1908, dirigido por Charles Le Bargy e André
Calmettes, foi um marco dessa transformação. Ele reconstituía um evento
histórico ocorrido no ano de 1588, quando o então rei da
França, Henrique III, o último rei da casa de Valois, mandou assassinar
seu rival, o Duque de Guise, por causa de uma mulher, a Marquesa de
Noirmoutiers, ou Charlotte de Sauve.
As inspirações para os filmes eram geralmente fatos
históricos, grandes obras da literatura, textos sagrados e poemas épicos. Sobre
obras literárias, já começam a aparecer processos na justiça por direitos
autorais.
A maioria dos filmes era em preto e branco, mas alguns
apareceram em cores, o que era possível graças a uma técnica bem rudimentar de
colorização à mão. Os filmes de Méliès, por exemplo, eram colorizados dessa
maneira por ele e por sua esposa.
No Brasil quem começa a movimentar o mercado cinematográfico
são imigrantes italianos. Inicialmente os filmes mostram cenas do tipo
documentário, exibidas exclusivamente para elite, reconstituição de crimes, em
seguida começam a trazer alguma narrativa passando para adaptações de obras
literárias.
A seguir temos uma cronologia do desabrochar do
cinema pelo mundo:
1895 – Em Lyon, os irmãos Lumière fazem a primeira projeção
pública usando cinematógrafo da cena “A Saída dos Operários da Fábrica
Lumière”.
1896 – Em Paris, Charles e Émile Pathé e outros irmãos criam
a produtora de filmes Pathé Frères, que trazia o galo como logomarca.
1900 – O inglês James Williamson dirige o filme “Ataque a
Uma Missão Chinesa”, de pouco mais de um minuto de duração, sobre o Levante
dos Boxers, exibido na Inglaterra com enorme sucesso. O filme já começa a
apresentar uma narrativa mais complexa e apresentada de uma forma inovadora.
1901 – Ferdinand Zecca dirige “A Conquista dos Ares”,
com um minuto de duração, e aparece sobrevoando a cidade de Paris, utilizando
um recurso de edição.
1901 - O francês George Méliès inicia seus experimentos
cinematográficos com o filme “O Homem com a Cabeça de Borracha”,
trazendo já o seu estilo que unia o fantástico ao macabro.
1902 – Méliès dirige uma reconstituição histórica da “Coroação
do Rei Eduardo VII”, da Inglaterra.
Nesse mesmo ano ele dirige também o
emblemático “Viagem à Lua”, o épico cósmico de quatorze minutos,
deixando aquela imagem icônica da lua com um rosto e um foguete enterrado em um
de seus olhos.
1903 – O americano Edwin Porter lança o filme “A Vida de
um Bombeiro Americano” e em seguida o filme “O Grande Roubo do Trem”,
que viria a ser o primeiro faroeste americano.
1904 - George Méliès dirige “A Viagem Impossível”.
1907 – O canadense Sidney Olcott dirige a primeira versão de
“Ben-Hur”, baseada no livro de Lew Wallace, e abriu um precedente para
disputas por direitos autorais.
1908 – Fundação da Société Film d’Art, que já começa
a elevar o cinema à categoria de arte de fato.
1908 - Charles Le Bargy e André Calmettes dirigem a
reconstituição histórica “O Assassinato do Duque de Guise”.
1908 – No Brasil o imigrante italiano Francisco Marzullo dirige
“Os Estranguladores”, baseado em fatos reais.
1909 – O francês Alfred Marchin dirige “O Moinho Maldito”
para a Pathé Frères, com locação na Bélgica. O filme foi colorido à mão.
1910 – O influente diretor americano D. W. Griffith dirige “Na
Velha Califórnia”.
1911 – Os italianos Francesco Bertolini, Adolfo Padovan e
Giuseppe de Liguoro dirigem o primeiro longa-metragem italiano “L’Inferno”
baseado no clássico A Divina Comédia, e Giovane Pastrone dirige o curta “A
Queda de Troia”.
1913 - Também na Itália Mário Caserini dirige “Os Últimos
Dias de Pompeia”.
1913 – O indiano D. G. Phalke dirige o filme “O Rei Harishchandra”,
dando início ao cinema na Índia, contando a história de um personagem do poema
épico indiano Mahabharata.
1914 – Giovane Pastrone dirige o grandioso “Cabiria” em parceria com o poeta
também italiano Gabrielle D’Annunzio. A história se passa no período das
Guerras Púnicas.
1915 - D. W. Griffith dirige o polêmico épico “O
Nascimento de Uma Nação”, que se passa no contexto da Guerra Civil
Americana.
1916 – Nos EUA, Scotsman Stuart Paton dirige o filme de
ficção científica “Vinte Mil Léguas
Submarinas” baseado no romance de Júlio Verne.
1920 – O diretor alemão Robert Wiene dirige o influente “O
Gabinete do Doutor Caligari”, inaugurando o cinema de horror e trazendo a
influência do expressionismo alemão.
1922 – Seguindo no movimento expressionista, o alemão F. W.
Murnau dirige “Nosferatu, uma Sinfonia do Horror”, baseado no livro
Drácula, de Bram Stoker, de 1897.
1923 – O americano Cecil B. DeMille dirige “Os Dez
Mandamentos”.
1925 – Outro americano, Fred Niblo, dirige a mais uma versão
de “Ben-Hur”, dando início ao gênero “espada e sandália”.
1925 – O russo Sergei Eisenstein dirige o histórico “O
Encouraçado Potemkin”.
1927 – O francês Abel Gance dirige o revolucionário “Napoleão”.
Essas foram apenas algumas das primeiras obras que
pavimentaram o longo caminho que viria a ser explorado e percorrido pelas
mentes criativas ávidas por dar vida a personagens, desenvolver novas técnicas,
conceitos, paradigmas e principalmente contar novas histórias para o deleite de um público
absolutamente encantado pelo fascínio da sétima arte.
Fonte: “Tudo Sobre Cinema”, Philip Kemp (Editora Sextante)
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
EXTORSÃO CONSENTIDA
Todos os brasileiros sabem que nossas ruas e calçadas são imundas, cheias de dejetos e lixo por toda parte. No entanto, um outro indício da completa crise social que vivemos é a onipresença dos flanelinhas.
Há algum tempo não havia ninguém nos importunando quando estacionávamos nossos veículos pelas ruas de nossas cidades. Porém, com o empobrecimento acentuado e contínuo do povo brasileiro nas últimas décadas, começaram a aparecer indivíduos, inicialmente inofensivos, que pediam humildemente uma moeda, qualquer trocado que tivéssemos nos bolsos, a fim de ajudá-los. Ofereciam limpar nossos carros com flanelas imundas que carregavam consigo. Muita gente também contribuía somente para manter tais flanelas longe de seus veículos.
Nascia aí uma nova figura na sociedade brasileira: o flanelinha.
Até hoje me questiono se tal nome foi dado pelo povo por causa das pequenas flanelas carregadas por tais indivíduos ou foi um apelido carinhoso que lhes foi dado, já que nós brasileiros costumamos fazer uso dos sufixos “inho” ou “inha” nessas situações. Seja qual for a resposta, tal personagem já faz parte de qualquer área metropolitana brasileira
Sentindo pena, muitas pessoas contribuíam, pois acreditavam que estavam realmente ajudando tais pessoas e que, de tal forma, sanariam um problema social ignorado pelo governo e pela sociedade brasileira, de uma forma geral.
Com o passar dos anos, e o aumento contínuo da violência e dos roubos de veículos, tais pedintes começaram a oferecer “segurança” para seus “clientes”. Diziam que, se lhes fosse dado algum trocado, ficariam observando o veículo de seu “cliente” para evitar que ele fosse roubado, “assegurando”, portanto, que, ao retornar, o “cliente” não teria surpresas desagradáveis.
Ao invés de cobrar e exigir dos governantes que houvesse segurança nas ruas e em toda parte, o povo brasileiro, que não gosta de se aborrecer e é acomodado, acabou aceitando o caminho “mais fácil”, concordando em pagar por tal segurança que, de fato, já era paga por ele através de seus impostos, continuamente desperdiçados por nossos governantes , através de falcatruas, corrupção e outros fins escusos.
Tal processo foi se acelerando, e logo, os flanelinhas já se consideravam “autoridades”, começando a usar coletes coloridos que lhes conferiam uma pseudo-autoridade, como se fossem guardas de trânsito ou até mesmo funcionários responsáveis pela segurança pública.
A forma de cobrança também mudou. Passou a ser antecipada, com valores que variavam de acordo com o veículo do “cliente” e da “boa aparência” do mesmo. Alguns pagavam R$1, outros, R$5 e alguns, até mesmo R$10 para terem a “segurança” de não terem seus carros roubados, arranhados, pneus furados e vários outros tipos de problemas. Eu mesmo já passei várias vezes por tal situação, por recusar-me terminantemente a dar qualquer tipo de gorjeta para qualquer pessoa que venha pedir-me dinheiro para “vigiar” o meu carro.
Atualmente, nossas ruas são verdadeiras selvas, nas quais tais flanelinhas atuam como animais selvagens, demarcando seus territórios, brigando entre si para “conquistarem” áreas privilegiadas, onde as gorjetas são melhores, garantidas e que ocorrem durante o dia todo.
Há um verdadeiro loteamento em curso de nossas calçadas e ruas sem que ninguém, absolutamente ninguém faça nada para acabar com tal aberração. Pelo contrário, o povo brasileiro continua aceitando docilmente mais um desrespeito aos seus direitos, uma violação acintosa à qual somos submetidos e que consideramos absolutamente normal.
Quanta gente não acaba “contribuindo” com tais nefastos flanelinhas por terem medo de serem agredidos ou até mesmo roubados por eles? Tal situação continua ocorrendo pois nós, cidadãos brasileiros não nos mobilizamos e exigimos a retirada de todos os flanelinhas de nossas ruas e nos recusamos a sermos extorquidos por tais indivíduos.
Somente quando o povo brasileiro começar a exigir o respeito aos seus direitos, em todos os níveis e esferas, é que teremos paz.
Enquanto isso, continuaremos sendo extorquidos a cada esquina, indefesos, dóceis como uma ovelhas que, ingenuamente, caminham rumo ao matadouro.