Um espaço de reflexão e questionamento, abrangendo desde assuntos do cotidiano, passando pelas artes, até história e cultura.
- Página inicial
- Pensamento Crítico - Meus Artigos
- Pensamentos do Dia
- Viajando pela História - Artigos de minha autoria
- Álbuns de Rock Clássico - E-books de Minha autoria disponíveis no site da Amazon (amazon.com.br)
- Minhas Fotos Pessoais
- Minhas Obras de Arte Favoritas
- Arte
- Natureza
- Meu Canal no Youtube
terça-feira, 13 de abril de 2021
segunda-feira, 12 de abril de 2021
domingo, 11 de abril de 2021
sábado, 10 de abril de 2021
quinta-feira, 8 de abril de 2021
quarta-feira, 10 de março de 2021
FERROVIA PARQUE PERUS-PIRAPORA & FÁBRICA DE CIMENTOS PORTLAND PERUS
FERROVIA
PARQUE PERUS – PIRAPORA & FÁBRICA DE CIMENTO PORTLAND PERUS
Origens
do bairro de Perus
Perus
é o último bairro situado no ponto extremo da zona noroeste da cidade de São
Paulo, sendo cortado por duas importantes rodovias: a Bandeirantes e a
Anhanguera. É localizado no caminho entre a capital paulista e as cidades de
Jundiaí e Campinas.
Não
se sabe ao certo a origem do nome do bairro. A versão mais aceita é que toda a
área na qual se encontra atualmente o bairro de Perus era anteriormente uma
enorme fazenda. Nela, habitava uma senhora chamada “Maria”, que servia
refeições aos tropeiros que passavam por ali. Por ter uma grande criação de
perus, que usava na alimentação de sua família e servia aos tropeiros, ela
passou a ser conhecida como a “Maria dos Perus”, da “Fazenda dos Perus”.
Posteriormente, tal referência acabou sendo reduzida simplesmente para “Perus”.
Toda
a região de Perus, que é muito próxima à Cajamar e ao Pico do Jaraguá, sempre
foi muito rica em minérios, atraindo a atenção de exploradores desde os
primórdios da dominação portuguesa no atual território do Estado de São Paulo.
No córrego Santa Fé e no Pico do Jaraguá foi encontrado ouro em 1590, pelo
desbravador Afonso Sardinha, cuja residência pode ser visitada até hoje dentro
do Parque do Pico do Jaraguá. Sardinha e seu filho homônimo também desbravaram
a região de Araçoiaba da Serra, onde descobriram minério de ferro e criaram os
primeiros fornos de fundição do Brasil. Vestígios de tais fornos podem ser
vistos e visitados até os dias de hoje dentro do terreno da Real Fábrica de
Ferro São João de Ipanema. Para ler minha matéria sobre a Real
Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, clique aqui.
Durante a primeira metade do século XVII, uma enorme quantidade de ouro
foi extraída da região do Jaraguá e Perus, o que levou os europeus a
denominarem tal área como “Peru do Brasil”, em uma alusão ao Peru, país
sul-americano que fora explorado pelos espanhóis e no qual uma enorme
quantidade de ouro também havia sido encontrada.
Perus teve o seu processo de urbanização iniciado com a chegada da São
Paulo Railway (atual CPTM – linha Rubi), quando foi inaugurada a Estação de
Perus em 1897. Ali se encontram vários locais de importância regional e
estadual, como a Companhia Melhoramentos de São Paulo (fundada em 1890), o
Hospital Psiquiátrico do Juquery e sua fazenda (fundado em 1898), a Estrada de
Ferro Perus Pirapora (fundada em 1910) e a Fábrica de Pólvora que, juntamente
com a de São João do Ipanema, forneceu durante muito tempo munição para o
sistema de defesa do Porto de Santos.
Nos anos de 1970, o bairro de Perus tinha uma coloração cinzenta por toda
parte, devido à crosta de resíduos que se acumulava sobre os telhados das
residências e nas roupas nos varais. Tal poluição era proveniente da Fábrica de
Cimento Portland Perus, o principal polo industrial do bairro. O problema
causou doenças respiratórias em uma grande parcela da população local e até
mesmo o desabamento de telhados de casas, devido ao peso dos resíduos que se
acumulavam sobre as residências. Infelizmente, durante um longo período, a
administração da fábrica de cimento optou por não instalar filtros nas chaminés
das fábricas, o que não só causou inúmeros problemas de saúde para os moradores
do bairro, mas também gerou um enorme desperdício de recursos que poderiam ter
sido aproveitados na produção de cimento, pois dezenas de toneladas de cimento
eram despejadas na atmosfera por ano.
Os moradores de Perus até hoje afirmam que Perus construiu o Brasil, pois
no começo da década de 1930, a região chegou a produzir 80% de todo o cimento
consumido no país. Uma grande parcela do cimento usado para a construção de
Brasília durante o período 1956 a 1960 é proveniente dali, além de também ter
sido utilizado na construção da hidrelétrica de Itaipu, do túnel da Avenida 9
de Julho, e do Edifício Altino Arantes (antigo Edifício do Banespa, atual Farol
Santander), ambos em São Paulo.
Perus e Cajamar sempre foram conhecidos por suas enormes jazidas de
calcário. No entanto, sua extração em larga escala só foi iniciada em 1908, quando
foram criadas algumas minas no bairro do Gato Preto, em Cajamar. Na época, foi
construída uma pequena ferrovia, com apenas 3 locomotivas, que fazia a ligação
entre as várias minas de calcário e os fornos de cal em Gato Preto. Havia
também o transporte de madeira entre as áreas que iam sendo desmatadas para a
construção das minas de calcário para uma fábrica de celulose, também situada
em Gato Preto. Podemos considerar que tal ferrovia tenha sido o embrião da
Estrada de Ferro Perus Pirapora.
A
Estrada de Ferro Perus – Pirapora
Em
1914 foi planejada a construção de uma ferrovia que ligasse Gato Preto à
estação de Perus, que já era atendida pela São Paulo Railway, a fim de escoar a
produção de cal e de pequenas cargas na região.
Vista Panorâmica do Pátio de Trens |
A
maneira que os interessados em conseguir do governo brasileiro a concessão para
a construção da ferrovia encontraram para viabilizar tal empreendimento foi
através da criação de um projeto de transporte que levasse os romeiros da
cidade santuário de Pirapora do Bom Jesus (a 30 km de distância, às margens do
Rio Tietê) até o bairro de Perus. Eles acreditavam que o governo jamais
aprovaria a construção de uma ferrovia de apenas 20 km simplesmente para o
transporte de cal de Cajamar para a fábrica de cimento, se não fosse atendida a
exigência governamental de uma utilidade social direta. No entanto, após
recebida a concessão do governo, o projeto de construção da ferrovia acabou
sendo desviado para Cajamar para o uso da ferrovia quase que totalmente para
uma finalidade industrial.
Carro Panorâmico |
A
ferrovia acabou sendo construída, mas o ramal prometido nunca foi criado, tendo
sido criada apenas a ligação ferroviária entre as minas de calcário do bairro
do Gato Preto, em Cajamar, até a fábrica de cimento em Perus. Daí surgiu o nome
da Estrada de Ferro Perus – Pirapora que, na realidade, nunca chegou a existir
totalmente.
A
bitola ferroviária escolhida foi a estreita, de 600 mm, pois havia a
necessidade de se usar uma bitola que permitisse que os trens fossem capazes de
subir fortes rampas e vencer curvas fechadas, pois o terreno do local era muito
acidentado. Por tal razão, a bitola de 600 mm acabou se tornando o padrão não
oficial para tal tipo de linha. Atualmente, a Estrada de Ferro Perus Pirapora é
a única remanescente que utiliza a bitola de 600mm no Brasil.
Casa de tráfego |
Inicialmente,
os serviços da Estrada de Ferro Perus Pirapora se restringiam ao transporte do
cal, pedras, madeira e celulose. No entanto, havia também trens mistos, de
carga e passageiros entre Perus e Gato Preto. Para tal finalidade foram
adquiridos ao menos dois carros abertos, que operaram até a década de 1940.
No
ano de 1925 foi criada a Companhia Brasileira de Cimento Portland, cujo
transporte e abastecimento de matéria prima acabou se tornando a atividade mais
relevante da ferrovia. O motivo principal para a escolha de Perus como local da
planta foi a facilidade com que a matéria prima chegaria até a fábrica, proveniente
da Estrada de Ferro Perus Pirapora, que era descarregada diretamente dentro da
própria fábrica.
Em
1941 foram adquiridos 5 carros de passageiros da extinta Estrada de Ferro
Dumont, ferrovia da família de Santos Dumont, que operava na região de Ribeirão
Preto. Dois anos mais tarde, foram adquiridas 3 locomotivas oriundas da mesma
ferrovia. No entanto, uma delas acabou não sendo utilizada, pois não era
adequada à linha, e foi enviada de volta para a cidade de Dumont, onde está até
hoje exposta em uma praça.
Locomotiva número 8 |
Após
a desativação da ferrovia, em 1984, todo o material que havia ali acabou sendo
abandonado durante 25 anos em Perus, Cajamar e Gato Preto, pois havia uma certa
dificuldade em se ter acesso ao local. Além disso, o Grupo J.J. Abdalla,
proprietário do empreendimento, relutava em ceder a ferrovia à preservação.
Somente após a intervenção do Governo de Estado de São Paulo é que isso se
tornou possível.
A
Ferrovia Perus Pirapora foi tombada pelo Condephaat com patrimônio histórico em
1987, devido ao seu valor histórico e importância para o desenvolvimento do
Estado de São Paulo. Atualmente ela reúne a maior coleção de locomotivas a
vapor de pequeno porte do mundo, fabricadas entre 1891 e 1948, apresentando
inclusive alguns exemplares únicos. É conhecida internacionalmente entre os
estudiosos da história da tecnologia e ferrovias antigas.
No
ano de 2000 foi detalhado todo o acervo tombado da ferrovia, compreendendo o
trecho do leito ferroviário do km 2, em Perus, até o km 17, em Cajamar. Em
2001, parte do traçado original da ferrovia e todo o seu material rodante
(locomotiva, vagões de passageiros e carga) foi transferido em sistema de
comodato durante um período de 50 anos, renováveis por mais 50 anos, à uma
instituição denominada “Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio
Cultural - IFPPC”, uma associação sem fins lucrativos, que faz a gestão do
local e opera visitas monitoradas, incluindo passeios turísticos de locomotiva.
Além disso, promove o resgate, a restauração e recuperação de todo o material
remanescente da ferrovia, através do trabalho de 30 voluntários e doações de
empresas e aficionados particulares por ferrovias em todo o mundo. Não há envolvimento
de nenhum órgão governamental. A participação individual é aberta a todos que
quiserem contribuir com seu tempo e conhecimento para restaurar esse importante
patrimônio do Estado de São Paulo e do Brasil.
Pátio das Locomotivas |
Do
ponto de vista ecológico, a Estrada de Ferro Perus Pirapora garantiu a
preservação de uma enorme área verde localizada na mata ciliar do vale do rio
Juqueri, vizinha à reserva florestal do Parque Anhanguera.
Entre
2008 e 2016 foram transportados para a área de concessão, vindas das extintas oficinas
de Gato Preto e do antigo pátio de Cajamar, 18 locomotivas e cerca de 60 outros
veículos ferroviários, entre carros de passageiros, gôndolas de minério; pranchas;
troles e vagões box e de serviço. O restante do material rodante remanescente
do acervo da antiga EFPP ainda permanece na fábrica de cimento, no mesmo local
onde estavam quando cessaram as atividades fabris em 1987, ano em que o complexo
foi tombado pelo Condephaat.
Em
2005, através de uma parceria com a Natura, que tem sua fábrica próxima à
ferrovia, o IFPPC restaurou uma locomotiva e um carro de passageiros, além do
trecho entre o km 10 e 11. Em 2008 houve a recuperação do pátio do Corredor,
situado no km 5, para o qual foram transferidas mais de 20 locomotivas e cerca
de 130 vagões. Algumas das locomotivas do acervo do IFPPC inclusive fizeram
parte do famoso “Trem das Onze”, imortalizado na canção de Adoniran Barbosa.
Tender |
O
acervo do IFPPC é único, pois inclui exemplares provenientes de 10 outras ferrovias
brasileiras do século XX. As máquinas foram sendo adquiridas pela Ferrovia
Perus Pirapora à medida que iam sendo descartadas pelas proprietárias
originais.
Os
trens turísticos da ferrovia operam com 1 a 3 carros de passageiros, dependendo
da demanda de visitante a cada dia. No entanto, as operações não têm frequência
regular, estando atualmente inoperantes devido à pandemia do COVID. O passeio
tem duração de 10 minutos e uma extensão de 6 km (ida e volta e costuma ter
três saídas por domingo. O trajeto margeia o rio Juqueri e passa ao lado do
Parque Anhanguera Quem quiser acompanhar a frequência de passeios de trens
deverá consultar o site http:/efperuspirapora.blogspot.com e as redes sociais
do IFPPC (www.facebook.com/peruspirapora) para poder saber quais as datas e horários de
circulação dos trens, que partem do km 2 da ferrovia, onde há uma passagem em
nível com uma estrada de terra pertencente à mineradora Pedrix e que leva os
visitantes até o pátio do corredor, atual base de operações do IFPPC, onde a
maior parte do acervo do material rodante está exposto para visitação. Os
turistas podem circular e fotografar livremente.
O
valor do ingresso para visita monitorada ao Museu, com Passeio de Maria Fumaça,
na tabela, é de R$ 70,00 por visitante. Porém, o IFPPC tem mantido um desconto
promocional de até 50% para famílias, crianças, idosos e ou grupos. Recentemente
tem sido oferecido também um combo que inclui festivais gastronômicos
temáticos, como uma experiência nova de arrecadação de donativos para o projeto.
Além disso sido oferecidas outras modalidades de ingresso uma vez por mês, tais
como um passeio de Trakking (turismo de trilha, por agências e guias) e de bicicleta.
Sem incluir o passeio de Maria Fumaça, o ingresso da visita monitorada custa
R$20,00 por pessoa.
O
objetivo do IFPPC é conseguir restaurar todo o material rodante, além de todo o
trecho ferroviário em comodato, além de despoluir o rio Juqueri, que margeia a
ferrovia. Futuramente há planos de serem construídas estações temáticas ao
longo da ferrovia, a fim de tornar o passeio mais didático e ampliar o processo
de musealização em curso atualmente no local.
A
Fábrica de Cimento Portland Perus
A Companhia
Brasileira de Cimento Portland Perus S.A. foi fundada por investidores
canadenses da indústria Drysdale y Pease, de Montreal, com dois parceiros
brasileiros em 1924. A Fábrica de Cimento Portland Perus foi inaugurada em 26
de junho de 1926, ocupando uma área de 100.000 m2. Até ser vendida em 1951, era
uma empresa subsidiária da Lone Star Cement, dos EUA, que era a líder no setor
na época. É considerada a primeira fábrica de cimento bem-sucedida do Brasil (a
primeira de fato foi criada foi em Recife. No entanto, tal empreendimento não
prosperou). O cal era fabricado em Cajamar e transportado para Perus através da
ferrovia Perus-Pirapora e que, por sua vez, era encaminhado para a capital
paulista através dos trilhos da São Paulo Railway.
Oficina de equipamentos |
Ela
se situava próxima à jazida calcária conhecida como “Grupo São Roque”, que se
estende do Estado de São Paulo, na região de Caieiras e Perus, até o Estado do
Paraná. Além disso, sua proximidade com a Usina Hidrelétrica Edgard de Sousa, a
primeira hidrelétrica paulista, em Santana de Parnaíba, era muito benéfica. Para saber mais sobre Santana de Parnaíba, clique
aqui para ler uma matéria de minha autoria sobre tal cidade.
Durante
o período entre 1926 e 1933, a fábrica de cimento teve uma enorme importância
para a cidade de São Paulo, pois forneceu a matéria prima que foi usada na
construção de prédios, casas, indústrias e várias outras edificações não apenas
na capital paulista, mas também em outros estados do país.
Moinhos |
Devido
à demanda por mão de obra, pessoas de toda parte foram para Perus, desde
mineiros e nordestinos até portugueses, espanhóis e italianos. Os brasileiros
mais humildes faziam o trabalho pesado, enquanto os estrangeiros trabalhavam
como médicos, engenheiros, arquitetos e químicos. A fábrica operava dia e
noite, ininterruptamente.
Silos de armazenamento de cimento |
O
complexo que englobava a Ferrovia Perus Pirapora, a Fábrica de Cimento Portland
Perus e as pedreiras da região foi todo comprados pelo Grupo J.J. Abdalla em 1951.
Em pouco tempo, Abdalla se tornou conhecido como “O Mau Patrão”, principalmente
por gerir a fábrica de forma desleixada e imprudente, pois o maquinário da
fábrica sequer tinham manutenção adequada, o que forçava a paralisação das
máquinas, que quebravam com frequência. Além disso, os operários também sofriam
com atrasos salariais, falta de equipamentos básicos como capacetes e máscaras
de proteção, além de outras violações trabalhistas. Por tais motivos foi criado
um grupo para a defesa dos direitos dos trabalhadores, na tentativa de verem
atendidas suas reinvindicações. Assim
surgiu o movimento dos Queixadas, que pregava a luta não violenta, com firmeza
permanente e não violência ativa, de forma semelhante à usada por Mahatma Gandhi
na Índia e Martin Luther King nos EUA.
Esteira do depósito de pedras |
A
fábrica foi o epicentro da maior paralisação da história sindical brasileira:
“A greve dos Queixadas”, que durou 7 anos, de 1962 a 1969 e lutou por melhores
condições de trabalho para os operários da fábrica e por seus direitos. Além
disso, em Perus também ocorreu um dos primeiros episódios de luta ecológica da
história do Brasil, quando um grupo de mulheres do bairro se insurgiu contra a
poluição ambiental gerada pela fábrica de cimento.
A
denominação “Queixada” se deu pelo fato dessa espécie de porco selvagem se unir
em grupo quando se sente ameaçado, formando uma manada e batendo o seu queixo.
Quando estão unidos, são capazes de enfrentar onças ou até caçadores,
estraçalhando quem os atacar. Os operários da fábrica deram um exemplo de
unidade semelhante à tais animais.
Depósito de clínquer |
As
formas tradicionais de protesto foram substituídas por passeatas, greves de
fome e assembleias, sempre com um viés pacífico e não violento. A não centralização da luta e a inexistência
de um protagonista no movimento eram características da “firmeza permanente”
defendida pelos Queixadas, cujos adversários eram conhecidos como “Pelegos”. A
greve só foi encerrada em 1969 com uma vitória parcial do movimento dos
Queixadas.
Vestiários |
Em
1964, José João Abdalla teve seu mandato de deputado cassado por corrupção. No
ano seguinte foram descobertas práticas fraudulentas do Grupo Abdalla, que
levaram à abertura de um inquérito que averiguou no ano de 1969 que todas as 32
empresas do grupo não recolhiam quaisquer impostos. Desta forma, a
administração do Grupo J.J. Abdalla só perdurou até o ano de 1974, quando a
fábrica foi expropriada pelo governo federal, que confiscou os bens da
companhia, passando então a ser administrada pelo Ministério da Fazenda.
Casarão do M |
Em
1981, o complexo foi colocado em leilão, recebendo um único lance dado pelo
consórcio Chohfi-Abdalla, sendo novamente adquirido por herdeiros do Grupo J.J.
Abdalla, permanecendo em operação até o encerramento da produção de cimento em
1983 e ao fechamento definitivo da fábrica em 1987, devido à falta de
infraestrutura e péssimas condições de trabalho oferecidas pela empresa.
Vila Triângulo |
Com
a construção da Rodovia Anhanguera, o bairro de Gato Preto passou a ser cortado
ao meio, tendo sido desativadas as minas de calcário, os fornos de cal e a
fábrica de celulose.
Capela São José |
No
ano de 2002 a fábrica foi declarada patrimônio histórico da capital paulista,
mas foi abandonada pelo poder público e trancada por seus proprietários. Desde
então, moradores do bairro (com 160.000 habitantes) e movimentos sociais vêm
lutando para tentar transformar o espaço em um centro cultural, em um parque
Memorial dos Queixadas e uma universidade. Infelizmente, Perus não oferece à
sua população nenhum teatro, cinema ou qualquer outro equipamento cultural
oficial. É alarmante a falta de estrutura da região, o que denota o total
abandono do bairro por parte do poder público.
Perus
tem uma longa tradição de lutas que marca seu povo, segundo Padre Genésio,
conhecido no bairro. Esse comportamento persiste até os dias de hoje, seguindo
o espírito dos Queixadas, pois a população local busca uma melhor qualidade de
vida, educação e saneamento. Acreditam que com a maior conscientização dos
moradores da cidade de São Paulo, o bairro possa finalmente receber a merecida
atenção e ser recompensado por todas as riquezas que trouxe para a capital
paulistana, pela matéria prima que ajudou a construir nosso país.
Venha
conhecer também esses locais repletos de histórias e faça um passeio aos pontos
mencionados nessa matéria. Ao visitá-los, você já estará ajudando na divulgação
e preservação da história de São Paulo e contribuindo para que os objetivos dos
defensores desse incrível patrimônio sejam alcançados, viabilizando um futuro
melhor para todos os moradores da região.
Esta
visita foi realizada com o apoio da Tour Jundiahy. Clique no logo abaixo paraser direcionado diretamente ao site da empresa, agendar o seu passeio econhecer de perto esses locais tão interessantes e importantes para a nossahistória.
Com
agradecimentos especiais à:
Tour
Jundiahy
Ricardo
Silva
Luís
Alberto Moura
Aline
Rodrigues
Nelson
Bueno de Camargo
Bonfilio
A. Ferreira
Débora
Dias dos Santos
Robson
Azevedo
Você gostou da matéria? Então entre em contato com o autor através do e-mail: pensarnaoeproibidoainda@gmail.com
Quer ajudar o autor da
coluna a mantê-la ativa, sempre com novos artigos? Que tal então comprar os
produtos relacionados ao assunto da matéria diretamente no site da Amazon do
Brasil? Usando o link fornecido para suas compras você estará dando suacontribuição diretamente. Muito obrigado por seu apoio!
Todas
as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em novembro de 2020.
Bibliografia usada:
Marco Histórico e Cultural
de Perus, terreno de fábrica de cimento pode virar moradia popular – 17/02/2016
– Por Jéssica Moreira, com a colaboração de Pedro Ribeiro Nogueira.
Queixadas – por trás dos
sete anos de greve – Por Jéssica Moreira e Larissa Gould
Site da Prefeitura de São
Paulo – Perus (http://perus.prefeitura.sp.gov.br)
Wikipedia
Piritubanet – (www.pirituba.net/peruspirapora)
Ferrovia Perus Pirapora Abre
para Passeio Turístico, por Marcelo Galli – 05/06/2011 - Estado de São Paulo
Estrada de Ferro Perus
Pirapora – Instituto de Ferrovias e Preservação do Patrimônio Cultural.
Moradores de Perus lutam
para preservar a história dos Queixadas, por Emily Dulce – Brasil de Fato –
28/02/2018
Perus 84 anos: trens,
cimento e a construção do Brasil, por Ira Romão – Agência Mural
O Patrimônio Pós Industrial
e Operário da Cia. Brasileira de Cimento Portland Perus, por Débora Dias dos
Santos – TFG Mackenzie
quinta-feira, 4 de março de 2021
AUVERS SUR OISE
AUVERS
SUR OISE – SEGUINDO OS PASSOS DE VAN GOGH
O
caminho para Auvers Sur Oise
Campo de trigo com corvos - Foto de Céline Clanet - The Wall Street Journal |
É
comum as cidades e vilarejos marcarem a vida daqueles que nela residem, ainda
que temporariamente. No entanto, em alguns casos excepcionais, são pessoas que imortalizam
uma determinada localidade, por sua presença significativa e pelas marcas que
deixou ao partir. Esse é exatamente o caso da pequena Auvers Sur Oise, situada
a pouco mais de 30 km ao noroeste de Paris. Até os dias de hoje a charmosa e
pitoresca cidade é associada à figura de um dos maiores pintores da história: o
genial holandês Vincent Van Gogh.
Foi
em Auvers, localizada à beira do rio Oise, que Van Gogh passou os seus 70
últimos dias de vida, tendo lá morrido após uma tentativa falha de suicídio, na
qual o grande mestre veio a falecer após dois dias sofrendo em seu leito de
morte.
Durante
sua curtíssima estadia, o genial flamengo produziu suas obras de forma
frenética e incessante, como se soubesse que o fim era próximo e quisesse
deixar o maior legado possível à humanidade antes de partir dessa vida. Nesse
breve período, ele criou nada menos do que 80 quadros e 64 esboços, ou seja,
mais de dois trabalhos a cada dia, sendo que muitas delas são consideradas
atualmente obras primas, entre as melhores que pintou em sua curta e brilhante
carreira.
Paisagem de Auvers |
Antes
de chegar à Auvers Sur Oise, no dia 20 de maio de 1890, Van Gogh havia residido
por um período no sul da França, em Arles. Embora o período vivido em Arles
tenha lhe proporcionado a criação de grandes obras, foi lá que o holandês
vivenciou um dos episódios mais dramáticos de sua vida, quando após ter uma
séria discussão com seu amigo e parceiro de pintura Gauguin, Van Gogh cortou
uma de suas orelhas em um aparente ataque de fúria ou epilético.
Assustado
com o que fizera contra si mesmo, o pintor holandês pediu para ser internado no
asilo e hospício de Saint Paul de Mausole, no vilarejo de Saint Rémy de
Provence, no qual permaneceu voluntariamente durante um ano. Nesse local, ele
teve várias crises epiléticas, mas, gradativamente, foi se recuperando, tendo
continuado pintando durante toda sua estadia. Após um ano internado, Van Gogh
pediu para que seu querido irmão Theo preparasse sua saída, pois não suportava
mais viver em meio aos loucos do hospício e estava buscando um lugar tranquilo
e silencioso para poder pintar seus quadros.
Retrato do Dr. Gachet |
Theo
Van Gogh foi a pessoa mais marcante na vida de Vincent Van Gogh. Seu irmão
sempre o apoiou emocionalmente e financeiramente, pois trabalhava em uma galeria
de arte em Montmartre, em Paris e enviava mensalmente uma quantia de 150
francos, com os quais Vincent se mantinha de forma precária, levando uma vida
muito simples, cheia de privações. Tal apoio monetário era fundamental para Van
Gogh, pois ele conseguiu vender apenas um quadro durante toda a sua vida.
O
vínculo afetivo entre os dois era muito forte. Como sabia que Vincent não
suportaria viver em Paris, devido à agitação da cidade e a sua doença, Theo
tentou encontrar uma solução. Ele pediu que Pisarro, outro grande pintor,
hospedasse Vincent em sua casa em Eragny Sur Ept. No entanto, Pisarro não pode
atender o pedido de Theo, pois Vincent nessa época já tinha uma reputação de
louco perigoso, e esse temia que o holandês pudesse machucar sua esposa ou
algum de seus seis filhos.
Como
também gostava muito de Vincent, Pisarro entrou em contato com um renomado
médico parisiense chamado Dr Gachet, que era viúvo e tinha dois filhos criados
por uma governanta, uma filha chamada Marguerite e um filho chamado Paul. O Dr
Gachet possuía uma casa de campo em Auvers Sur Oise, a qual frequentava três
vezes por semana. Desta forma, Pisarro sugeriu que Theo preparasse uma carta de
apresentação para Vincent, que veio visitá-lo em Paris por três dias, para que ele
entregasse ao Dr Gachet em Auvers Sur Oise. Havia a esperança de que o médico
pudesse ajudar Vincent em seu tratamento contra a epilepsia e até mesmo o
auxiliasse a encontrar um lugar para passar uma temporada pois, inicialmente,
Vincent iria apenas ficar alguns dias na cidade. Ninguém jamais imaginava que
aquele seria o último local onde o mestre holandês iria morar e no qual viria a
falecer.
Marguerite Gachet no jardim de sua casa |
Vincent
se apresentou ao Dr Gachet assim que chegou à Auvers, tendo em mãos uma carta
preparada por seu irmão Theo. Dr Gachet foi muito receptivo e atencioso com Van
Gogh, pois ele era um amante da pintura impressionista, sendo ele mesmo um
pintor em seu tempo vago, adotando o nome artístico de “Van Hyssel”, claramente
inspirado pelos mestres flamengos.
O
Dr Gachet examinou Vincent e o aconselhou que pintasse incessantemente para
evitar o retorno de suas crises epiléticas. O ideal seria que ele se mantivesse
ocupado o tempo todo. Infelizmente o médico não pode hospedar Van Gogh em sua
casa, mas lhe recomendou um albergue próximo à sua residência que cobrava 6
francos por dia. Van Gogh achou o valor muito caro e acabou encontrando outro
albergue, bem em frente à prefeitura de Auvers, chamado Auberge Ravoux, no qual
acabou se estabelecendo por 3,5 francos ao dia, com direito à 3 refeições,
vivendo em um quarto no último andar, sem janelas, apenas com uma pequena claraboia.
Seu quarto possuía apenas uma cama, uma cadeira e suas obras cobrindo todas as
paredes. Foi nesse local que o grande Van Gogh passou os últimos dias de sua
vida e veio a falecer.
A
rotina de vida de Van Gogh em Auvers
O artista
aproveitava os seus dias ao máximo. Se levantava às 6h e se deitava para dormir
às 9h.
Além
de pintar muito, também escrevia cartas diariamente para o seu irmão, Théo, em
Paris. Em sua correspondência, contava o que havia pintado, relatava suas
impressões sobre a cidade e seus habitantes. Foi graças a tais cartas que os
pesquisadores conseguiram resgatar e compreender vários aspectos da vida e do
trabalho do artista
Aos
domingos, almoçava na casa do Dr Gachet, sendo que algumas vezes retornava às
segundas ou terças para concluir alguma obra que havia iniciado no domingo
anterior.
Campos de coquelicot |
Vincent
se sentia um inútil por precisar de ajuda financeira constante de seu irmão
para se manter ativo artisticamente. Tal sentimento só foi se acentuando com o
passar do tempo. Seu estado de espírito só piorou quando ficou sabendo que seu
irmão também estava passando por problemas financeiros, que significariam uma
dificuldade ainda maior em mantê-lo em Auvers. Van Gogh tinha uma vida que
beirava a pobreza, pois se mantinha com café, tabaco e absinto que, na época,
tinha a reputação de ser uma bebida que levava os que a bebiam à loucura.
No dia 27 de julho de 1890, Van Gogh deixo o Auberge Ravoux após o almoço. Não retornou para o jantar e, ao finalmente chegar, entrou de cabeça baixa e se refugiou imediatamente em seu quarto. Ao verificar o que estava acontecendo com seu hóspede, o proprietário do estabelecimento encontrou Van Gogh na cama, deitado e ferido com um disparo de uma pistola que ele havia encontrado em uma gaveta no piso térreo do albergue. O Dr Gachet foi imediatamente contatado e veio visitar seu amigo e paciente. Constatou que seria impossível transportar Vincent para o hospital mais próximo para uma intervenção. O irmão de Vincent, Théo, foi contatado através de uma carta que foi entregue logo na tarde seguinte. Ele veio até Auvers e ficou ao lado de seu irmão até o seu último instante, quando Van Gogh faleceu às 1:30h do dia 29 de julho.
Arma usada por Van Gogh para se suicidar. Foto de Charles Platiau |
Dois
dias após ter atirado em seu próprio peito, Van Gogh morreu nesse quarto nos
braços de seu irmão Theo, que havia sido avisado em Paris do estado de saúde
terminal de Vincent. As últimas palavras ditas por ele foram: “A tristeza durará
para sempre.” A causa de sua morte foi provavelmente devida a uma infecção da
bala ainda alojada em seu peito. Após seu falecimento, foi encontrada uma carta
no bolso de seu casaco que ainda não havia sido enviada para seu irmão. Nela,
Vincent afirma que: “"Bem, meu próprio trabalho, estou arriscando minha
vida por ele e minha razão meio que afundou por causa disso – mas está tudo
bem..."
Roteiro
Turístico na cidade – Maiores Atrações para seguirmos os passos de Van Gogh
Embora
a cidade tenha crescido desde a morte de Van Gogh, ela ainda tem uma população
de menos de 7000 pessoas, sendo um lugar de fácil visitação turística a pé. Para
aqueles que querem conhecer os lugares mais marcantes da estadia de Van Gogh em
Auvers Sur Oise, eu recomendo as seguintes atrações, nesta sequência.
1- Casa do Dr Gachet
2- Auberge Ravoux
3- Igreja Notre Dame de Auvers
4- Cemitério de Auvers
Casa
do Dr Gachet
O passeio pode ser iniciado pela casa do Dr Gachet, que atualmente é um museu. No local podemos ver os quartos onde o médico parisiense tratava o pintor holandês com medicamentos homeopatas, além dos lindos jardins nos quais ambos pintavam juntos, pois o médico se tornou confidente e amigo pessoal de Vincent. Vários quadros famosos de Van Gogh retratam a residência Gachet. Além disso, lá também foi pintada uma das maiores obras da carreira de Van Gogh, o retrato do Dr Gachet que, durante algum tempo, foi o quadro mais valioso do mundo, tendo sido vendido na época por 82,5 milhões de dólares. Quando concluiu a obra, Van Gogh escreveu uma carta para seu irmão Theo lhe contando que havia pintado o Dr Gachet com uma expressão de melancolia, que poderia até mesmo parecer uma careta para aqueles que vissem o quadro.
Auberge
Ravoux
Em
seguida, podemos caminhar até o Auberge Ravoux, onde o pintor viveu seus
últimos dias e morreu no quarto de número 5. Na época, o local era uma
hospedaria com um restaurante no piso térreo. Atualmente não existe mais a
hospedaria, que foi transformada em um museu privado, mas o restaurante
permanece em funcionamento. Os proprietários do estabelecimento servem um
cardápio inspirado em pratos que eram servidos na época de Vincent Van Gogh e
que, provavelmente, foram saboreados por ele. No andar de cima do Auberge
Ravoux, podemos visitar o quarto onde viveu e morreu Van Gogh.
Não
são permitidas fotografias dentro do quarto do pintor. Ao subirmos uma escada
de madeira podemos imaginar o que Van Gogh sentia ao chegar ao seu quarto ao
final de cada dia, após ter concluído várias obras de arte que se tornaram
preciosas após sua morte. O quarto é minúsculo, sem janelas, com apenas uma
cadeira. A cama onde o pintor faleceu não está mais lá. O proprietário atual do
local instalou uma proteção antifurto em uma das paredes na expectativa de que
algum museu lhe emprestasse uma obra de Van Gogh pintada em Auvers para
exposição, o que não ocorreu até hoje. As paredes nuas acentuam ainda mais a
austeridade do ambiente. É incrível imaginá-las cobertas de obras primas que
ninguém queria na época e, após a morte de Van Gogh, foram parar nos maiores
museus de todo o mundo, inclusive no MASP, em São Paulo. Apenas uma pequena claraboia
no teto fornece um pouco de luz ao sombrio ambiente onde Van Gogh viveu seus
últimos dias e faleceu. Ele não pintava em seu quarto e, desde sua morte, o
espaço nunca mais foi alugado para nenhum outro hóspede, pois há uma superstição
francesa que não se deve alugar um quarto onde alguém morreu. Desde 1926 o
Auberge Ravoux é conhecido como “Casa de Van Gogh”. Preservado há mais de um
século, o quarto é considerado o menor museu do mundo e foi classificado como
um monumento histórico em 1985. Sem dúvida, o lugar mais emocionante de toda a
visita.
Quarto de Van Gogh - Foto da Maison de Van Gogh |
O
Auberge Ravoux é uma das atrações principais da cidade, pois tem um papel
representativo na vida do grande pintor. Atualmente ele se encontra todo
restaurado e oferece um pequeno e belo museu que conta a história de Van Gogh
em Auvers, incluindo um interessante vídeo de 13 minutos de duração assistido
por todos os visitantes. Há também uma loja de presentes e lembranças relativas
à obra do grande artista.
Igreja
Notre-Dame-d’Auvers
A
igreja principal de Auvers foi imortalizada por Van Gogh, que escolheu pintá-la
por um ângulo inusitado, vista por trás. Acabou se tornando um de seus quadros
mais famosos.
Atualmente
há uma reprodução do quadro de Van Gogh em uma placa explicativa exatamente no
local de onde ele teria pintado a obra, para que os visitantes possam ter
exatamente a mesma visão que ele teve do local. Além disso, em vários outros
locais da cidade há placas informativas contando detalhes sobre as obras de Van
Gogh pintadas em locais específicos, tais como na casa do Dr Gachet e nos
campos de trigo próximos ao cemitério da cidade.
Se
quiser ter a mesma visão que o mestre teve, visite a igreja no início da tarde,
para ver as sombras que foram retratadas na pintura. Não deixe de visitar o
interior da igreja também, que é linda e faz parte do patrimônio histórico e
cultural da cidade.
Foto da Prefeitura de Auvers sur Oise |
Cemitério
de Auvers
Para
finalizar o seu passeio, siga até o cemitério, passando pelos lindos campos de
trigo imortalizados nos quadros de Van Gogh, particularmente na obra “Campos de
Trigo com corvos”, que podem ser vistos até os dias de hoje.
Campos de trigo |
Ao
adentrar o cemitério, logo verá os túmulos dos irmãos Vincent e Théo Van Gogh,
enterrados lado a lado e cobertos um manto de ervas trazidas por Paul, filho do
Dr Gachet.
Vincent
foi enterrado no dia seguinte à sua morte. Théo morreu seis meses depois. Afirma-se
que a causa de sua morte foi o desgosto com a partida do querido irmão. Inicialmente
ele foi enterrado em Utrecht, na Holanda. 30 anos depois seu corpo foi
transferido, a pedido de sua esposa Johanna, até o cemitério de Auvers, para
repousar ao lado do irmão que tanto amava.
Um
detalhe curioso é que por cima do baixo muro do cemitério podemos ver os lindos
campos de trigo retratos por Van Gogh e as belas flores “coquelicot” vermelhas
que cobrem tais campos, que serviram de inspiração para seus últimos quadros.
Túmulos de Vincent e Théo Van Gogh |
É
incrível pensarmos que Van Gogh tenha falecido com apenas 37 anos de idade e,
durante pouco mais de uma década de pinturas, tenha conseguido produzir mais de
2100 obras, muitas delas consideradas obras primas, que imortalizaram seu nome
no panteão dos maiores artistas da história da humanidade.
Sem
dúvida, uma visita que sensibilizará todos aqueles que são amantes das artes e
querem conhecer um pouco mais sobre o enigmático e genial mestre holandês que
deixou suas cores intensas marcadas na história da pintura: Vincent Van Gogh.
“Eu
sonho com a pintura e, então, eu pinto meus sonhos.”
–
Vincent van Gogh
Você gostou da matéria? Então entre em contato com o autor através do e-mail: pensarnaoeproibidoainda@gmail.com
Quer ajudar o autor da
coluna a mantê-la ativa, sempre com novos artigos? Que tal então comprar os
produtos relacionados ao assunto da matéria diretamente no site da Amazon do
Brasil? Clique aqui para fazer suas compras e você estará dando sua
contribuição diretamente. Muito obrigado por seu apoio!
Agradecimentos
especiais:
Otávio
Gabriel Briones
Thaís
Aveiro
Todas
as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em agosto de 2014,
exceto as indicadas com os nomes de outros fotógrafos.
Bibliografia usada:
Van
Gogh – Auvers Sur Oise, de François Mathey
Van Gogh à
Saint Rémy et Auvers – 1889-1890, de Uwe M. Schneede
Auvers
Sur Oise – Lumière à Peindre, de Patrick Brevet e Régis Molinard
https://www.earthtrippers.com/auvers-sur-oise/
https://www.wsj.com/articles/a-tour-of-van-goghs-picture-perfect-french-village-1437073199
https://listasdeviagem.com/2016/08/25/auvers-sur-oise-seguindo-os-ultimos-passos-de-van-gogh/
https://blogvisitasguiadasemparis.com/arte/nos-passos-de-vincent-van-gogh-em-auvers-sur-oise/
https://www.colleensparis.com/2010/07/day-trip-to-auvers-sur-oise-an-eternal-village/
https://travelingboy.com/travel/in-the-path-of-vincent-van-gogh/