ITAPETININGA
– TERRA DAS ESCOLAS
A palavra Itapetininga significa caminho das pedras
secas, ou caminho seco. No entanto, inicialmente a pequena vila se chamava
Nossa Senhora dos Prazeres e foi fundada em 1770.
Os bandeirantes traçaram
as trilhas e indicaram os roteiros que cruzaram nossas terras. Já os tropeiros
firmaram as vias de comunicação por estas mesmas trilhas e roteiros, ao mesmo
tempo que demarcaram os pontos nos quais deveriam ser construídas as nossas
cidades. O tropeiro foi, desta forma, o continuador e consolidador do trabalho
dos bandeirantes.
Itapetininga surgiu e se
desenvolveu por causa do tropeirismo. Estes tropeiros descobriram um pouso
excelente à beira do Rio Itapetininga, um ótimo local para descanso obrigatório
para aqueles provenientes do sul do país. Eles montavam ranchos e arraiais para
o pouso, antes de seguirem em direção ao Rio Grande do Sul. Esse ponto ainda
existe sob o nome de “Porto”.
A atual Rua Quintino Bocaiúva se chamava inicialmente
Rua das Tropas, pois era por lá que passavam as tropas provenientes do sul. Tal
influência sulista é notada até os dias de hoje, pois o sotaque dos itapetininganos
lembra bastante o dos gaúchos.
O primeiro núcleo de
tropeiros na região de Itapetininga surgiu em 1724, quando descobriu-se que o
pasto no local era abundante e a terra fértil para o plantio. Além disso, outro
fator determinante para a escolha do local atual onde se situa a cidade foi a
distância da Vila de Sorocaba - 12 léguas - que correspondia a uma jornada de
tropa solta. Nessa época,
a viagem de São Paulo até Itapetininga levava entre 6 a 8 dias. O local
também era um pequeno centro comercial de mulas.
O Governador Geral da época determinou a abertura de um
caminho novo para o sul da colônia, que permanecesse sempre seco, em
substituição ao antigo, que ficava constantemente encharcado.
Em 1766, um grupo de
portugueses, chefiado por Domingos José Vieira, deixou o primeiro núcleo (hoje,
bairro do Porto), às margens do Rio Itapetininga, e formou outro, a 6 km do
local original, em uma região alta e circundada por dois ribeirões,
precisamente onde se localiza a Catedral, onde construíram a primeira capela de
Nossa Senhora dos Prazeres. As primeiras cerimônias da instalação da freguesia
de N.S. dos Prazeres de Itapetininga foram realizadas em 5 de novembro de 1770.
O antigo núcleo foi
ocupado por Paschoal Leite de Moraes, que, vindo do Paraná com sua família, deu
continuidade àquele núcleo populacional. Nessa época, a instalação de uma
freguesia se dava com o levantamento do pelourinho.
O Capitão General da
Capitania, D. Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, baixou uma portaria em 17
de abril de 1768, na qual ordenava que fosse fundada a povoação de
Itapetininga.
Nessa época, houve uma
disputa entre os dois núcleos que queriam ser elevados à condição de vila. Desta
forma, em 17 de abril de 1770, Simão Barbosa Franco foi nomeado para fundar o
novo povoado, cabendo, a ele, a escolha do núcleo principal. Alguns historiadores
contam que uma mula ruana marchadeira, ofertada como presente a Simão Barbosa
Franco, garantiu a vitória de Domingos José Vieira.
Os campos de
Itapetininga sempre tiveram fama de produzirem galináceos da melhor qualidade e
em grande quantidade. Esse
é um dos motivos pelos quais também a cidade é conhecida por sua deliciosa
receita de bolinho de frango, criada há
mais de 100 anos e que foi declarada patrimônio cultural imaterial da cidade.
Itapetininga sempre teve
uma reputação de oferecer ótimas frutas, que eram vendidas à preços
exorbitantes e também por seus animais de criação, que são excelentes, bem
tratados, fortes e bonitos. Uma vez o governador da Província de São Paulo
ordenou que toda a cavalaria de seu exército fosse adquirida em Itapetininga,
devido à excelente qualidade dos animais da região.
A cidade de Itapetininga
prosperou muito com o passar dos anos. Foi construído o Teatro São João, no qual se
apresentavam alguns conjuntos teatrais esporadicamente. Nestas ocasiões, as
famílias levavam às costas suas próprias cadeiras para sentar. Terminado o espetáculo,
traziam de volta às costas cada um à sua cadeira. Nem mesmo na igreja Matriz
havia bancos para os fiéis se sentarem.
Neste
período, o arroz era considerado um artigo de luxo e era somente servido às
visitas, pois era proveniente do Japão, de onde vinha em barris.
Em 1852 foi fundada a
Loja Maçônica Firmeza, existente até hoje. Já em 1873 foi construída a Igreja
N.S. do Rosário, com mão de obra escrava.
Sem
dúvida, o itapetiningano mais ilustre nasceu em 1882. Seu nome era Júlio
Prestes, integrante de uma família muito tradicional e renomada na cidade. Foi o último presidente do Brasil eleito durante a República Velha, mas foi impedido de assumir o
cargo devido a Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, que
assumiu a Presidência da República em seu lugar. Prestes foi o único político
eleito presidente da república do Brasil pelo voto popular a ser impedido de
tomar posse, além de ter sido o primeiro brasileiro a ser capa da renomada
revista Time, em 1930.
Durante
a Revolução de 1930, a cidade foi ocupada pelas tropas de Getúlio Vargas. Um
triste episódio ocorreu quando o prédio da Escola Normal, marco da cidade, foi
transformado em quartel e lá os soldados transformaram o pátio em local para
preparo de churrasco.
Uma outra Itapetiningana
célebre é Anésia Pinheiro
Machado, que foi a primeira aviadora do Brasil. Outro famoso cidadão nascido na
cidade foi o autor da canção “Menino da Porteira”, chamado Teddy Vieira.
Itapetininga
é também conhecida como “Terra das Escolas” por causa de sua longa tradição
educacional, refletida na alta qualidade de suas escolas, professores e alunos.
A
forte tradição educacional da cidade foi iniciada com a criação da Escola
Normal Superior, a única do interior do Estado de São Paulo na época. Depois
ela se transformou na renomada Escola Peixoto Gomide, obra do famoso arquiteto
Ramos de Azevedo. Em 1920 foi criada a Faculdade de Odontologia e Farmácia, a
terceira de todo o estado, atrás apenas da capital e de Araraquara. Há também o
conhecido Colégio das Freiras. Durante muito tempo a cidade foi o centro
escolar de toda a região.
Na
área cultural, há também referências que são reconhecidas por sua população, entre
elas o “Cururu”,
comum na zona rural, que
é um canto de improviso, espécie de ‘repente’ paulista, no qual a viola caipira
dita o ritmo e a melodia.
Em
1921, o célebre francês Marechal Pétain, herói da Primeira Guerra Mundial e
futuro presidente da França passou por Itapetininga, onde foi recebido pelo Professor
Haddock Lobo, que o homenageou com um discurso feito em francês. Ao final do
discurso, Pétain o beijo, dizendo que naquele momento a França precisava de
homens como ele.
Entre
os visitantes ilustres que a cidade recebeu ao longo dos anos estão, entre
outros, o Conde D’Eu, Garibaldi, Washington Luiz, Heitor Villa Lobos e Rui
Barbosa.
Atualmente,
Itapetininga possui uma
economia fortemente voltada à agricultura, possuindo o maior produto interno bruto agrícola do estado de São Paulo. Além disso, conta com algumas
indústrias de expressão nacional de grande porte, tais como a 3M, Baterias
Moura, Duratex, Nishimbo entre outras. É considerada um grande polo moveleiro e têxtil do Sudoeste Paulista. Não
podemos deixar de mencionar também as saborosas batatas cultivadas na cidade,
que abastecem operações do McDonald’s e da Elma Chips no Brasil.
Também
são muito conhecidos o Pesqueiro Itograss, cujo grupo é o maior fornecedor de
grama do Brasil, para campos de futebol e estradas; a Churrascaria Sacy, famosa
por seu “Lombinho com Queijo”, além dos Chocolates Aspen, de ótima qualidade.
Um
fato curioso sobre a cidade é que há um elevado número de habitantes com idade
acima dos 80 anos vivendo em Itapetininga. Acredita-se que tal fato se deva à
qualidade de vida na cidade.
A
distância de Itapetininga até São Paulo é de apenas 160 km, duas horas de
carro. Portanto, se estiver na região, não deixe de conhecer essa tradicional
cidade, tão renomada por suas escolas, seus filhos ilustres e também pela
qualidade dos produtos de sua terra. Você não se esquecerá de Itapetininga.
Marco André Briones – pensarnaoeproibidoainda.gmail.com
Todas as fotos da
matéria foram tiradas por Marco André Briones, entre 2009 e 2018.
Bibliografia
usada:
Um
Adeus em Cada Esquina – Recordações de Gente Nossa – História de Itapetininga,
de Hehil Abuázar.
Itapetinga
e Sua História – de Antônio Galvão Jr.
Com
agradecimentos especiais à Sra Ana de Lourdes Ribeiro Secco e ao Sr. José de
Almeida Ribeiro