terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

HAVANA - SONHO OU PESADELO? - PARTE 1

 

HAVANA SONHO OU PESADELO?

 



PARTE 1

Minha viagem para Cuba em setembro de 2010 não foi apenas uma viagem. Foi muito mais do que isso. Eu diria que foi uma experiência de vida na qual tive sensações que nunca tivera antes e, provavelmente, nunca terei novamente.

Foi uma incrível aula de história, política e, sobretudo, humanidade e valores. Ao voltar de Havana eu havia me transformado em outra pessoa. Passei a dar muito mais valor a coisas que normalmente passam desapercebidas pela maioria das pessoas. Conquistas e valores que temos em nossas vidas que em outros lugares do mundo, muito próximos de nós, são inatingíveis ou objeto de sonhos.

Mar do Caribe


Ao regressar a São Paulo, pela primeira vez na minha vida, eu tive vontade de beijar o solo brasileiro e agradecer a Deus por ter nascido aqui, e não em Cuba. Foi um misto de sensação de alívio com alegria, medo e gratidão.



Nas páginas a seguir farei um relato da minha experiência em solo cubano, ao conhecer e visitar sua famosa e polêmica capital: Havana. Desde já deixo claro que não pretendo fazer aqui nenhum discurso político nem apresentar um roteiro turístico. Apresentarei um diário de viagem, pois quero simplesmente relatar o que vi, ouvi, experimentei e senti durante a semana que fiquei em Cuba. Preparei um relato de viagem dividido em 4 partes, que serão postadas uma a uma semanalmente.



Existem basicamente duas maneiras de se conhecer Cuba: a primeira, é a de se ficar hospedado em alguma praia, como Varadero, localidade turística afastada da capital, na qual há apenas hotéis estrelados, nos quais os hóspedes não saem de lá para nada, nem para conhecer Havana, ficando o tempo todo dentro dos resorts, comendo e bebendo do melhor, em um lugar ao qual o povo cubano, extremamente pobre, quase não tem acesso, já que os preços praticados são elevadíssimos.



A outra maneira, que é a que eu escolhi, é a de se ficar hospedado em Havana e visitar os lugares os quais são frequentados pelo povo cubano, para poder conhecer efetivamente como ele vive o seu dia a dia.

Tentarei fazer um relato o mais preciso possível do que aconteceu comigo durante o tempo que passei em Cuba.



 

DIA 1

Embarquei em São Paulo com destino à Cidade do Panamá, na qual fiz conexão para Havana após esperar algumas horas no aeroporto da capital panamenha.

Cheguei em Havana no início da noite. O mais curioso foi que pouco antes de o avião pousar, eu estava ouvindo música em meu Ipod e, coincidentemente, a canção que estava tocando quando o avião pousou em Havana era “This is Not America”, do David Bowie. Realmente aquilo não era a América, pelo menos não a que eu havia conhecido até então.



Outra coisa surpreendente foi que o piloto do avião da Copa Airlines avisou os passageiros que estávamos prestes a pousar. No entanto, eu não conseguia ver nenhuma luz do aeroporto nem da cidade. Tudo absolutamente escuro. De repente, quando o avião estava muito próximo do solo, todas as luzes da pista se acenderam e, assim que o avião acabou de taxiar na pista, todas as luzes foram novamente apagadas. Fiquei sabendo que isso é uma medida de contenção de despesas com eletricidade, que o país não tinha recursos sequer para manter a pista de pouso permanentemente iluminada. Já comecei a me preparar para o pior ao saber disso.



Tomei um susto logo que a porta do avião se abriu pois, aguardando a saída dos passageiros, dentro do “finger” de desembarque, imediatamente junto à saída, havia soldados, armados de metralhadoras e com vários cães farejadores, para farejar cada um dos que desembarcava, a fim de detectar drogas. Graças a Deus, todos os passageiros saíram da aeronave, sem que nenhum deles já fosse preso ali mesmo.

Vista panorâmica de Havana


Também me chamou bastante a atenção ver as funcionárias da imigração cubana usando uniformes e meia preta do tipo arrastão. Nunca havia visto uma combinação tão bizarra. A iluminação dentro do aeroporto também era fraquíssima. Só conseguia ver as pessoas com dificuldade, pois o ambiente se encontrava na penumbra.



Como o aeroporto internacional José Martí é relativamente afastado de Havana, durante o meu percurso até a cidade fui observando a grande quantidade de pessoas que havia circulando pelas ruas. No entanto, não havia praticamente nenhuma iluminação pública. Era muito perigoso dirigir por ali, pois os pedestres eram praticamente invisíveis, aparecendo de repente do nada. Vi também muitas casas, todas elas com as luzes apagadas, aparentemente por causa dos apagões frequentes.



A temperatura local era de 26 graus à noite, o que já me indicava que durante o dia o calor deveria ser muito intenso. Fui jantar naquela que é considerada a melhor lanchonete do país: La Rampa, dentro do Hotel Habana Libre. Comi uma pizza muito simples, feita de massa de pão, com algumas fatias de queijo e presunto. Bebi uma água mineral local, da marca Ciego Montero. Para ser uma das melhores lanchonetes do país, achei tudo muito simples. Notei também que estava praticamente vazia. Fiz uma passagem rápida pelo Hotel Meliá Cohiba apenas para enviar um e-mail aos meus familiares, informando que eu já havia chegado a Cuba, já que não havia qualquer tipo de telefone celular, sem ser pré-pago, disponível na ilha na época em que visitei o país. Até mesmo o acesso a e-mails era extremamente difícil e limitado, apenas para os estrangeiros que podiam pagar por tal serviço, considerado um luxo localmente. A melhor coisa desse hotel foi o delicioso Mojito que bebi em seu bar.



Meu anfitrião me levou até a sua residência, onde fiquei hospedado durante toda a minha estadia em Cuba. Fiquei sabendo que, pelo fato de ser um prédio onde só viviam estrangeiros, tudo era monitorado pelos seguranças do prédio, administrado pelo Estado cubano. O governo cubano monitorava todo o movimento de entrada e saída dos estrangeiros, 24 horas por dia, além de controlar também com quem eles entravam e saíam do prédio. Um dos seguranças ficava na portaria do prédio e o outro na garagem. Eles sequer disfarçavam suas intenções e, todas as vezes que passávamos por eles, nos acenavam e tomavam nota em seus cadernos. Nós também acenávamos de volta. Simplesmente inacreditável.



A última recomendação que recebi foi a de deixar as janelas permanentemente fechadas, pois a dengue estava assolando Cuba, com incontáveis casos de pessoas doentes. Foi necessário usar repelente o tempo todo em que estive no país, além de carregar permanentemente um frasco de álcool gel para higienizar as mãos, pois a grande maioria dos lugares que visitei era muito suja, provavelmente porque não só não havia  recursos financeiros disponíveis para higiene pessoal, mas também porque faltavam, nos supermercados (todos administrados pelo Estado), produtos básicos, como papel higiênico.

Rua no Centro


 

DIA 2

No segundo dia eu acordei sob um calor intenso. Saí para passear um pouco e começar a conhecer Havana sob a luz do sol.

Notei que não há bancas de jornais nem livrarias. Durante toda a minha estadia percebi que não vi ninguém lendo nada em lugar algum. Algo muito suspeito para um país cujo governo afirma ter alfabetizado toda sua população. Pouco a pouco, dia a dia, todas esses mitos sobre Cuba foram caindo por terra, um a um.



Os únicos jornais disponíveis nos locais que se apresentavam como “bancas" eram o jornal da Juventude do Partido Comunista e o jornal oficial do governo, chamado Granma, em homenagem ao barco que Fidel Castro e seus companheiros usaram para desembarcar em Cuba e dar início ao processo revolucionário, que os levou ao poder. Tais bancas vendem não só jornais do dia, mas também edições de dias e até semanas passadas, o que me surpreendeu. Então, me explicaram que a principal utilidade de tais publicações, visando a difundir propagandas do governo, exaltando sua importância e realizações, era a de servir de papel higiênico para a população.



Visitei a Plaza de la Revolución, na qual se podem ver enormes murais nas fachadas de edifícios governamentais. O mais chamativo é o que apresenta o rosto de Che Guevara, com o dizer “Hasta la victoria siempre”. Do outro lado da praça, há um mural semelhante, com uma imagem de um dos outros ídolos da Revolução Cubana, Camilo Cienfuegos, portando um chapéu que mais parece a auréola de um santo. Sim, propaganda nada subliminar.

Plaza de la Revolución - vista panorâmica


Mural Camilo Cienfuegos


Mural Che Guevara


Obelisco e estátua de José Martí


Nessa praça ocorreram os maiores desfiles e discursos da história do país. Toda as paradas militares nas datas nacionais ocorrem ali. Pude visitar o monumento no qual há a estátua do poeta nacional José Martí e as tribunas de honra, na qual ficam sentadas as autoridades. Me sentei exatamente no local onde Fidel Castro se sentou em todas as ocasiões em que esteve ali. Fiquei imaginando o que ele deveria pensar ao se sentar ali e ver toda aquela praça lotada, cheia de bandeiras de Cuba.



Na sequência, visitei o Centro Comercial Flores, um mini shopping center, com lojas muito simples. O calor era sempre muito intenso, entre 34 e 38 graus. Vi artigos à venda que não esperava encontrar por ali, por exemplo, caldo Knorr brasileiro vendido à unidade, pois localmente é considerado uma iguaria disponível apenas para poucos privilegiados.

Centro Comercial Flores


Depois fui ao Shopping Center Comodoro, também muito simples, no qual fiquei chocado ao ver uma peixaria com peixes e frutos do mar totalmente expostos ao sol e ao calor, sem nenhum tipo de refrigeração.

Centro Comercial Comodoro


Conheci o Shopping Center Carlos III, que é do governo cubano, assim como todos os outros. O mais incrível é que, ao invés de encontrarmos propagandas das lojas ou dos produtos à venda, havia propagandas do governo, com o rosto de Fidel ou Che.

Shopping Center Carlos III


Notei que em frente a uma das lojas havia uma fila enorme de pessoas à espera da oportunidade de comprar algo. Me aproximei e perguntei a uma senhora o que ela estava esperando. Era uma fila para comprar lâmpadas frias, uma por pessoa. Tal artigo estava em falta há meses.

Almocei no Hotel NH, no qual comi um hambúrguer com fritas, considerado um prato apenas para os ricos. Bebi o refrigerante local, chamado Tukola, que tem um sabor parecido ao da Pepsi Cola.

Tukola


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

DESVENDANDO "THE SEEDS OF LOVE" DO TEARS FOR FEARS

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SANTANA DE PARNAÍBA - O PONTO DE PARTIDA DOS BANDEIRANTES

 

SANTANA DE PARNAÍBA – O PONTO DE PARTIDA DOS BANDEIRANTES

 

Casarão Antigo


Todos nós sabemos que o Brasil possui uma das maiores áreas territoriais do mundo. Cada palmo deste território foi conquistado com muita dificuldade e esforço por gerações e gerações de brasileiros, alguns de nascença, outros, de coração.

No entanto, o que poucos sabem, é que nenhuma outra cidade brasileira contribuiu tanto para a nossa expansão territorial e para que o Brasil alcançasse sua grandeza e dimensão continental quanto Santana de Parnaíba.

O nome da cidade provém da junção do nome de Santa Ana, a santa de devoção de Suzana Dias, a fundadora da vila parnaibana, com a palavra indígena “Parnaíba”, que significa “rio não navegável”, utilizada para indicar a grande queda d´      água existente no local.

Busto de Suzana Dias em frente à Igreja de Santa Ana


A índia Bartira, filha do lendário cacique Tibiriçá da tribo dos Guaianases, defensor da Vila de São Paulo de Piratininga, se casou com o português João Ramalho, fundador da cidade de Santo André. Da união nasceu Beatriz, que se casou com o também lusitano Lopo Dias. Desse casamento, nasceu Suzana Dias, em 1552, que, por sua vez, se casou com Manuel Fernandes Ramos, que construiu a capela de Santo Antonio.

Após o falecimento de seu marido, Suzana Dias se estabeleceu no local e iniciou o povoado de Santana de Parnaíba, onde residiu com seus 17 filhos. Entre seus filhos estão personagens importantes como Domingos Fernandes, fundador de Itu; Baltazar Fernandes, fundador de Sorocaba e André Fernandes, que ajudou sua mãe Suzana a fundar a vila de Santana de Parnaíba em 1580.

Localizada à margem esquerda do rio Tietê, Santana de Parnaíba está em um ponto estratégico: exatamente onde o Tietê deixa de ser navegável. Era, portanto, um obstáculo às expedições que rumavam ao interior, seguindo o curso do Tietê. Além disso, sua localização favorecia o controle de acesso aos principais caminhos em direção ao “sertão” no período colonial.

Saindo da vila de São Paulo de Piratininga, o rio Tietê era navegável até a atual localidade onde se situa Santana de Parnaíba, onde havia uma grande cachoeira d´água conhecida como a “Cachoeira do Inferno”, onde se encontra atualmente a Barragem Edgard de Souza, que foi a primeira hidrelétrica da Light no Brasil e a primeira a abastecer a cidade de São Paulo. A partir desse ponto, o Tietê só volta a ser navegável 50km abaixo, na altura das atuais cidades de Itu e Salto. O trecho do Tietê entre SP e Itu até hoje é composto de muitas pedras e corredeiras, impossibilitando a navegação. A partir de Porto Feliz, a capital das Monções, o Tietê volta a ser navegável.

Praça e Estátua a Frei Augustinho de Jesus


Localizada a apenas 35km da cidade de São Paulo, Santana de Parnaíba atualmente possui 136.000 habitantes. No entanto, já foi uma vila de enorme importância, rivalizando com a Vila de São Paulo de Piratininga em termos de importância e tamanho, pois tudo que havia na Vila de São Paulo também havia na Vila de Santana de Parnaíba.

Em 1625, Santana de Parnaíba desmembrou-se de São Paulo e se tornou a terceira vila fundada no planalto. A recente vila era dotada de extensa área territorial, incluindo o território das atuais cidades de Pirapora de Bom Jesus, São Roque, Cabreúva, Araçariguama, Cajamar, Itu, Jundiaí, Sorocaba e todas as terras até as barreiras do Rio Paraná.

Um dos vários pontos de discórdia entre São Paulo e Santana de Parnaíba era a Aldeia de Barueri, que era disputada por ambas. Apenas concordavam em um único ponto: se opunham fortemente aos jesuítas, que eram inimigos de ambas, e que seriam expulsos da capitania de São Vicente em 1640, com o fim do domínio espanhol. Santana de Parnaíba sempre foi um grande foco de oposição à Companhia de Jesus, inclusive fornecendo contingentes para a destruição das missões no Rio Grande do Sul.

Era também o ponto de partida para as expedições dos bandeirantes, além de ser um posto avançado de vigilância, para impedir o acesso à aventureiros espanhóis e índios hostis à vila de São Paulo e a de São Vicente, que era a sede da Capitania.

Os bandeirantes partiam do morro do Voturuna, núcleo minerador da Capitania de São Vicente. A Serra do Voturuna, já em 1606 foi mencionada nas Atas da Câmara de São Paulo como um dos locais em que primeiro se encontrou ouro no Brasil.

Santana de Parnaíba foi berço dos maiores bandeirantes do Brasil. Ali nasceram ou passaram rumo ao sertão desconhecido grandes nomes como: Fernão Dias Pais Leme (nascido em São Paulo mas residente em Santana de Parnaíba), Raposo Tavares, Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera), Borba Gato e Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo dos Palmares, reduto de Zumbi.

Os bandeiristas parnaibanos percorreram praticamente todo o atual território brasileiro, e foram além mesmo de suas fronteiras, atingindo os atuais territórios da Bolívia e do Paraguai. O destemor dos bandeirantes saídos de Santana de Parnaíba e o conhecimento dos índigenas sobre os principais rios e caminhos contribuíram enormemente para o mapeamento de todo o atual território brasileiro, permitindo aumentá-lo ao triplo do que propunha anteriormente o impreciso Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha.

O brasão de Santana de Parnaíba, de autoria do historiador Affonso de Taunay, traz a divisa em latim “Patriam Feci Magnam”, ou seja, “Minha Pátria Fiz Grande”, homenageando as conquistas dos bandeirantes parnaibanos, que forneceram à Alexandre de Gusmão o conhecimento do território brasileiro, o que lhe permitiu expandir nossas fronteiras, que foram fixadas definitivamente pelo Tratado de Madri, entre Portugal e Espanha.

Casa Bandeirista


Santana de Parnaíba também é importante por ter sido o ponto final da primeira Entrada promovida pelos portugueses no interior do Brasil.

O principal produto cultivado nas grandes propriedades parnaibanas era o trigo. Em nenhum outro lugar tal produção foi tão grande e importante quanto em Santana de Parnaíba. Era lá onde se localizavam as maiores fazendas e de onde partiam fileiras de escravos carregadores transportando sacos de farinha até Santos, porto de embarque para o RJ e Salvador. As maiores propriedades parnaibanas tinham mais de 400 escravos e se estendiam por toda região, ao longo do Rio Tietê.

Por volta de 1640, grande parte do pão e da farinha de trigo que eram consumidos no Brasil e em Portugal eram produzidos nos moinhos existentes em Santana de Parnaíba. É possível vermos os vestígios de um deles até hoje, esquecido dentro do Sítio do Morro. O pão e farinha parnaibanos abasteciam a capitania e eram transportados por tropeiros para todos os pontos da colônia, que na época, vivia basicamente da monocultura açucareira. O trigo de Santana de Parnaíba era comprado pela Fazenda Real e empregado no esforço de guerra contra os holandeses estabelecidos no Nordeste do Brasil e em Angola.

Casarão Antigo


O declínio político e econômico de Santana de Parnaíba teve início com a mineração. Apesar do grande número de parnaibanos envolvidos na corrida do ouro, a vila perdeu a condição de entreposto distribuidor de índios, pois o trabalho nas minas passou a ser feito principalmente pelos escravos africanos. Além disso, com a fundação de Campinas, abriu-se uma nova rota de penetração no interior, que anulou Santana de Parnaíba e Itu como pontos de passagem.

No entanto, Santana de Parnaíba voltou a crescer muito com a criação de Alphaville, na região de Barueri. Nas últimas décadas houve uma nova revolução parnaibana, pois o número de empresas no município cresceu de 400 para 5000. O setor de serviços cresceu 948%. Por causa da nova chegada de capitais, a receita obtida através de impostos aumentou enormemente, assim como a arrecadação do ISS. Um dos fatores que mais contribuiu para tamanha expansão financeira e comercial foi o fato da cidade cobrar um dos mais baixos impostos do país. Além disso, Santana de Parnaíba tem uma das menores taxas de mortalidade infantil do Brasil.

Casarão Antigo


Em termos de atrações turísticas, a cidade tem muito a oferecer aos que a visitam, pois suas construções são muito bem preservadas e pintadas com muito orgulho pela população local, que mantem vivas as tradições e história deste local tão importante para a história brasileira.

A principal atração da cidade é a Igreja Matriz de Santa Ana, construída por Suzana Dias, a fundadora da Vila de Santana de Parnaíba, sobre a antiga Igreja de Santo Antônio, que era situada no mesmo local, mas que não comportou o crescimento populacional e expansão da importante vila.

Igreja de Santa Ana


Bem em frente à Igreja de Santa Ana, podemos encontrar um busto em bronze, feito em homenagem à Suzana Dias.

Um pouco mais abaixo, encontramos a Casa/Museu de Anhanguera. O grande bandeirante não residiu nela, mas ela é o único exemplar remanescente de uma casa bandeirista urbana. Foi transformada em um museu em homenagem ao grande bandeirante, nascido em Santana de Parnaíba. Suas exposições mostram interessantíssimos objetos utilizados na vida cotidiana dos bandeirantes e também de uso residencial nos primórdios da vila.

Museu Anhanguera


Próximo à Casa de Anhanguera encontramos a Antiga Delegacia de Polícia, que já foi também a Câmara Municipal. O sino em sua porta era usado para dar o toque de recolher às pessoas que estavam na rua para que o silêncio da vila fosse mantido à noite.

Antiga Delegacia de Polícia

O ponto central da cidade é a Praça 14 de novembro, data festiva local. Nela, podemos encontrar inúmeros e charmosos restaurantes e bares, que oferecem vários tipos de culinária aos turistas, todas preparadas com um especial tempero local. Na praça, há o Coreto Maestro Bilo, que possui grades de ferro representando claves de sol.

Praça XIV de Novembro



Coreto Maestro Bilo


Há também a Casa do Patrimônio, do século XVIII, remanescente do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, não mais existente, além do simpático Cine Teatro Coronel Raymundo, que foi o primeiro cinema da cidade e que é atualmente usado também como centro cultural e de eventos.

Casa do Patrimônio


Cine Teatro Coronel Raimundo


Para aqueles que quiserem provar as delícias locais, eu recomendo o charmoso Jardim da Anna, um café dentro de uma residência, com lindos jardins e plantas, nos quais são servidos doces, bolos, salgados e cafés variados. Também são ótimas pedidas conferir a deliciosa pizza do Bartô Pizza e os pratos saborosos do Restaurante do Bartolomeu e a cozinha tradicional do Restaurante São Paulo Antigo.

Jardim da Anna



Por fim, não deixe de visitar o imponente e emocionante Monumento aos Bandeirantes, logo na entrada da cidade, que nos mostra cenas dos grandes personagens que, com sua garra, coragem e força de vontade, forjaram um novo e gigantesco país em meio às terras da Coroa Portuguesa: o nosso grande Brasil.

Monumento aos Bandeirantes - Vista Geral



Monumento aos Bandeirantes - Detalhe

 

Bibliografia:

A Vila que descobriu o Brasil – A incrível história de Santana de Parnaíba, de Ricardo Viveiros.

História de Santana de Parnaíba, de Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo.

Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em outubro de 2016 e março de 2019.

DESVENDANDO "1984" DO VAN HALEN

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sábado, 6 de fevereiro de 2021

DESVENDANDO "A TRICK OF THE TAIL" DO GENESIS

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

DESVENDANDO "CLUTCHING AT STRAWS" DO MARILLION

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

SALESÓPOLIS - NASCENTE DO RIO TIETÊ

 

SALESÓPOLIS – NASCENTE DO RIO TIETÊ

 

Lago da Barragem

Uma cidade na qual se pode beber a água limpa e pura do Rio Tietê e que apresenta a média de apenas um homicídio por ano. Sim, esse lugar existe e se situa a apenas 96km da cidade de São Paulo e se chama Salesópolis.

Originalmente, o nome da cidade era São José do Paraitinga e foi fundada por bandeirantes em suas viagens pelo interior do estado de São Paulo. A antiga vila se desenvolveu no cruzamento de rotas comerciais que ligavam São Paulo e Jacareí ao litoral. A atual denominação, que significa “Cidade de Salles”, se deu em homenagem ao então Presidente Campos Salles durante sua visita à cidade em 1900.

Salesópolis é um dos 29 municípios no Estado de São Paulo que é autorizado a ser denominado “Estância Turística”, devido à sua importância por ser o local da nascente do Rio Tietê, o mais importante do estado, além de ser um dos mais importantes para a história do Brasil.

Durante muitos anos, o município de Salesópolis se destacou por sua produção de celulose, devido à enorme quantidade de eucaliptos em toda a área do município. Atualmente, tal atividade não tem mais a importância que possuía antigamente, sendo as atividades turísticas e o cultivo de hortaliças e da batatinha inglesa suas atividades econômicas principais.

Dentro do município podemos encontrar três atrações principais, que lhes apresentaremos a seguir:

Primeiramente, o Parque Nascente do Rio Tietê, situado a 22km do Oceano Atlântico e a 116km da cidade de São Paulo. Este parque, localizado no bairro da Pedra Rajada, foi criado com o intuito de se preservar a nascente do rio mais importante do estado de São Paulo e permitir que as gerações futuras também possam visitá-lo, valorizando a importância que tal rio tem para todo o meio ambiente da região e do estado de São Paulo. O acesso ao parque se dá através de uma estrada de terra, de 6km de extensão, partindo da rodovia principal até a entrada do parque, o qual possui um pequeno estacionamento ao lado da estrada.

Parque da Nascente do Rio Tietê


É necessário comprar um ingresso, que custava R$4,00 quando eu o visitei recentemente. Não há visitas guiadas e os próprios visitantes passeiam livremente pelo parque até chegarem à nascente do Rio Tietê por conta própria. Há um pequeno museu da água dentro do parque, no qual são expostas amostras de água de vários pontos pelos quais passam as águas do Rio Tietê, até desaguarem no Rio Paraná, na divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul.

Placa Informativa


No ponto exato da nascente do rio, podemos ver os cinco filetes d’água que formam o grande Tietê. É muito emocionante imaginar como apenas alguns filetes d’água depois se tornam um rio tão largo, extenso e importante ao longo de seu curso. Há uma placa colocada no local pela Sociedade Geográfica Brasileira em 1954, celebrando a importância de tal nascente.

Placa da Sociedade Geográfica Brasileira


Nascente do Rio Tietê


A segunda grande atração do município de Salesópolis é o Museu de Energia da Usina/Parque de Salesópolis, que foi construído entre 1911 e 1913, no intuito de gerar eletricidade para a iluminação pública em várias cidades da região, entre elas, a própria cidade de Salesópolis, Santa Branca, Caçapava, Jambeiro e Mogi das Cruzes.

Casa de Máquinas


O Museu da Energia se situa a 16km do centro de Salesópolis, sendo que os 6km finais devem ser percorridos em uma estrada de terra, até a entrada do estacionamento, que é aberto aos visitantes. É preciso comprar um ingresso para visitarmos o museu, no valor de R$1,00. Há uma pequena lojinha, que vende de souvenirs ecológicos e livros sobre a natureza, além de sanitários para os visitantes.

Centro de Exposições


A visita deve ser feita com um guia, que orienta pequenos grupos pelo Museu e os mostra todas as atrações existentes por ali.

A usina de Salesópolis esteve fechada durante os últimos anos, mas foi totalmente restaurada e deve retomar suas atividades de geração de energia em agosto de 2019. Todo o maquinário original, importado da Alemanha, da empresa AEG de Berlim, ainda é preservado e pode ser visitado pelos turistas ao conhecerem a linda casa de máquinas, a primeira parada no passeio. Em seguida, pode-se visitar o atual centro de exposições, situado em uma antiga casa da época da construção da Usina. Dentro dele podemos ver exposições sobre o meio ambiente e a importância de sua preservação. Na próxima parada, conhecemos a antiga residência do engenheiro responsável pela obra, que atualmente abriga um pequeno centro de experiências de física, na qual os turistas e grupos escolares podem verificar e aprender “in loco” os conceitos básicos da física e da eletricidade. A parte final do passeio é a mais bonita, pois subimos uma longa e íngreme escadaria até o topo da Cachoeira dos Freires, onde se encontra a maior queda d’água de todo o Rio Tietê, com 75 metros de altura.

Antiga Residência do Engenheiro


A vista que temos da queda d’água, do lago formado pela represa e de toda região é simplesmente maravilhosa! Vale muito à pena o esforço físico para se subir até o alto para chegarmos literalmente ao ápice desta visita. Lá do alto também podemos ver as tubulações que conduzem a água captada no alto da represa até a casa de máquinas, onde a força das águas gera energia.

Queda da Barragem




Por fim, a terceira atração de Salesópolis é a sua linda Igreja Matriz que, além de ser muito bem preservada e bela externamente, possui um interior incrivelmente pintado e decorado. Eu fiquei realmente surpreso ao entrar na igreja, pois não esperava que ela fosse tão bela por dentro! Fiquei especialmente encantado com suas colunas, todas delicadamente pintadas com coloridos padrões ornamentais.

Igreja Matriz


Interior da Igreja Matriz


Portanto, se você quiser conhecer um lugar histórico, muito belo e próximo à cidade de São Paulo, não hesite em ir visitar a simpática cidade de Salesópolis, que lhe deixará boas lembranças de um passeio diferente e inesquecível.

 

Boa viagem!

 

Com agradecimentos especiais à Simone Villegas, Coordenadora do Museu da Energia de Salesópolis e ao guia Mateus, que me orientou durante minha visita ao local.

Bibliografia:

História & Energia – Editado pela Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo.

Todas as fotos da matéria foram tiradas por Marco André Briones em julho de 2019.